Fatos
Espíritas
William Crookes
(Parte 10)
Continuamos o estudo
metódico e sequencial do
clássico Fatos
Espíritas, de
William Crookes, obra
publicada em 1874, cujo
título no original
inglês é Researches
in the phenomena of the
spiritualism.
Questões preliminares
A. Que
fotografia de
Katie King é
considerada por
Crookes uma das
mais
interessantes?
|
Trata-se de uma
fotografia em que
Crookes está em pé, ao
lado de Katie, tendo ela
o pé descalço sobre
determinado ponto do
soalho. Vestiu-se em
seguida a Srta. Cook
como Katie; ela e ele se
colocaram exatamente na
mesma posição, e foram
fotografados pelas
mesmas objetivas
colocadas perfeitamente
como na outra
experiência, e alumiados
pela mesma luz. Quando
os dois esboços foram
postos um sobre o outro,
as duas fotografias de
Crookes coincidiram
perfeitamente quanto ao
porte, etc., mas Katie
era maior meia cabeça do
que a Srta. Cook e perto
desta parecia uma mulher
gorda. Em muitas provas,
o tamanho do seu rosto e
a estatura do seu corpo
diferiam essencialmente
da médium e as
fotografias mostram
vários outros pontos de
dessemelhança.
(Fatos Espíritas –
Última aparição de Katie
King, sua fotografia com
o auxílio da luz
elétrica.)
B. Que
diferenças
físicas entre
Katie e a Srta.
Cook foram
notadas por
Crookes? |
Segundo ele, vários
pequenos sinais, que se
achavam no rosto da
Srta. Cook, não existiam
no de Katie. A cabeleira
da Srta. Cook era de um
castanho tão forte que
parecia quase preto; um
cacho da cabeleira de
Katie, que ele próprio
cortou de suas tranças,
era de um rico castanho
dourado. Uma noite, ele
contou as pulsações de
Katie; o pulso batia
regularmente 75,
enquanto o da Srta. Cook,
poucos instantes depois,
atingia a 90, seu número
habitual. Auscultando o
peito de Katie, ele
ouviu um coração bater
no interior e suas
pulsações eram ainda
mais regulares que as do
coração da Srta. Cook,
quando, depois da
sessão, ela lhe permitiu
igual verificação.
Examinados da mesma
forma, os pulmões de
Katie mostraram-se mais
sãos que os da médium,
pois, no momento em que
fez a experiência, a
Srta. Cook seguia
tratamento médico por
motivo de grave
bronquite.
(Obra citada – Última
aparição de Katie King,
sua fotografia com o
auxílio da luz
elétrica.)
C. Como foram os
momentos finais da
despedida entre Katie a
Srta. Cook?
Foram comoventes. Katie
atravessou o quarto para
ir até à Srta. Cook, que
jazia inanimada no
soalho. Inclinando-se
para ela, Katie tocou-a
e disse-lhe: “Acorda,
Florence, acorda! É
preciso que eu te deixe
agora!” A Srta.
Cook acordou e, em
lágrimas, suplicou a
Katie que ficasse algum
tempo ainda. “Minha
cara, não posso; a minha
missão está cumprida;
Deus te abençoe!”,
respondeu Katie, e
continuou a falar à
Srta. Cook. Durante
alguns minutos
conversaram juntas, até
que enfim as lágrimas da
Srta. Cook a impediram
de falar. Seguindo as
instruções de Katie,
Crookes precipitou-se
para suster Cook, que ia
cair sobre o soalho e
soluçava
convulsivamente. Olhou
ao redor de si, mas
Katie, com o seu vestido
branco, tinha
desaparecido.
(Obra citada – Última
aparição de Katie King,
sua fotografia com o
auxílio da luz
elétrica.)
Texto para leitura
181. Referindo-se à
Srta. Cook, William
Crookes diz que durante
esses seis últimos meses
ela lhe fez numerosas
visitas e demorava-se
algumas vezes uma semana
em sua casa, trazendo
consigo pequena mala de
mão, que não fechava à
chave.
182. Durante o dia
estava em companhia da
Sra. Crookes, na dele
própria ou na de algum
outro membro de sua
família. Não dormia só
e, portanto, não tinha
ocasião de preparar
algo, mesmo de caráter
menos aperfeiçoado, que
fosse apto para
representar o papel de
Katie King.
183. Ele mesmo preparou
e dispôs sua biblioteca,
assim como a câmara
escura, e, como de
costume, depois que a
Srta. Cook jantava e
conversava com a
família, ela se dirigia
logo ao gabinete. A seu
pedido, ele fechava à
chave a segunda porta,
guardando a chave
consigo durante toda a
sessão; então,
abaixava-se o gás e
deixava-se a Srta. Cook
na escuridão.
