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Clássicos do Espiritismo
Ano 8 - N° 384 - 12 de Outubro de 2014
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

Fatos Espíritas

William Crookes

(Parte 9)

Continuamos o estudo metódico e sequencial do clássico Fatos Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no original inglês é Researches in the phenomena of the spiritualism.

Questões preliminares   

A. Que impressão teve Crookes a respeito de Katie King quando pôde tomá-la em seus braços?

A impressão sentida por Crookes era de estar abraçando uma mulher viva, e não um visitante do outro mundo. Essa impressão foi tão forte que a tentação de repetir a experiência tornou-se-lhe quase irresistível. (Fatos Espíritas – Formas de Espíritos.)

B. William Crookes chegou a ver, ao mesmo tempo, Katie King e a médium Srta. Cook?

Sim. Numa das ocasiões, com uma lâmpada à mão, ele penetrou o aposento e viu Katie, que se achava em pé, muito perto da Srta. Cook e por trás dela. Katie estava vestida com uma roupa branca, flutuante, como fora vista antes durante a sessão. (Obra citada – Formas de Espíritos.)

C. É verdade que Crookes conseguiu fotografar Katie King materializada?

Sim. A sessão de fotografia foi repetida em noites seguidas e, por fim, Crookes obteve 44 negativos, uns medíocres, alguns nem bons nem maus e outros excelentes, obtendo desse modo uma prova tangível dos fenômenos por ele observados. (Obra citada – Última aparição de Katie King, sua fotografia com o auxílio da luz elétrica.)
 

Texto para leitura
 

161. Crookes acompanhou Katie King de perto à sua biblioteca e, à claridade da lâmpada, viu a Srta. Cook estendida no canapé, exatamente como ele a tinha deixado. Olhou em torno para ver Katie, mas ela tinha desaparecido. Chamou-a, mas não recebeu resposta. Voltou então ao seu lugar; Katie tornou a aparecer logo e lhe disse que durante todo o tempo tinha estado em pé, perto da Srta. Cook.

162. Ela perguntou-lhe, então, se ela própria não poderia tentar uma experiência e, tomando das mãos de Crookes a lâmpada fosforescente, passou para trás da cortina, pedindo-lhe que não olhasse para o gabinete. No fim de alguns minutos, restituiu-lhe a lâmpada, dizendo que não tinha podido sair-se bem, que havia esgotado todo o fluido da médium, mas que tornaria a experimentar em outra ocasião.

163. Relata Crookes: “Meu filho mais velho, rapaz de 14 anos, que estava sentado à minha frente, em posição que podia ver o que se passava por trás da cortina, disse-me que tinha visto distintamente a lâmpada fosforescente, que parecia planar no espaço acima da Srta. Cook, iluminando-a durante o tempo em que ela estivera estendida e imóvel no canapé, mas que não tinha podido ver ninguém segurar a lâmpada”.

164. O autor refere-se agora à sessão que se realizou em Hackney, na noite anterior. Katie nunca aparecera com tão grande perfeição. Durante perto de duas horas passeou na sala, conversando familiarmente com os que estavam presentes. Várias vezes tomou-lhe o braço, andando, e a impressão sentida por Crookes era a de uma mulher viva que se achava a seu lado, e não de um visitante do outro mundo.

165. Essa impressão foi tão forte que a tentação de repetir uma nova e curiosa experiência tornou-se-lhe quase irresistível: “Pensando, pois, que eu não tinha um espírito perto de mim, mas sim uma senhora, pedi-lhe permissão de tomá-la nos meus braços, a fim de poder verificar as interessantes observações que um experimentador ousado fizera recentemente, de maneira tão sumária. Essa permissão foi-me graciosamente dada e, por consequência, utilizei-me dela, convenientemente, como qualquer homem bem educado o teria feito nessas circunstâncias”.

166. Segundo Crookes, o Sr. Volckman ficaria satisfeito ao saber que ele podia corroborar sua asserção de que o “fantasma” (que, afinal, não fez nenhuma resistência) era um ser tão material quanto a própria Srta. Cook, a médium.

167. O que vai seguir mostrará, no entanto, quão pouco fundamento tem um experimentador, por maior cuidado que tenha nas suas observações, em aventurar-se a formular uma importante conclusão quando as provas não existem em quantidade suficiente.

168. Katie King disse então que dessa vez se julgava capaz de mostrar-se ao mesmo tempo em que a Srta. Cook. Abaixou-se o gás e, em seguida, com a lâmpada fosforescente Crookes penetrou o aposento que servia de gabinete. Ele entrou no aposento com precaução. Estava escuro e foi pelo tato que procurou a Srta. Cook, encontrando-a de cócoras, no soalho.

169. Ajoelhando-se, deixou o ar entrar na lâmpada e, à sua claridade, viu-a vestida de veludo preto, como se achava no começo da sessão, e com toda a aparência de estar completamente insensível. A Srta. Cook não se moveu quando lhe tomou a mão. Mesmo com a lâmpada muito perto do seu rosto, continuou a respirar tranquilamente.

