Distantes e próximos
“Loucura do amor não
atendido, o ódio revela
a presença predominante
dos instintos agressivos
vigentes, suplantando os
sentimentos que devem
governar a vida. Jamais
havendo motivo que lhe
justifique a existência,
o ódio é responsável
pelas mais torpes
calamidades sociais e
humanas de que se tem
conhecimento. Quando se
instala com facilidade,
expande as suas raízes
como tenazes vigorosas,
que estrangulam a razão,
transformando-se em
agressividade e
violência, em constante
manifestação.” – Joanna
de Ângelis.
A revista VEJA,
em sua edição 2391 de 17
de setembro de 2014,
página 74, sob o título
Justiça injusta,
estampa duas fotos de
locais distantes, mas de
sentimentos de ódio
muito próximos entre as
criaturas. Na foto
superior, vemos homens
seminus, jogados de
bruços no chão, com as
mãos amarradas nas
costas e a cara enfiada
na sujeira da terra. À
sua volta, de pé e com
armas nas mãos, estão
alguns índios com o
rosto coberto que impede
a sua identificação. Na
foto inferior, vemos
homens também deitados
com o rosto voltado para
o chão e mãos amarradas
para trás em situação
quase idêntica aos da
primeira foto, rodeados
e dominados por
“ativistas” do chamado
Exército Islâmico.
Vamos reproduzir um
pequeno trecho da
reportagem: “Não dá para
dizer, pelas fotos, que
os índios maranhenses
sejam a mesma coisa que
os companheiros do
Exército Islâmico, cujo
programa é converter
todo mundo à seita da
religião muçulmana; para
isso degolam jornalistas
estrangeiros, massacram
mulheres e crianças e
anunciam que vão
crucificar os que não
aceitarem o seu projeto.
Existe, logo de cara,
uma diferença essencial
entre as duas situações.
No caso do Maranhão, os
homens deitados no chão
estão apenas
desaparecidos; no caso
do Iraque, estão mortos.
Fica muito difícil, de
qualquer jeito, fazer de
conta que uma coisa é
uma coisa e outra coisa
é outra coisa; as
imagens publicadas pela
Folha de S. Paulo,
dias atrás, mostram
coincidências demais. A
crueldade é a mesma. O
modo de amarrar é o
mesmo. O desprezo pelo
ser humano é o mesmo. É
idêntica, sobretudo, a
degeneração moral
presente nos dois
momentos...”
Contemplando as fotos da
reportagem de locais tão
distantes no planeta,
constatamos criaturas
humanas que se aproximam
pelo ódio e pela maldade
que conseguem infligir
ao seu semelhante,
posicionando-se no
extremo oposto à
recomendação de Jesus:
amar ao semelhante!
Perdoar setenta vezes
sete vezes! Voltar a
face! Dar a capa a quem
lhe exigir a túnica!
Renunciar! Agir como o
samaritano do caminho! E
quantas coisas mais
podemos relembrar como
ensinamento contemplando
as duas fotos estampadas
na reportagem da
mencionada revista?!
É evidente a melhoria do
ser humano que podemos
constatar quando
retroagimos séculos
atrás. Mas o prato da
balança ainda pende
nitidamente para o lado
do desamor, mesmo com o
argumento de que o bem
não sofre a mesma
divulgação que o mal, o
que é uma infeliz
realidade. Também é
incontestável que um dia
a situação será a
inversa porque essa é a
determinação de Deus a
partir do momento em
fomos criados por Ele.
Entretanto, existe um
longo caminho a ser
duramente percorrido até
instalarmos o mundo de
regeneração em nosso
planeta. Esse raciocínio
é para estimular o
desânimo? Não, pelo
contrário. É para
alertar a todos que já
despertaram a
consciência para a
possibilidade de um
mundo melhor, a
apertarem o passo em
direção a esse novo rumo
sem olhar para trás
depois de terem colocado
“as mãos no arado” a
serviço do bem.
Há mais de dois mil anos
Jesus afirmou que não
sabíamos o que fazíamos,
e essas atitudes
estampadas nessa e nas
demais reportagens que
nos dão notícias do
desamor que ainda reina
entre as criaturas,
continuam a proclamar
que continuamos a não
saber o que fazemos.
Como sempre existe
esperança porque a
diretriz da Providência
é exatamente essa,
lembramos os
ensinamentos de Joanna
quando ela afirma: “O
ódio permanece no mundo
na condição de loucura
que o tempo amorosamente
irá desfazendo,
fertilizando as
plântulas da
misericórdia, que é o
germinar do amor no solo
dos sentimentos.”
Se já entendemos isso,
podemos considerar que
estamos iniciando a
nossa saída da faixa
daqueles que não sabem o
que fazem...