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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 387 - 2 de Novembro de 2014

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 
 

A separação do joio
e do trigo


Infelizmente, assistimos na atualidade a uma das mais sangrentas e hediondas demonstrações de disseminação do mal no planeta. É extremamente decepcionante ver ainda, em pleno século XXI, a existência de grupos terroristas tão cruéis como o dos membros do grupo ISIS (Estado Islâmico do Iraque e do Levante). A intenção dessa facção, que tem concentrado a sua ação na Síria e no Iraque, e cujo modus operandi e crenças abarcam o que há de mais atrasado e medieval, é impor a crença islâmica (isto é, princípios ou entendimentos eminentemente distorcidos a respeito desta) à força às populações. Os seus métodos cruéis de extermínio a ninguém poupa. As terríveis imagens disponíveis falam por si.

Como se sabe, as vítimas indefesas são escravizadas (como é o caso das mulheres), fuziladas ou decapitadas sem misericórdia. É tamanha a força e tenacidade desse grupo, que até mesmo governos legitimamente constituídos lhe temem as ousadas investidas. Chega a ser dantesco ver jovens educados em países desenvolvidos, cobertos de afeto, atenção, e as melhores condições possíveis para o seu desenvolvimento intelecto-moral, se alistarem nas fileiras dessa agremiação trevosa. 

O momento presente da história humana comporta, lamentavelmente, aberrações coletivas como é o caso do ISIS. A julgar pelas práticas adotadas não fica difícil imaginar os valores e princípios cultuados pelos seus membros. E ao ver uma organização como essa surgir praticamente do nada sucumbindo povos pacíficos e indefesos, bem como assaltando, destruindo e dilapidando por toda parte, nos remete à lição evangélica que prega a necessidade da separação do joio e do trigo.

É indiscutível que os amorosos apelos e ensinamentos daquele que se colocou com toda a justiça como “o caminho, a verdade e a vida” não penetram – pelo menos por ora – nos corações empedernidos dos Espíritos pertencentes a esse grupo. As suas mentes devem estar tão obcecadas em impor à força ao mundo a sua estreita visão religiosa, que não há espaço mínimo sequer para acolher as sugestões e alvitres do bem. São vítimas da sua própria cegueira espiritual e fé cega, mal do qual muito acertadamente nos alertou outrora Allan Kardec.

Por isso, não conseguem ainda vislumbrar a noção de pluralidade ou diversidade religiosa. As sublimes concepções de liberdade, livre-arbítrio e direito lhes incomodam profundamente. São seres, enfim, absolutamente despreparados para viver num mundo de regeneração, paz e respeito. Os ideais de amor e fraternidade não lhes penetraram no âmago do ser. O uso desmedido da violência e da desumanidade é talvez o único argumento capaz de proferir na sua trajetória insana de vida. 

É inegável que esses irmãos profundamente doentes do espírito e d’alma estão provavelmente malbaratando derradeiras oportunidades nesse mundo. Afinal, assumindo a transição planetária como um imperativo impostergável, a Terra não poderá mais abrigar em seu seio almas desse jaez se se pretende a prevalência de um mínimo de equilíbrio. 

Seja como for, a misericórdia divina não os desamparará. O despertamento desses indivíduos para as excelsas realidades transcendentais certamente se fará em outras plagas – cujas condições obviamente deverão ser muito aquém das ora a eles proporcionadas. Lá deverão joeirar por meio de experiências santificantes todo o fel que lhes invade as almas, fazendo brilhar às duras penas a sua essência divina. Jesus, nosso mentor e amigo incomparável, asseverou que nenhuma das ovelhas do seu aprisco estaria perdida. Assim sendo, concluímos que esses Espíritos rebeldes não estarão abandonados pelas forças do amor e da sabedoria.




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita