Mecanismos da
Mediunidade
André Luiz
(Parte
41)
Damos prosseguimento ao
estudo sequencial do
livro Mecanismos da
Mediunidade, obra de
autoria de André Luiz,
psicografada pelos
médiuns Waldo Vieira e
Francisco Cândido Xavier
e publicada em 1960 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que fato se segue ao
fenômeno da hipnose
profunda?
Escapa-se abundantemente
do tórax do “sujet”,
caído em transe, um
vapor branquicento que,
em se condensando qual
nuvem inesperada, se
converte – habitualmente
à esquerda do corpo
carnal – numa duplicata
dele próprio, quase
sempre em proporções
ligeiramente dilatadas.
Conforme o potencial da
vontade que o dirige, o
sensitivo, desligado da
veste física, passa a
movimentar-se e,
ausentando-se muita vez
do recinto da
experiência, atendendo a
determinações recebidas,
pode efetuar
apontamentos a longa
distância ou transmitir
notícias, com vistas a
certos fins.
(Mecanismos da
Mediunidade, cap.
XXI, pp. 137 e 138.)
B. Se pudéssemos
observar o “sujet”
desprendido do corpo
físico, que é que
veríamos?
Vê-lo-íamos ligado
constantemente ao corpo
somático por um fio
tenuíssimo, fio este
muito superficialmente
comparável, de certo
modo, à onda do radar,
que pode vencer
imensuráveis distâncias,
voltando, inalterável,
ao centro emissor. Nessa
fase, o paciente executa
as ordens que recebeu,
desde que não constituam
desrespeito evidente à
sua dignidade moral,
trazendo informes
valiosos para as
realidades do Espírito.
Enquanto o corpo físico
detém-se, imóvel, a
individualidade real,
embora teleguiada,
evidencia plena
integridade de
pensamento,
transmitindo, de longe,
avisos e anotações
através dos órgãos
vocais, em
circunstâncias
comparáveis aos
implementos do
alto-falante, num
aparelho radiofônico.
(Obra citada, cap.
XXI, pp. 137 e 138.)
C. Que ocorre durante o
sono de uma pessoa de
evolução inferior?
Como se dá com o animal
de evolução superior, no
homem de evolução
positivamente inferior o
desdobramento da
individualidade, por
intermédio do sono, é
quase que absoluto
estágio de mero
refazimento físico.
Nesse caso, o sonho será
invariável ação reflexa
de seu próprio mundo
consciencial ou afetivo.
(Obra citada, cap.
XXI, pp. 139 a 141.)
Texto para leitura
127. Desdobramento
no sono artificial
– No fenômeno da hipnose
profunda entre o
magnetizador e o
sensitivo, quem possa
observar além do campo
físico reparará, à
medida que se afirme a
ordem do hipnotizador,
que se escapa
abundantemente do tórax
do “sujet”, caído
em transe, um vapor
branquicento que, em se
condensando qual nuvem
inesperada, se converte
– habitualmente à
esquerda do corpo carnal
– numa duplicata dele
próprio, quase sempre em
proporções ligeiramente
dilatadas. Conforme o
potencial da vontade que
o dirige, o sensitivo,
desligado da veste
física, passa a
movimentar-se e,
ausentando-se muita vez
do recinto da
experiência, atendendo a
determinações recebidas,
pode efetuar
apontamentos a longa
distância ou transmitir
notícias, com vistas a
certos fins. Seguindo-o,
vê-lo-emos, porém,
ligado constantemente ao
corpo somático por fio
tenuíssimo, fio este
muito superficialmente
comparável, de certo
modo, à onda do radar,
que pode vencer
imensuráveis distâncias,
voltando, inalterável,
ao centro emissor, não
obstante sabermos que
semelhante confronto
resulta de todo
impróprio para o
fenômeno que estudamos
no campo da
inteligência. Nessa
fase, o paciente executa
as ordens que recebeu,
desde que não constituam
desrespeito evidente à
sua dignidade moral,
trazendo informes
valiosos para as
realidades do Espírito.
Enquanto o corpo físico
detém-se, imóvel, a
individualidade real,
embora teleguiada,
evidencia plena
integridade de
pensamento,
transmitindo, de longe,
avisos e anotações
através dos órgãos
vocais, em
circunstâncias
comparáveis aos
implementos do
alto-falante, num
aparelho radiofônico. À
semelhança do fluxo
energético da circulação
sanguínea, a onda mental
é inestancável no
Espírito. Esmaecem-se as
impressões nervosas e
dorme o cérebro de
carne, mas o coração
prossegue ativo, no
envoltório somático, e o
pensamento vibra,
constante, no cérebro
perispirítico. (Cap.
XXI, pp. 137 e 138.)
128. Desdobramento
no sono natural
– Na maioria das
situações, a criatura
ainda aparentada com a
animalidade primitivista
tem a mente como que
voltada para si mesma,
em qualquer expressão de
descanso, tomando o sono
para claustro remansoso
das impressões que lhe
são agradáveis, qual
criança que, à solta,
procura simplesmente o
objeto de seus
caprichos. Nesse ensejo,
ela configura na onda
mental que lhe é
característica as
imagens com que se
acalenta, sacando da
memória a visualização
dos próprios desejos,
imitando alguém que
improvisasse miragens,
na antecipação de
acontecimentos a cuja
concretização aspira.
