Paganismo
moderno
Na Revista
Espírita de
outubro de 1861,
encontramos uma
mensagem do
Espírito Erasto,
que foi dirigida
aos espíritas de
Lião (ou Lyon),
na França,
advertindo-os
sobre o perigo
do paganismo.
Diz ele:
“Hoje, caros
discípulos,
aquele que foi
sagrado por São
Paulo vem
dizer-vos que
vossa missão é
sempre a mesma,
porque o
paganismo
romano, sempre
de pé, sempre
vivaz, ainda
enlaça o mundo,
como a hera
enlaça o
carvalho...”
A palavra
“paganismo” é
utilizada para
expressar as
religiões
politeístas, que
acreditam em
“vários deuses”.
Amplamente
difundido nas
culturas
antigas, tais
como na Grécia,
em Roma e no
Egito, foi
combatido pelo
judaísmo e pelo
cristianismo,
que ensinam a
crença de um
Deus único.
Conforme consta
da Revista
Espírita de
setembro de
1861, “a
religião
israelita foi a
primeira que
emitiu aos olhos
dos homens a
ideia de um Deus
espiritual. Até
então os homens
adoravam: uns, o
sol, outros, a
lua; aqui, o
fogo, ali, os
animais. Mas a
ideia de Deus
não era
representada em
parte alguma em
sua essência
espiritual e
imaterial”.
(Mensagem do
Espírito Edouard
Pereyre.)
A admoestação de
Erasto é
significativa,
porque, na
atualidade,
constatamos o
paganismo
produzindo danos
ao progresso da
criatura humana,
mas sob uma
outra
perspectiva,
haja vista que
muitos
indivíduos
equivocados, por
desconhecerem o
sentido moral e
espiritual da
vida,
convertem-na
numa busca
incansável de
coisa alguma,
satisfazendo a
ânsia de
prazeres e gozos
imediatos.
São o
deus-corpo,
deus-sexo,
deus-poder e
deus-dinheiro,
que tanto
atormentam e
inquietam os
homens,
desviando-os de
suas metas
existenciais, e
que se sustentam
em razão do
predomínio do
orgulho e
egoísmo.
No livro “Entre
os dois mundos”,
ditado pelo
Espírito Manoel
Philomeno de
Miranda, através
da mediunidade
de Divaldo
Pereira Franco,
o benfeitor
Policarpo
assevera que:
“O sexo
desvairado é o
novo deus, o
Moloc
ressuscitado,
que arrebata e
consome ao som
estridente das
músicas
primitivas e dos
embalos
furiosos...
Corpos bem
delineados sob
os impositivos
da herança
genética ou
trabalhados por
ginásticas
severas, dietas
rigorosas,
anabolizantes e
implementos
artificiais em
favor da
estética,
tornaram-se a
nova religião, o
seu culto, o
altar da nova
mentalidade...
Vive-se, desse
modo, o período
excruciante da
existência, numa
sofreguidão
desmedida na
busca das
alegrias e gozos
dos sentidos,
que terminam por
exaurir as
reservas de
forças e as
resistências do
organismo. Um
grande número
desses
aficionados do
corpo e do
prazer diz-se
cristão..., sem
responsabilidade
nem respeito
pela fé que
dizem esposar.
Seria de
perguntar-se:
Que foi feito de
Jesus?”
Dessa forma,
percebe-se que
mesmo os
cristãos estão
cultuando esses
novos deuses,
sem se darem
conta dos
débitos que
estão amealhando
perante as leis
divinas e das
oportunidades
abençoadas que
estão
desperdiçando.
Encontramos
diversas
criaturas
humanas adorando
o deus-corpo, em
condutas
narcisistas, na
busca
desenfreada de
um corpo
escultural,
gastando horas e
dias preciosos,
sob a
justificativa de
busca de saúde.
É claro que os
cuidados com o
corpo fazem
parte da pauta
reencarnatória,
contudo, o
exagero será
sempre
prejudicial,
porque gerará a
falta de tempo
ou de interesse
para os devidos
cuidados da
parte
espiritual.
Quantos não
alegam falta de
tempo para os
compromissos
religiosos e
caritativos, mas
gastam horas em
academias,
caminhadas e em
outros esportes;
são incapazes de
uma leitura
saudável de
quinze minutos
por dia, mas
desperdiçam
incontáveis
tempos em
programas
televisivos ou
notícias
escritas que
alardeiam o
culto ao corpo.
Anote-se que a
questão nessa
área é encontrar
o devido
equilíbrio, a
fim de que
possamos cuidar
do corpo e do
espírito,
conforme
excelente lição
que encontramos
n’O Evangelho
segundo o
Espiritismo, no
capitulo XVII
(Sede
Perfeitos), onde
o Espírito
Georges enfatiza
que: “... se
o Espiritismo
não viesse em
auxílio dos
pesquisadores,
para
demonstrar-lhes
as relações
existentes entre
o corpo e a
alma, e
dizer-lhes que,
desde que são
reciprocamente
necessários, é
indispensável
cuidar de
ambos”.
Na questão do
sexo, sabemos
que poucos
conseguiram
sublimar o
instinto sexual,
e acabam se
tornando
escravos do
prazer, sem que
identifiquem o
valor e a
amplitude do
amor.
