CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
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A
visão de cima
Penso que
compreendi outro
dia a razão pela
qual aprecio
volta e meia
entrar no Google
Street, aquela
ferramenta que
te permite ficar
passeando bem
dentro de ruas e
lugares já
mapeados por
satélite, em
qualquer lugar
do mundo. Faço
para visitar
locais outrora
muito
frequentados, e
nos quais passei
minha infância,
adolescência, e
parte da
juventude. O
saudosismo, a
nostalgia
gostosa que nos
compele a
reviver momentos
doces a partir
da visão desses
lugares, que há
apenas alguns
anos atrás só
revisitaríamos
se nos
dispuséssemos a
ir até lá, e
andar mesmo, e
ao vivo, nas
ruas, nos
bairros que nos
são familiares.
No entanto, este
dispositivo
possui a
característica
do congelamento:
ao acessar os
locais, notamos
que o mapeamento
capturou um
momento
específico de
vida dali. Como
num filme
assistido na TV,
no qual de
repente
apertamos o
botão de pausa,
congelando
movimentos e
pessoas,
visitamos tudo
paralisado,
silencioso e sem
vida... Mesmo
assim, a
iniciativa evoca
sensações e
emoções vívidas
no espírito. E
estas reflexões,
por sua vez,
levaram-me à
recordação de
uma cena
assistida em
filme de ficção
de décadas
atrás, no qual o
personagem lança
mão de um tipo
de tecnologia
mais avançada
com resultados
semelhantes mais
aperfeiçoados
–
e, diga-se,
prováveis de se
verem já em uso
atualmente, dado
o controle e
mapeamento
absoluto e cada
vez mais exato
de cada detalhe
do planeta por
satélite!
Na cena,
portanto, o
homem tecla em
seu computador
que, em
segundos, produz
uma varredura em
busca de
determinada
pessoa e
endereço
específicos. E
as imagens, como
por mágica,
surgem diante de
seus olhos
–
da mulher em
questão, num dia
ensolarado,
cuidando dos
jardins na
frente de sua
casa, totalmente
distraída da
possibilidade
sequer de se ver
daquele modo
monitorada de
muito longe! Só
que, neste caso,
as imagens
acontecem em
tempo real, com
pleno movimento
e interação do
espectador por
detrás da tela
com o que
acontece com o
alvo inocente do
seu saudosismo,
andando de um
lado para outro
de seu jardim!
Trata-se, pois,
em bem
comparando, da
chamada "visão
de cima", que,
em níveis ainda
mais
aperfeiçoados, é
muito utilizada
e citada pela
Espiritualidade
que nos assiste
das dimensões
invisíveis, sem
a necessidade de
satélites
–
de vez que
visualizam tudo
e se deslocam
mediante uso da
vontade, e de um
para outro lugar
de maneira
instantânea,
afora o fato de
que dispõe, em
dimensões de
padrões de vida
superiores, de
tecnologia muito
mais refinada
para uso em
situações
semelhantes, de
assistência a
reencarnados,
dentre outras
necessidades.
Nesses dias
recebi instrução
particularizada
a respeito, do
meu mentor
desencarnado.
Ele queria me
fazer
compreender os
mecanismos desta
visão de cima,
que lhe permite
atuar sempre no
sentido da
realização
positiva de
tudo,
contemplando, da
ótica mais
desimpedida de
obstáculos de
que dispõe,
todas as
variáveis de
situações que só
nos surgem de um
único ângulo,
ou, quando
muito, de
escassas
perspectivas,
porque nos
achamos
emparedados pela
materialidade,
leis
gravitacionais,
entre outros
empecilhos.
De onde atuam e
visualizam com
simultaneidade
as coisas
–
tal como aquele
personagem de
filme o
conseguiria,
resgatando
vários momentos
simultâneos que
lhe
interessassem em
mais de um local
do mundo!
–,
nossos amigos,
em situação de
abrangência
privilegiada dos
fatos, conhecem,
portanto,
múltiplas
facetas que nos
escapam, de um
sem-número de
situações mais
ou menos
importantes que
nos interessam,
ou nos absorvem
horas e
preocupações ao
longo dos dias
de nossa
permanência
neste mundo. E
possuem, a
partir disso,
recursos para
agir em nosso
auxílio, em
obediência a uma
compreensão mais
acertada dos
fatos que são de
nosso próprio
interesse!
Então, enquanto
muitas vezes nos
demoramos
imersos em
determinado
julgamento
negativo de
qualquer
acontecimento,
no sentido do
desânimo
improdutivo, ou
da alegria
precipitada,
eles, do alto
das referências
mais exatas de
que dispõem, e
que não temos
como acessar
daqui, nos
inspiram ideias
retificadas, de
modo a que
reajustemos
nosso estado de
espírito e
nossos passos.