170. Elevando a lâmpada, Crookes olhou em torno de si e viu Katie, que se achava em pé, muito perto da Srta. Cook e por trás dela. Katie estava vestida com uma roupa branca, flutuante, como fora vista durante a sessão.

171. Diz Crookes: “Segurando uma das mãos da Srta. Cook na minha e ajoelhando-me ainda, elevei e abaixei a lâmpada, tanto para alumiar a figura inteira de Katie, como para plenamente convencer-me de que eu via, sem a menor dúvida, a verdadeira Katie, que tinha apertado nos meus braços alguns minutos antes, e não o fantasma de um cérebro doentio. Ela não falou, mas moveu a cabeça, em sinal de reconhecimento. Três vezes examinei cuidadosamente a Srta. Cook, de cócoras, diante de mim, para ter a certeza de que a mão que eu segurava era de fato a de uma mulher viva, e três vezes voltei à lâmpada para Katie, a fim de a examinar com segurança e atenção, até não ter a menor dúvida de que ela estava diante de mim. Por fim, a Srta. Cook fez um ligeiro movimento e imediatamente Katie deu um sinal para que me fosse embora”.

172. Ele retirou-se para outra parte do gabinete e deixou então de ver Katie, mas só abandonou o aposento depois que a Srta. Cook acordou e dois dos assistentes entrassem com luz.

173. Eis algumas diferenças que Crookes observou entre a Srta. Cook e Katie: a estatura de Katie era variável: em sua casa a viu maior 6 polegadas do que a Srta. Cook. Na noite anterior, tendo os pés descalços e não se apoiando na ponta dos pés, ela era maior 4 polegadas e meia do que a Srta. Cook e tinha o pescoço descoberto; a pele era perfeitamente macia ao tato e à vista, enquanto a Srta. Cook tem no pescoço uma cicatriz que, em circunstâncias semelhantes, se vê distintamente, sendo áspera ao tato. As orelhas de Katie não são furadas, enquanto as da Srta. Cook trazem ordinariamente brincos. A cor de Katie é muito branca, enquanto a da Srta. Cook é muito morena. Os dedos de Katie são muito mais longos que os da Srta. Cook e seu rosto é também maior. Nas formas e maneiras de se exprimir há também diferenças assinaladas.

174. A saúde da Srta. Cook não é assaz boa para lhe permitir dar, antes de algumas semanas, outras sessões experimentais como as descritas. Em consequência disso Crookes insistiu fortemente para que ela tivesse um repouso completo antes de recomeçar a campanha de experiências de que lhe deu uma exposição sumária.

175. Última aparição de Katie King, sua fotografia com o auxílio da luz elétrica – Tendo Crookes tomado parte muito ativa nas últimas sessões da Srta. Cook e obtido muito bom êxito na produção de numerosas fotografias de Katie King, com o auxílio da luz elétrica, julgou ele que a publicação de alguns detalhes seria interessante para os espiritualistas.

176. Durante a semana que precedeu a partida de Katie, ela deu sessões em sua casa, quase todas as noites, a fim de lhe permitir fotografá-la à luz artificial. Cinco aparelhos completos de fotografia foram, pois, preparados para esses efeitos. Eles consistiam em cinco câmaras escuras, uma do tamanho de placa inteira, uma de meia placa, uma de quarta, e de duas câmaras estereoscópicas binoculares, que deviam todas ser dirigidas sobre Katie ao mesmo tempo, cada vez que ela ficasse em posição de se lhe obter o retrato. Cinco banhos sensibilizadores e fixadores foram empregados e grande número de placas foram preparadas previamente, prontas a servir, a fim de que não houvesse nem hesitação nem demora durante as operações fotográficas.

177. A biblioteca da casa serviu de câmara escura: ela possuía uma porta de dois batentes que se abria para o laboratório; um desses batentes foi levantado dos seus gonzos e uma cortina colocada em seu lugar, para permitir a Katie entrar e sair facilmente. Os amigos que se achavam presentes estavam sentados no laboratório, em frente à cortina, e as câmaras escuras ficaram colocadas um pouco atrás deles, prontas a fotografar Katie quando ela saísse, e a tomar igualmente o interior do gabinete todas as vezes que a cortina fosse levantada para esse fim.

178. Cada noite havia 3 ou 4 exposições de placas nas 5 câmaras escuras, o que dava pelo menos 15 provas por sessão. Algumas se estragaram no desenvolvimento, outras ao regular a luz; apesar de tudo, Crookes obteve 44 negativos, uns medíocres, alguns nem bons nem maus e outros excelentes.

179. Katie recomendou a todos os assistentes que ficassem sentados e observassem essa exigência; somente Crookes não foi incluído na medida e depois de algum tempo ela permitiu-lhe fazer o que ele desejasse, tocá-la, entrar no gabinete e dele sair, quase todas as vezes que ele quisesse.

180. Desse modo, Crookes acompanhou-a muitas vezes ao gabinete e algumas vezes viu Katie e a médium, ao mesmo tempo, mas a Srta. Cook geralmente era encontrada em letargia e deitada no soalho.
(Continua no próximo número.)



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita