Reflexões
sobre a vida,
o amor e a
sabedoria
Vivemos como se, em uma
única vida, fôssemos
eternos, ou quase isso.
Quando o tempo passa,
porém, e com ele surge a
velhice, constatamos
ter-nos enganado sobre a
extensão de nossas
existências.
Principalmente na
juventude, a
possibilidade de tudo
acabar de uma hora para
outra nem passa pela
nossa cabeça. O jovem
gosta da vida e a curte
tão intensamente que, às
vezes, é surpreendido
pela desencarnação. É
quando surge a
constatação: a vida
humana é breve, muito
breve.
Quanto mais novos, mais
arraigado parece ser,
nos seres vivos, o
instinto de
sobrevivência.
Certamente, esse
instinto de preservação
é muito útil a todos
nós, qualquer que seja a
nossa idade. Sem ele, o
número de suicídios no
mundo seria enorme. Por
outro lado, se buscarmos
desfrutar
proveitosamente nossos
dias na Terra,
certamente o peso das
lutas da vida não nos
atormentará tanto quanto
se não o fizermos.
Mas quando sabemos que
um simples vegetal pode
viver até cinquenta
vezes mais do que o ser
humano mais longevo,
podemos refletir melhor
sobre a brevidade de
nossa passagem
terrestre. Segundo
reportagem da revista
Veja, de 30 de abril de
2003, existe na
Califórnia um pinheiro
com 4.600 anos de
existência. De acordo
com as informações
científicas, é a árvore
mais antiga do mundo,
embora também haja
muitas outras com
milhares de anos.
Tal constatação, se, por
um lado, nos faz
refletir no quanto é
curta nossa existência
física, por outro nivela
as pessoas de todas as
idades. Se uma simples
árvore pode viver tanto,
de que vale o orgulho e
a vaidade humana na
juventude e a arrogância
ou o desencanto na idade
madura? Afinal, por
maior que seja a
diferença de idade entre
duas pessoas, isso nada
é em relação à
existência milenar de um
simples vegetal. Por
isso, devemos sempre nos
tratar com o respeito e
o amor exigidos de
alguém consciente da
brevidade de sua vida
terrena.
Muitas pessoas ainda
acreditam que só temos
uma única vida na Terra.
Se assim fosse, Deus
teria em muito mais
valor a existência de
uma árvore do que a de
um ser humano. Isso sem
nos referirmos a
determinados animais,
que, em certas
circunstâncias, podem
sobreviver durante
séculos. Determinados
animais, como certas
espécies de tartarugas,
vivem muito mais tempo
do que os seres
humanos.
Os jovens devem
respeitar os mais
velhos, que possuem toda
uma experiência de vida
que aqueles ainda não
adquiriram. E as pessoas
maduras devem praticar a
empatia com os jovens,
em virtude de também já
terem passado por esse
período de entusiasmo,
nem sempre prudente e
refletido. É importante
aconselhar, sem,
entretanto, impor coisa
alguma. Se algum
imprevisto não lhes
encurtar a existência, a
experiência a todos
mostrará se a decisão a
respeito de qualquer
conduta em suas vidas
foi a mais acertada.
Embora a juventude faça
ouvidos moucos aos
sermões de seus pais,
parentes ou pessoas mais
experientes, sábio é
aquele que procura
escutar os bons
conselhos. A este, o
apelo de Salomão, embora
de alguns milhares de
anos, ainda é atual,
como o pinheiro da
Califórnia: "Filho meu,
não te esqueças da minha
lei, e o teu coração
guarde os meus
mandamentos. Porque eles
aumentarão os teus dias
e te acrescentarão anos
de vida e paz [...].
Bem-aventurado o homem
que acha sabedoria e o
homem que adquire
conhecimento".
(Provérbios, 3:1-2 e
13). Até porque, entre
os dias de nossa
juventude e os da idade
madura, bem como entre
estes e os da
ancianidade, pouco tempo
existe, na relatividade
da vida física. É, pois,
sábio buscar conquistar,
desde cedo, os bens
maiores desta vida: a
sabedoria e o amor.
Léon Denis, n'O
Problema do Ser, do
Destino e da Dor,
edição da FEB, cap. XIX,
que trata sobre "A lei
dos destinos",
esclarece-nos que "As
vidas impuras, a
luxúria, a embriaguez e
a devassidão
conduzem-nos a corpos
débeis, sem vigor, sem
saúde, sem beleza. O ser
humano que abusa de suas
forças vitais, por si
mesmo se condena a um
futuro miserável, a
enfermidades mais ou
menos cruéis".
Como vemos, a beleza
física nem sempre está
relacionada à idade. Há
jovens de aspecto físico
até mesmo repugnante, e
idosos belos,
simpáticos, agradáveis,
que pautam sempre suas
vidas pelo equilíbrio,
pelo respeito ao seu e
aos corpos físico e
espiritual alheios.
A Doutrina Espírita,
como Consolador
prometido por Jesus,
segundo o Evangelho de
João (14:16-17), se bem
compreendida e aplicada,
não somente nos dará a
perfeita noção sobre a
brevidade da vida, mas
também sobre a sua
importância na conquista
da própria felicidade.
Quanto mais nos
conscientizarmos de que
nossa existência não se
resume nos breves
oitenta, cem anos de uma
única vida, porém que
esse tempo é precioso
minuto para o Espírito
imortal, melhor será a
qualidade de nossos anos
na Terra.
Por isso, o lembrete do
Espírito de Verdade,
emissário maior do
Cristo, que já o
anunciara há dois mil
anos, deve ser meditado
e aplicado a cada dia de
nossas vidas, não
somente com os
companheiros de fé, mas
com todos os irmãos de
jornada: amai-vos e
instruí-vos. Até porque,
em seguida, ele nos
esclarece: "[...] No
Cristianismo,
encontram-se todas as
verdades; são de origem
humana os erros que nele
se enraizaram. Eis que
do além-túmulo, que
julgáveis o nada, vozes
vos clamam: 'Irmãos!
nada perece. Jesus
Cristo é o vencedor do
mal, sede os vencedores
da impiedade". (In:
Kardec, Allan. O
Evangelho segundo o
Espiritismo. 117
ed., Rio de Janeiro: FEB,
2001, cap. VI, item 5,
p. 130.)
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