184. Entrando no
gabinete, a Srta. Cook
deitava-se no soalho,
repousando a cabeça num
travesseiro, e logo
depois caía em letargia.
Durante as sessões
fotográficas, Katie
envolvia a cabeça da
médium com um xale, para
impedir que a luz lhe
caísse sobre o rosto.
Várias vezes Crookes
levantou um lado da
cortina, quando Katie
estava em pé, muito
perto, e então não era
raro que as 7 ou 8
pessoas que estavam no
laboratório pudessem
ver, ao mesmo tempo, a
Srta. Cook e Katie, à
plena claridade da luz
elétrica.
185. Não se podia então
perceber o rosto da
médium, por causa do
chalé, mas todos notavam
suas mãos e pés, e
viam-na mover-se,
penosamente, sob a
influência dessa luz
intensa e, por momentos,
ouviam-lhe os gemidos.
186. Diz Crookes: “Tenho
uma prova de Katie e da
médium fotografadas
juntamente; mas Katie
está colocada diante da
cabeça da Srta. Cook.
Enquanto eu tomava parte
ativa nessas sessões, a
confiança que em mim
tinha Katie aumentava
gradualmente, a ponto de
ela não querer mais
prestar-se à sessão, sem
que eu me encarregasse
das disposições a tomar,
dizendo que queria
sempre me ter perto dela
e perto do gabinete.
Desde que essa confiança
ficou estabelecida, e
quando ela teve a
satisfação de estar
certa de que eu
cumpriria as promessas
que lhe fazia, os
fenômenos aumentaram
muito em força e
foram-me dadas provas
que me seriam
impossíveis obter se me
tivesse aproximado da
médium de maneira
diferente”.
187. Katie King o
interrogava muitas vezes
a respeito das pessoas
presentes às sessões e
sobre o modo de serem
colocadas, pois nos
últimos tempos se tinha
tornado muito nervosa,
em consequência de
certas sugestões
imprudentes, que
aconselhavam empregar a
força para tornar as
pesquisas mais
científicas.
188. Uma das fotografias
mais interessantes é
aquela em que Crookes
está em pé, ao lado de
Katie, tendo ela o pé
descalço sobre
determinado ponto do
soalho. Vestiu-se em
seguida a Srta. Cook
como Katie; ela e ele se
colocaram exatamente na
mesma posição, e foram
fotografados pelas
mesmas objetivas
colocadas perfeitamente
como na outra
experiência, e alumiados
pela mesma luz.
189. Quando os dois
esboços foram postos um
sobre o outro, as duas
fotografias de Crookes
coincidiram
perfeitamente quanto ao
porte, etc., mas Katie
era maior meia cabeça do
que a Srta. Cook e perto
desta parecia uma mulher
gorda. Em muitas provas,
o tamanho do seu rosto e
a estatura do seu corpo
diferem essencialmente
da médium e as
fotografias fazem ver
vários outros pontos de
dessemelhança.
190. A fotografia é, no
entanto, tão impotente
para representar a
beleza perfeita do rosto
de Katie quanto as
próprias palavras o são
para descrever o encanto
de suas maneiras. A
fotografia pode, é
verdade, dar um desenho
do seu porte; mas como
poderá ela reproduzir a
pureza brilhante de sua
tez ou a expressão
sempre cambiante dos
seus traços, tão móveis,
ora velados pela
tristeza, quando narrava
algum acontecimento
doloroso da sua vida
passada, ora sorridente,
com toda a inocência de
uma menina, quando
reunia os filhos de
Crookes ao redor de si e
os divertia
contando-lhes episódios
das suas aventuras na
Índia?
191. Crookes viu tão bem
Katie, recentemente,
quando estava alumiada
pela luz elétrica, que
lhe é possível
acrescentar alguns
traços às diferenças
que, em precedente
artigo, estabeleceu
entre ela e a médium.
192. Afirma Crookes:
“Tenho a mais absoluta
certeza de que a Srta.
Cook e Katie são duas
individualidades
distintas, pelo menos no
que diz respeito aos
seus corpos. Vários
pequenos sinais, que se
acham no rosto da Srta.
Cook, não existem no de
Katie. A cabeleira da
Srta. Cook é de um
castanho tão forte que
parece quase preto; um
cacho da cabeleira de
Katie, que tenho à vista
e que ela me permitira
cortar de suas tranças
luxuriantes, depois de
ter seguido com os meus
próprios dedos até ao
alto da sua cabeça e de
haver convencido de que
ali nascera, é de um
rico castanho dourado”.
193. Continua Crookes:
“Uma noite, contei as
pulsações de Katie; o
pulso batia regularmente
75, enquanto o da Srta.