Há uma
exploração da
mídia em torno
do sexo porque
dá ibope. Vemos
inúmeras
novelas, filmes
e propagandas
que apelam para
a sensualidade.
Frise-se que o
número de
traições nas
relações
conjugais é
elevado, e tem
aumentado o
número de
pessoas de 30 a
35 anos de idade
que obtêm a
independência
econômica, mas
não querem
formar família,
desejando ter
autonomia da sua
vida, e buscam o
sexo casual,
programado
apenas para o
prazer, sem
qualquer
emotividade e
responsabilidade.
Consigne-se,
ainda, que há
aqueles que
mantêm uma
postura
comportamental
irrepreensível,
mas cujo mundo
íntimo é
atormentado na
área da
sexualidade, e
muitos se
comprazem em
alimentar
fantasias e
clichês mentais
nessa área.
Tudo isso
representa o
predomínio da
natureza animal
sobre a
espiritual, onde
o imediatismo da
criatura humana
faz crer que
tudo é válido em
nome do prazer,
em total
desrespeito ao
progresso
espiritual e aos
sentimentos
elevados,
gerando danos a
serem
ressarcidos em
vidas futuras e,
às vezes, até na
atual existência
corporal.
Cultua-se,
também, na
atualidade, o
desejo de poder,
de destaque
social, de
reconhecimento
algumas vezes
imerecido,
fazendo com que
o ser humano se
aflija e se
desgaste nesse
desiderato, sem
que lhe sobre
energia e
disposição para
as conquistas
nobres e
espirituais da
vida.
O orgulho gera a
falsa
necessidade de
sobrepor-se aos
outros, de ser
bajulado ou
temido. Alguns
são Espíritos
que trazem
inseguranças e
conflitos de
inferioridade no
inconsciente, em
virtude de
insucessos de
vidas passadas.
Outros trazem
esse desejo de
dominação porque
já tiveram o
poder em outras
existências
físicas e ainda
desejam
mantê-lo.
A ambição do
poder faz com
que a atenção e
o tempo do
indivíduo sejam
utilizados
apenas para essa
finalidade
doentia, em
prejuízo do
próprio
crescimento
espiritual e da
vida familiar.
Não se acha
tempo e
interesse para
as outras
questões
relevantes da
vida.
O deus-dinheiro,
da mesma forma,
tem dificultado
a
espiritualização
do ser humano,
porque exige
dedicação quase
integral,
imediatismo e
prioridade em
torno das
questões
materiais.
Há pessoas que
se utilizam de
todos os
expedientes,
honestos alguns,
desonestos
outros, no afã
de se
enriquecerem,
que lhes
facultarão
facilidades,
entretenimentos
variados,
destaque social,
ambições
desmedidas etc.
Com o escopo de
estimular o
enriquecimento a
todo custo, há
livros que
ensinam como
conquistar o
primeiro milhão
de reais. O
problema é que
muitos
indivíduos não
se contentarão
ao atingir essa
meta e sempre se
desgastarão para
acumular cada
vez mais.
Diante dessa
conduta
materialista, as
questões
espirituais e
familiares
acabam por
sofrer um enorme
prejuízo, porque
a mente de
muitos focará
apenas o “ter”
em prejuízo do
“ser”.
Alguns fazem
doações
volumosas para
determinados
templos
religiosos,
achando que
estão cumprindo
com suas
obrigações
religiosas,
todavia, a busca
do
aperfeiçoamento
moral vai além,
expressando-se
na doação do
próprio tempo em
favor do
próximo, dos
feridentos da
alma e dos que
carecem de
socorro
material.
Muitos
justificam o
exagero na busca
do
enriquecimento
dizendo que,
quando estiverem
ricos,
diminuirão o
ritmo e terão
tempo para Deus,
a caridade e a
família.
Entretanto, não
se sabe o
momento da
morte, e muitos
desencarnarão
enquanto estão
nessa “estrada
da perdição”,
regressando em
situações
deploráveis para
o mundo
espiritual.
Oportuno
consignar que,
em relação aos
quatro deuses,
há um
planejamento
obsessivo para
insuflar essas
fraquezas da
criatura humana.
Indico a leitura
do livro
“Trilhas da
Libertação”, do
citado médium
Divaldo Pereira
Franco, onde, no
capítulo “Os
Gênios das
Trevas”,
informa-se que
um grupo de
obsessores atua
baseado num
programa que
chamaram de “as
quatro legítimas
verdades”
(zombeteira
referência ao
código de Buda
em relação ao
sofrimento: as
quatro nobres
verdades), que
estimula na
mente do
indivíduo o
sexo, o
narcisismo, o
poder e o
dinheiro.
Por derradeiro,
convém registrar
que os quatro
itens tratados
neste artigo são
neutros, isto é,
dependerão do
direcionamento
ético-moral,
exigindo do ser
humano
vigilância e
oração,
fidelidade ao
evangelho e
disciplina nos
compromissos
espirituais,
amor e respeito,
para que a atual
reencarnação
possa
converter-se em
conquistas
nobres da alma,
produzindo
bênçãos,
plenitude e paz
de consciência.