Orai pelos que vos
perseguem
Jesus
propôs o perdão como
remédio para todos os
nossos males
Jesus deixou-nos dois
princípios básicos de
Justiça Divina, entre
tantos outros, quando
nos aconselhou,
primeiro, a orarmos
pelos que nos perseguem
e caluniam, e segundo,
porque com a mesma
medida com que medirmos
a atitude do outro,
também seremos medidos
pelas nossas.
A dor moral que
sentimos, por conta
dessas atitudes, está de
acordo com as
necessidades próprias,
com vistas aos resgates
do passado,
preparando-nos para a
vida espiritual futura.
Assim, quando recebemos
a calúnia, a ofensa de
alguém que se encontra
dentro do nosso patamar
de compreensão e do
plano evolutivo, é, sem
dúvida, provação bem
amarga, que não pode ser
dispensada, em benefício
do nosso processo de
crescimento espiritual –
lembra Emmanuel,
respeitado benfeitor
espiritual. Mas, também,
existem as pedradas da
ignorância e da má-fé,
partidas de sentimentos
inferiores, e convém que
o cristão esteja
preparado e sereno, de
modo a não recebê-las
com sensibilidade
doentia, mas com o
propósito de trabalho e
esforço próprio, na
educação dos seus
sentimentos. Por essa
razão, as advertências
às quais Jesus nos
convida a prestarmos
atenção, não se baseiam,
tão somente, na lei
universal da bondade
para com os semelhantes.
Vai além,
fundamentando-se na lei
das correspondências,
das sintonias.
Não dá para ignorar que
os sentimentos
perniciosos,
manifestados através de
pensamentos
destruidores, encontram
na lei das trocas, das
correspondências, da
sintonia aqueles que
sentem e pensam da mesma
forma que nós.
Portanto, detestar
aqueles que nos
detestam, retribuir o
mal com o mal, é o mesmo
que abrir portas em nós
mesmos para a violência,
para o desamor, para a
aversão daqueles que nos
convidam para sermos
iguais a eles, para
caminharmos com eles nas
trilhas do
desequilíbrio, das
doenças, alimentando
mágoas, raivas, desejo
de revide e
amarguras...
Mas nosso Mestre Excelso
convida-nos a ir além da
bondade para com o
próximo.
Vamos entender o que
isso significa: 1 - Para
o selvagem da floresta,
não há outro paraíso
além da caça, da pesca,
da pequena agricultura
para a manutenção da
tribo; 2 - Para o
estudioso da Astronomia,
nosso mundo e outras
descobertas não vão além
de departamentos no
Universo. Todavia,
também nós temos um
campo de experiência
diária, e não podemos
nos esquecer de que as
situações externas serão
retratadas no nosso
plano íntimo, segundo
aquilo que colhemos na
consciência como
material de reflexão. Ou
seja: somos
influenciados por
situações que acontecem
ao nosso redor, e
através delas vamos
colhendo aquilo que será
alvo dos nossos
pensamentos, daquilo que
nos chamou a atenção por
ter-se tornado foco de
nosso interesse. Por
exemplo: Se
permanecermos na cólera,
todas as formas ao nosso
redor parecerão iradas;
se preferimos a
tristeza, poderemos
notar que o desalento
está em cada trecho do
nosso caminho; se
duvidamos da nossa
capacidade na execução
de tarefas que nos são
dadas ou que desejamos
realizar, é certo que
ninguém confiará no
nosso esforço; e se nos
habituamos às
perturbações e aos
atritos, dificilmente
saberemos viver em paz
conosco.
Isso acontece porque, em
torno dos nossos passos,
a paisagem será aquela
que pensarmos dela.
“Respiraremos, assim, na
zona superior ou
inferior, torturada ou
tranquila, em que
colocamos nossa mente”
¹, na
observação judiciosa de
Emmanuel, que prossegue
lembrando que “contra
a labareda criminosa do
mal, façamos chover os
pensamentos calmantes do
bem”. ²
Todas essas ilações
mostram-nos que está em
nós a possibilidade de
renovação das nossas
predisposições íntimas.
E mais uma vez Jesus, o
Mestre dos mestres,
dá-nos a ferramenta para
nosso crescimento em
relação àqueles que nos
caluniam e perseguem.
Que ferramenta é essa?!
Todas as vezes que nos
dirigimos a Deus,
pedindo perdão pelos
nossos erros, estamos
realmente arrependidos?
E quando dizemos a
alguém que perdoamos a
ofensa sofrida,
esquecemos realmente o
ato danoso?
Na busca dessas
respostas, torna-se
importante perceber, em
nossos corações e em
nossas mentes, como
essas atitudes se
refletem dentro de nós
(situação externa
influenciando nosso
pensamento). E para
iniciar essa caminhada,
é fundamental não
esquecermos que todos
nós cometemos equívocos
e, portanto, sujeitos a
críticas. O problema é
que na maioria das vezes
somos bastante
tolerantes com nossos
enganos, enquanto nos
tornamos juízes severos
dos enganos alheios.
Mas, afinal, por quais
razões essa atitude se
manifesta em nós? Porque
imaginamos – e o egoísmo
está no centro desse
nosso comportamento –
que temos motivos que
justificam as nossas
grosserias, as nossas
injustiças, os nossos
desmandos. Os outros
não os têm para assim
agirem, sobretudo se nós
formos os alvos desse
comportamento
desequilibrado. Se for
o outro esse alvo,
certamente ele fez por
merecê-lo.
