Teria acontecido?
Na revista VEJA,
edição 2390 de 10 de
setembro de 2014,
páginas 80 a 83,
encontramos uma
reportagem intitulada
COMO SE PERDE UM FILHO
PARA O TERROR.
Vejamos um trecho: “Ao
pai e à mãe de Nicolas,
seu filho fez uma
operação explosiva com
um caminhão no vilarejo
inimigo de Homs. Que
Deus o aceite como
mártir”.
Essa a mensagem que os
pais receberam escrita
em francês, foi enviada
para Dominique Bons, de
60 anos, em dezembro
passado. Apenas cinco
meses antes, ela fora
pega de surpresa ao ver
o filho Nicolas, de 30
anos, em um vídeo na
internet em que afirmava
ser membro do grupo
terrorista Estado
Islâmico.
“Conhecido como um
garoto calmo que jogava
bola como atacante,
gostava de andar de
bicicleta e cuidava bem
da avó de 88 anos,
Nicolas começou a
estudar o Corão por
conta própria.
Converteu-se em 2010. A
mãe, que vive em
Toulouse, no sul da
França, é ateia e
conversava
esporadicamente com o
filho sobre religião.”
Não sabemos o que se
passou pela cabeça dessa
mãe ao tomar
conhecimento da morte
trágica do filho nessas
circunstâncias, mas
coração de mãe é sempre
coração de mãe: não fica
insensível diante da
morte de um filho em
nenhuma condição, muito
menos na descrita na
reportagem.
O jovem teria tomado
essa decisão ou seguido
esse rumo optando pelo
extremismo, se a mãe não
fosse ateia e
conversasse com ele
sobre o lado espiritual
da vida que extrapola as
aparências transitórias
do mundo físico
representado pela fugaz
realidade que
conseguimos enxergar? Se
não podemos afirmar que
sim, também não podemos
negar tal possibilidade.
Esse fato nos lembra um
acontecimento vivenciado
por Chico Xavier, tempos
antes de seu corpo
começar a apresentar
graves problemas
cardíacos, levando-o a
reduzir o seu contato
mais direto com o
público que o procurava
como a última esperança
de encontrar a vida onde
a morte se fizera
presente. Num
determinado dia, uma mãe
desesperada o procurou
em busca de alguma
migalha de consolo. Sua
dor extrapolava tudo o
que Chico já havia visto
até então. Essa mãe
demonstrava tal
desespero que o Chico
afirmou que nunca tinha
presenciado tamanha dor
em uma pessoa. O casal
era materialista e
gozava de projeção na
sociedade. O único filho
que tinham havia
cometido suicídio dentro
da própria casa. Esse
jovem acreditava em
Deus. Procurava
conversar com os pais
sobre a salvação
oferecida por Jesus de
acordo com a concepção
religiosa que ele
possuía. Tudo em vão.
Para os pais ateus, não
havia espaço para o
diálogo sobre o assunto.
Num determinado dia o
moço presenciou, na hora
do almoço, uma discussão
entre o casal. Mais uma
vez procurou falar sobre
Jesus não tendo sido
escutado. Levantou-se da
mesa, foi até ao quarto
do pai que portava uma
arma dentro desse local
da residência e desferiu
um tiro letal contra o
próprio crânio. O
Espírito que animara o
corpo precocemente
ceifado em sua
existência não tinha
condições de
comunicar-se. Chico
tentou de todas as
maneiras dizer àquele
coração materno as
palavras de consolo que
a gravidade do fato
comportava. Entretanto,
a aridez do terreno
emocional, provocada
pela descrença em algo
além dos valores
materiais, encontrava
tremenda dificuldade em
receber o socorro de que
aquela senhora tanto
necessitava.
Novamente a pergunta
inicial volta à tona: a
conversa amiga com o
filho teria evitado o
lamentável suicídio que
aqueles pais
presenciaram dentro do
próprio lar?
Provavelmente sim. Só
que agora era tarde. O
fato estava consumado. O
que a consciência
daquela mãe e daquele
pai pode ter cobrado de
cada um, somente eles
mesmos poderiam
descrever.
Quantos casos mais a
vida se nos apresenta de
descaminhos tomados por
jovens, pela falta de
uma estrutura e de uma
orientação que extrapole
os valores materiais
fornecidos dentro do
próprio lar que os
recebe na atual
reencarnação?
Os filhos não retornam
como enfeites dessa ou
daquela casa, ou para a
realização reprodutiva
desse ou daquele homem
ou mulher. São filhos de
Deus aos quais
confeccionamos um
uniforme para que
estagiem na escola da
Terra. Na verdade, são
nossos irmãos que
retornam a um novo corpo
através da nossa
participação como
cocriadores juntos à
Providência Divina. O
que temos feito com essa
enorme responsabilidade
que um dia aceitamos
assumir? Quantos casais
não perdem os filhos
para as drogas, para o
mundo de crimes os mais
variados ou para o
próprio materialismo por
falta de um diálogo mais
aberto e amplo sobre os
valores materiais
transitórios e a
realidade espiritual que
a todos aguarda?
Que nunca tenhamos que
responder diante de
nossa própria
consciência se isso ou
aquilo que desabone um
de nossos filhos tenha
ocorrido por omissão
nossa junto à sagrada
missão de encaminhá-los
melhorados à Casa do
Pai.