Cook, poucos instantes
depois, atingia a 90,
seu número habitual.
Auscultando o peito de
Katie, eu ouvia um
coração bater no
interior e as suas
pulsações eram ainda
mais regulares que as do
coração da Srta. Cook,
quando, depois da
sessão, ela me permitia
igual verificação.
Examinados da mesma
forma, os pulmões de
Katie mostraram-se mais
sãos que os da médium,
pois, no momento em que
fiz a experiência, a
Srta. Cook seguia
tratamento médico por
motivo de grave
bronquite”.
194. Quando chegou o
momento de Katie os
deixar, Crookes
pediu-lhe o obséquio de
ser ele o último a
vê-la. Chamou ela a si
cada pessoa da sociedade
e lhes disse algumas
palavras em particular,
dando instruções gerais
sobre a proteção a
dispensar à Srta. Cook.
Essas instruções, que
foram estenografadas,
dizem o seguinte: “O
Sr. Crookes sempre agiu
muito bem, e é com a
maior confiança que
deixo Florence em suas
mãos, perfeitamente
convicta de que não
faltará à confiança que
tenho nele. Em todas as
circunstâncias
imprevistas, o Sr.
Crookes poderá agir
melhor do que eu mesma,
porque tem mais força”.
195. Tendo terminado
suas instruções, Katie
convidou-o a entrar no
gabinete consigo e
permitiu-lhe ficar nele
até o fim. Depois de
fechada a cortina,
conversou durante algum
tempo, em seguida
atravessou o quarto para
ir até à Srta. Cook, que
jazia inanimada no
soalho. Inclinando-se
para ela, Katie tocou-a
e disse-lhe: “Acorda,
Florence, acorda! É
preciso que eu te deixe
agora!”
196. A Srta. Cook
acordou e, em lágrimas,
suplicou a Katie que
ficasse algum tempo
ainda.“Minha cara,
não posso; a minha
missão está cumprida;
Deus te abençoe!”,
respondeu Katie, e
continuou a falar à
Srta. Cook. Durante
alguns minutos
conversaram juntas, até
que enfim as lágrimas da
Srta. Cook a impediram
de falar. Seguindo as
instruções de Katie,
Crookes precipitou-se
para suster Cook, que ia
cair sobre o soalho e
soluçava
convulsivamente. Olhou
ao redor de si, mas
Katie, com o seu vestido
branco, tinha
desaparecido. Logo que a
Srta. Cook ficou
suficientemente calma,
trouxeram luz e ela foi
conduzida para fora do
gabinete.
197. As sessões quase
diárias, com que a Srta.
Cook favoreceu as
pesquisas de William
Crookes, muito esgotaram
as suas forças. A
qualquer prova que ele
propusesse, concordava
ela em submeter-se com a
maior boa vontade; sua
palavra é franca e viva
e vai diretamente ao
assunto. Crookes nunca
viu nela a menor coisa
que pudesse
assemelhar-se à mais
ligeira aparência do
desejo de enganar. E na
verdade, não acreditava
que ela pudesse levar
uma fraude a bom termo,
porque, se o tentasse,
seria prontamente
descoberta, por ser
completamente estranho à
sua natureza tal modo de
proceder.
198. Concluindo suas
anotações, diz Crookes:
“E quanto a imaginar que
uma inocente colegial de
15 anos tenha sido capaz
de conceber e de pôr em
prática durante três
anos, com grande êxito,
tão gigantesca impostura
como esta, e que durante
esse tempo se tenha
submetido a todas as
condições que dela se
exigiram, que tenha
suportado as pesquisas
mais minuciosas, que
tenha consentido em ser
examinada a cada
momento, fosse antes,
fosse depois das
sessões; que tenha
obtido ainda mais êxito
na minha própria casa do
que na casa de seus
pais, sabendo que ia
para ali expressamente
com o fim de se submeter
a rigorosos ensaios
científicos, quanto a
imaginar que a Katie
King dos três últimos
anos é o resultado de
uma impostura, isso faz
mais violência à razão e
ao bom senso do que crer
que Katie King é o que
ela própria afirma ser.
Não me seria conveniente
concluir este artigo sem
agradecer igualmente ao
Sr. e à Sra. Cook as
grandes facilidades que
me proporcionaram para
poder prosseguir nas
minhas observações e
experiências. Os meus
agradecimentos e os de
todos os espiritualistas
são também devidos ao
Sr. Charles Blackburn,
pela sua generosidade
que permitiu à Srta.
Cook consagrar todo o
seu tempo ao
desenvolvimento dessas
manifestações e, em
último lugar, ao seu
exame científico.”
(Continua no próximo
número.)