A Doutrina Espírita
propõe-nos duas questões
que poderiam nortear
nossa conduta diante
dessa situação: 1 – como
julgar os atos de
criaturas que vivem
experiências tão
diferentes das nossas?
2 – como poderemos saber
o que se passa no
coração daquele que nos
ofende ou agride?
Certamente não podemos,
pois quando também
agimos assim os outros
ignoram o que acontece
conosco naquele momento.
Para essa mudança, para
essa nova forma de ver o
outro, Emmanuel faz um
convite: “Renova o
teu modo de sentir,
pelos padrões do
Evangelho, e enxergarás
o Propósito Divino da
Vida, atuando em todos
os lugares, com justiça
e misericórdia,
sabedoria e
entendimento”.³
Mas, por onde começar a
corrigir?! Como fazer?!
Deparamos aí com um
grande problema íntimo:
sabemos o que corrigir,
mas não conhecemos o
caminho para essa
mudança. Mas eis a
resposta certa à nossa
indagação: Jesus é o
modelo a ser
procurado!...
O Mestre referiu-se,
inúmeras vezes, ao
perdão como instrumento
valioso e indispensável
à nossa evolução. O “perdoai
para serdes perdoado”,
que nos deixou em Seus
ensinamentos, significa
perdoar indefinidamente,
tantas vezes quantas
forem necessárias.
Gostaríamos,
evidentemente, de ser
perdoados todas as vezes
que nos desviamos da
trilha, mas como esperar
o perdão que pedimos a
Deus se ainda não somos
capazes de perdoar o
próximo? Parece-nos que,
em primeiro lugar,
precisamos aprender a
NOS PERDOAR, pois se
fizemos ou se ainda
fazemos algo errado é
porque não sabíamos -
como ainda não sabemos -
de que forma fazer o
certo; e, em segundo
lugar, buscar a resposta
em Jesus porque, mais do
que falar sobre o
perdão, Ele o
exemplificou em Sua
caminhada de luz,
exercitando a bondade, a
mansuetude, de modo
integral, completo, sem
distinção a quem quer
que fosse. E a prova
disso está no pedido que
fez ao Pai para que
perdoasse aqueles que O
crucificaram.
Médico de almas, o
Cristo propôs o perdão
como remédio para todos
os nossos males. E é
interessante notar a
preocupação da Medicina
moderna em tentar
compreender por que essa
atitude, praticada por
muitos doentes do corpo,
ajuda a curar ou a
minimizar as dores. Os
médicos, hoje, querem
descobrir como e por que
isso acontece. Jesus já
sabia e veio nos
ensinar. Só nos resta,
portanto, aprender!
Aprendamos, pois, a
perdoar conforme Ele nos
ensinou: sem rancor, sem
ressentimento, sem
estabelecer condições,
ajudando inclusive o
ofensor, nem que seja
com as nossas preces,
mesmo que ele não saiba,
fechando as portas da
nossa mente a quaisquer
sentimentos perniciosos,
desequilibrados e
desequilibrantes.
Busquemos algum bem
nessas criaturas, como
nós gostaríamos que o
encontrassem em nós,
apesar do momento de
desajuste emocional no
qual estejamos
envolvidos.
Mas, meus irmãos, é
fundamental que não nos
esqueçamos de render
graças a Deus, porque já
podemos prestar auxílio
a alguém. É importante
lembrar que se chegamos
ao grau de restauração
em que nos encontramos,
é que, decerto, alguém
caminhou pacientemente
conosco, com bastante
amor de servir e
bastante coragem de nos
suportar.
Já temos o modelo,
conhecemos os
instrumentos e o caminho
para realizar a
transformação em nós.
Estamos aguardando o
quê?!
Bibliografia:
1 - EMMANUEL (Espírito).
Pão Nosso.
[psicografado por] F. C.
Xavier – 17. Ed. –
Federação Espírita
Brasileira – Rio de
Janeiro/RJ – lição 72.
2 - Coletânea do
Além. Autores
Diversos [psicografado
por] F. C. Xavier -
Edições FEESP, 2001
- pág. 31.
3 – EMMANUEL.
(Espírito). Fonte
Viva – [psicografado
por] F. C. Xavier – 16.
ed., Federação Espírita
Brasileira – Rio de
Janeiro/RJ – Lição 67.
Outras fontes:
– EMMANUEL (Espírito).
Palavras de Vida
Eterna,
[psicografado por] F. C.
Xavier- 20. ed., Edição
CEC, Uberaba/MG – 1995 -
Lições 61 e 76.
- KARDEC, Allan – O
Evangelho segundo o
Espiritismo –
Capítulo X.
- O Espírito da
Verdade. Autores
Diversos, [psicografado
por] F. C. Xavier e
Waldo Vieira – 10. Ed. -
Federação Espírita
Brasileira - Lição 83.
- Artigo: “Perdão,
remédio para a alma”,
minha autoria –
publicado pelo Jornal
Espírita (FEESP), em
outubro de 2004, e na
revista eletrônica O
Consolador
www.oconsolador.com,
em agosto de 2009.