Atreita ao narcisismo,
tão logo demande o sono,
quase sempre se detém
justaposta ao veículo
físico, como acontece ao
condutor que repousa ao
pé do carro que dirige,
entregando-se à volúpia
mental com que alimenta
os próprios impulsos
afetivos, enquanto a
máquina se refaz.
Ensimesmada, a alma,
usando os recursos da
visão profunda –
localizada nos fulcros
do diencéfalo –,
plenamente
desacolchetada do corpo
carnal, por temporário
desnervamento, não
apenas se retempera nas
telas mentais com que
preliba satisfações
distantes, mas
experimenta de igual
modo o resultado dos
próprios abusos,
suportando o desconforto
das vísceras injuriadas
por ela mesma ou a
inquietação dos órgãos
que desrespeita, quando
não padece a presença de
remorsos
constrangedores, à face
dos atos reprováveis que
pratica, porquanto
ninguém se livra, no
próprio pensamento, dos
reflexos de si mesmo.
(Cap. XXI, pp. 138 e
139.)
129. Sono e sonho
– Qual ocorre ao animal
de evolução superior, no
homem de evolução
positivamente inferior o
desdobramento da
individualidade, por
intermédio do sono, é
quase que absoluto
estágio de mero
refazimento físico. No
primeiro, em que a onda
mental é simplesmente
fraca emissão de forças
fragmentárias, o sonho é
puro reflexo das
atividades fisiológicas.
No segundo, em que a
onda mental está em fase
iniciante de expansão, o
sonho, por muito tempo,
será invariável ação
reflexa de seu próprio
mundo consciencial ou
afetivo. Evolui, no
entanto, o pensamento na
criatura que amadurece,
espiritualmente, através
da repercussão. Como no
caso do sensitivo que,
fora do envoltório
físico, vai até ao local
sugerido pelo
magnetizador, tomando-se
a ordem determinante da
hipnose artificial pelo
reflexo condicionado que
lhe comanda as ideias, a
criatura na hipnose
natural, fora do veículo
somático, possui no
próprio desejo o reflexo
condicionado que lhe
circunscreverá o âmbito
da ação além da roupagem
fisiológica,
alongando-se até ao
local em que se lhe
vincula o pensamento. O
homem do campo, no
repouso físico, supera
os fenômenos
hipnagógicos e volta à
gleba que semeou,
contemplando aí, em
Espírito, a plantação
que lhe recolhe o
carinho. O artista
regressa à obra a que se
consagra,
mentalizando-lhe o
aprimoramento. O
espírito maternal se
aconchega ao pé dos
filhinhos que a vida lhe
confia. O delinquente
retorna ao lugar onde se
encarcera a dor do seu
arrependimento.
Atravessada a faixa das
chamadas imagens
eutópticas,
exteriorizam de si
mesmos os quadros
mentais pertinentes à
atividade em que se
concentram, com os quais
angariam a atenção das
Inteligências
desencarnadas que com
eles se afinam,
recolhendo sugestões
para o trabalho em que
se empenham, embora, à
distância do corpo
físico, frequentemente
procedam ao modo de
crianças conduzidas ao
ambiente de pessoas
adultas, mantendo-se
entre as ideias
superiores que recebem e
as ideias infantis que
lhes são próprias, do
que resulta, na maioria
das vezes, o aspecto
caótico das
reminiscências que
conseguem guardar, ao
retornarem à vigília.
Nesse estágio evolutivo
permanecem milhões de
pessoas – representando
a faixa de evolução
mediana da Humanidade –,
rendendo-se, cada dia,
ao impositivo do sono ou
hipnose natural de
refazimento, em que se
desdobram,
mecanicamente, entrando,
fora do indumento
carnal, em sintonia com
as entidades que se lhes
revelam afins, tanto na
ação construtiva do bem,
quanto na ação deletéria
do mal,
entretecendo-se-lhes o
caminho da experiência
necessária à sublimação
do porvir. (Cap. XXI,
pp. 139 a 141.)
Glossário
Diencéfalo
– Parte do cérebro
situada entre o
prosencéfalo (porção
anterior do cérebro) e o
mesencéfalo (porção
mediana do cérebro).
Eutóptica
– O que é gerado por
nossa imaginação ou em
consequência de
mecanismos psicológicos.
Hipnagógico
- Diz-se das alucinações
e visões que se têm ao
cair no sono.
Hipnose
– Psiq. Estado mental
semelhante ao sono,
provocado
artificialmente, e no
qual o indivíduo
continua capaz de obedecer
às sugestões feitas pelo
hipnotizador. Fig.
Modorra, sonolência,
torpor.
Reflexo condicionado
–
Psicol. Resposta condicionada.
Ação independente da
vontade que se segue, de
imediato, a uma
excitação externa.