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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 387 - 2 de Novembro de 2014

RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)

 
 

Distantes e próximos


“Loucura do amor não atendido, o ódio revela a presença predominante dos instintos agressivos vigentes, suplantando os sentimentos que devem governar a vida. Jamais havendo motivo que lhe justifique a existência, o ódio é responsável pelas mais torpes calamidades sociais e humanas de que se tem conhecimento. Quando se instala com facilidade, expande as suas raízes como tenazes vigorosas, que estrangulam a razão, transformando-se em agressividade e violência, em constante manifestação.” – Joanna de Ângelis.

A revista VEJA, em sua edição 2391 de 17 de setembro de 2014, página 74, sob o título Justiça injusta, estampa duas fotos de locais distantes, mas de sentimentos de ódio muito próximos entre as criaturas. Na foto superior, vemos homens seminus, jogados de bruços no chão, com as mãos amarradas nas costas e a cara enfiada na sujeira da terra. À sua volta, de pé e com armas nas mãos, estão alguns índios com o rosto coberto que impede a sua identificação. Na foto inferior, vemos homens também deitados com o rosto voltado para o chão e mãos amarradas para trás em situação quase idêntica aos da primeira foto, rodeados e dominados por “ativistas” do chamado Exército Islâmico.

Vamos reproduzir um pequeno trecho da reportagem: “Não dá para dizer, pelas fotos, que os índios maranhenses sejam a mesma coisa que os companheiros do Exército Islâmico, cujo programa é converter todo mundo à seita da religião muçulmana; para isso degolam jornalistas estrangeiros, massacram mulheres e crianças e anunciam que vão crucificar os que não aceitarem o seu projeto. Existe, logo de cara, uma diferença essencial entre as duas situações. No caso do Maranhão, os homens deitados no chão estão apenas desaparecidos; no caso do Iraque, estão mortos. Fica muito difícil, de qualquer jeito, fazer de conta que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa; as imagens publicadas pela Folha de S. Paulo, dias atrás, mostram coincidências demais. A crueldade é a mesma. O modo de amarrar é o mesmo. O desprezo pelo ser humano é o mesmo. É idêntica, sobretudo, a degeneração moral presente nos dois momentos...”

Contemplando as fotos da reportagem de locais tão distantes no planeta, constatamos criaturas humanas que se aproximam pelo ódio e pela maldade que conseguem infligir ao seu semelhante, posicionando-se no extremo oposto à recomendação de Jesus: amar ao semelhante! Perdoar setenta vezes sete vezes! Voltar a face! Dar a capa a quem lhe exigir a túnica! Renunciar! Agir como o samaritano do caminho! E quantas coisas mais podemos relembrar como ensinamento contemplando as duas fotos estampadas na reportagem da mencionada revista?!

É evidente a melhoria do ser humano que podemos constatar quando retroagimos séculos atrás. Mas o prato da balança ainda pende nitidamente para o lado do desamor, mesmo com o argumento de que o bem não sofre a mesma divulgação que o mal, o que é uma infeliz realidade. Também é incontestável que um dia a situação será a inversa porque essa é a determinação de Deus a partir do momento em fomos criados por Ele. Entretanto, existe um longo caminho a ser duramente percorrido até instalarmos o mundo de regeneração em nosso planeta. Esse raciocínio é para estimular o desânimo? Não, pelo contrário. É para alertar a todos que já despertaram a consciência para a possibilidade de um mundo melhor, a apertarem o passo em direção a esse novo rumo sem olhar para trás depois de terem colocado “as mãos no arado” a serviço do bem.

Há mais de dois mil anos Jesus afirmou que não sabíamos o que fazíamos, e essas atitudes estampadas nessa e nas demais reportagens que nos dão notícias do desamor que ainda reina entre as criaturas, continuam a proclamar que continuamos a não saber o que fazemos.

Como sempre existe esperança porque a diretriz da Providência é exatamente essa, lembramos os ensinamentos de Joanna quando ela afirma: “O ódio permanece no mundo na condição de loucura que o tempo amorosamente irá desfazendo, fertilizando as plântulas da misericórdia, que é o germinar do amor no solo dos sentimentos.”

Se já entendemos isso, podemos considerar que estamos iniciando a nossa saída da faixa daqueles que não sabem o que fazem...




 


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