Se nos vemos
deprimidos,
dando qualquer
coisa por
irremediavelmente
sem solução,
eles se chegam a
nós, cheios de
ternura; e
praticamente nos
arrastam, com
seu apoio
amoroso, a
arranjar forças
para seguir para
aqui ou ali
–
abstrair durante
um tempo, agir
positivamente,
noutro tanto;
persistir nos
objetivos, a
despeito das
aparências
enganosas dos
episódios,
porque, dispondo
dos recursos à
moda dos
computadores de
varredura global
dos filmes de
ficção, sabem,
com
simultaneidade,
da atuação dos
participantes
envolvidos; das
circunstâncias
favoráveis que
estão se
desenhando e
ainda estão por
vir; da
disposição e das
iniciativas de
auxílio de
pessoas-chave, e
de tantos outros
fatores, dos
quais não
desconfiamos das
influências a
nosso favor, no
sentido de
validar as
nossas
realizações, se
insistirmos
apenas mais um
pouco. Tentam
nos ajudar a
vencer as
limitações de
percepção
unilateral da
qual dispomos,
da sequência
apenas linear
dos pequenos
lances de nosso
dia a dia.
Lembro-me de um
episódio pessoal
do qual nunca me
esqueci, havido
muitos anos
atrás, de molde
a confirmar esta
verdade, e de
cujo significado
só fui alcançar
entendimento
muito, muito
tempo depois. De
quando,
entusiasmada com
meu primeiro
emprego, e ao
ter confirmado
meu acesso a
ele, jovem
demais,
impulsiva como
muitos
adolescentes,
sapateei e
dancei de
alegria pela
casa inteira,
fazendo alvoroço
barulhento como
se tivesse
ganhado na
loteria.
Só que, de
repente, do
nada, sem
explicação, bem
no meio daquele
frenesi de
exaltação,
esmoreci.
Baqueei, inerte,
no sofá da sala,
e mergulhei em
estado de
espírito
asserenado e
profundamente
meditativo
–
como se em
inesperado
alerta; um
efeito
semelhante ao
que produziria o
acúmulo súbito
de nuvens
carregadas de
chuva
escurecendo um
dia ensolarado.
Só bem mais
tarde
–
anos depois,
pois em verdade
permaneci
bastante tempo
trabalhando
naquele lugar
–
veio-me,
espontaneamente,
a compreensão de
que aquilo fora
justo o aviso da
"visão de cima"
do meu próprio
Espírito, talvez
alertado também
por amigos da
invisibilidade
para que me
mantivesse de
sobreaviso para
com as provas a
serem
enfrentadas em
breve, quando de
fato se
principiaria a
jornada mais
séria do
Espírito
reencarnado
neste mundo de
aprendizado, nos
inevitáveis
entrechoques
humanos.
Porque aquilo
que naquele dia,
ainda despojado
de preocupações
maiores e de
desencantos na
vida da garota
imatura,
representou
estopim de tão
desarrazoada
alegria, em
verdade
inauguraria um
período de
difícil
aprendizado,
durante a
sucessão muitas
vezes ríspida de
experiências
adquiridas
duramente
naquele estágio
de trabalho
profissional,
que funcionaria
à conta do
cadinho,
necessário tanto
à depuração do
meu
amadurecimento,
quanto para a
decantação das
qualidades
pessoais
maiores, que me
reverteriam como
resultado
benéfico
posterior, a
despeito do
grande
repertório de
dificuldades e
sofrimentos
enfrentados
naqueles anos.
– Nós
só agimos no
sentido da
positividade,
das
possibilidades
da realização
das coisas boas,
minha querida;
não da
negatividade e
da prevalência
de empecilhos e
obstáculos,
porque sabemos
que esses pesam
mais apenas aí,
nesta dimensão
cheia de
restrições onde
você permanece
por enquanto, já
que se impõem
sem piedade e
exigem que
extraiamos de
nós mesmos o
melhor que
possamos
oferecer. E é
por isso que a
inspiramos
sempre a
prosseguir, sem
dar atenção
demais a esses
empecilhos;
porque os
sabemos
momentâneos e
provisórios
–
enquanto, a
nosso favor, do
manancial de
modificações e
inúmeras
alternativas
insuspeitadas
pela sua
percepção
restrita, também
sabemos da
existência, e do
modo e do
momento exatos
em que podemos a
eles recorrer,
para as nossas
melhores
realizações.
Confie,
portanto, e
sempre, na
utilização
oportuna da
nossa, e da
sua, visão
de cima...
–
Caio Fábio
Quinto, Mentor
desencarnado da
autora.