De Sergipe ao Brasil,
José Soares Cardoso
Um pouco sobre a obra do
poeta e declamador
sergipano
que nos deixou
há 23 anos
Natural de Cedro do São
João, município
sergipano, nascia no dia
5 de fevereiro de 1927
José Soares Cardoso
(foto), um dos
grandes semeadores da
seara espírita. Filho de
Pedro dos Santos Cardoso
e Maria da Pureza Soares
Cardoso, era autodidata.
Saiu de sua terra natal
para São Paulo em 1946,
tendo exercido diversas
profissões, como
bancário; comerciante;
representante comercial
e jornalista, além de
editor do informativo
mensal GUIAPRESS, que
circulou em Cuiabá de
1983 a 1989.
Ocupando a função de
representante comercial
autônomo, percorreu
grande parte do Brasil,
levando a inúmeras
cidades do país a sua
mensagem de paz e
fraternidade através da
poesia. Espírita
militante desde 1952,
transformou os Centros
Espíritas do Brasil em
sua tribuna, exercendo
um dos mais belos
ensinamentos deixado
pelo Mestre Jesus:
semear o amor. De acordo
com o livro Parábolas
e Ensinos de Jesus,
de Cairbar Schutel, “a
palavra de Deus, a
semente, é uma só, mesmo
que seja apregoada em
toda parte, desde que o
homem se achou em
condições de recebê-la.
A terra que recebe as
sementes representa o
estado intelectual e
moral de cada pessoa”, e
dessa forma Cardoso
colocou em prática a
frase de Jesus: “saiu o
Semeador a semear a sua
semente”.
Devido a essa admirável
força de vontade, esse
poeta pregava o
Evangelho de Jesus em
versos, em diversas
conferências, recitais
em clubes de serviços,
Lojas Maçônicas e
teatros de diversas
cidades. Membro da UBE -
União Brasileira de
Escritores, suas obras
ficaram registradas em
livros e discos LP, como
Acordes Espirituais
(1955); Onde está Deus?
(1976); Sonhos e
Vivências (1984); Mato
Grosso em Foco (1989) e
o esplendoroso livro
Deus Conosco em Prosa e
Verso (1991), sua última
obra antes de seu
desencarne ocorrido em
16 de junho de 1991.
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José
Soares
Cardoso
no palco |
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Cardoso
chegando
para
palestrar
na
antiga
União
Espírita
de
Londrina |
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José
Soares
Cardoso
declamando
um dos
seus
poemas |
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O poeta
ao lado
do
professor
Rubens
Romanelli |
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A poesia contra o
materialismo
Homem de profunda pureza
de coração e espírito
elevado, era querido por
todos onde passava. Participou
de inúmeras sociedades
culturais e atividades
artísticas no movimento
espírita, encantando a
todos pela beleza de
suas músicas e sua voz
invejável, que, durante
a sua enfermidade nos
últimos momentos de vida
carnal, ele perdeu.
Considerado por
muitos como um artista
autêntico e nato,
buscando sempre a
essência das coisas nas
profundezas do seu
sublimado ideal cristão,
José Soares Cardoso, em
seus versos, conclamava
aos homens de todo mundo
que vigiassem seus
pensamentos a fim de
possibilitar que cada um
pudesse, dentro de suas
limitações, promover a
construção de um mundo
de paz e cheio de amor.
Segundo Lenine Póvoas,
que em 1983 era
presidente da Academia
Matogrossense de Letras,
“Soares Cardoso combatia
o vendaval do
materialismo brandindo
apenas a arma da sua
poesia admirável, no
desejo de trazer de
volta ao bom caminho os
que se perderam nas
trilhas do vício, do
desajuste e da
violência, sempre na
esperança de que os
valores éticos da vida
voltariam a ser
aplaudidos e venerados”.
José Soares Cardoso, em
sua obra “Onde está
Deus?”, disse que em
face da agressividade do
mundo atual sentia que a
construção dessa obra
fora um dever imposto
pela sua própria
consciência. Embora
considerasse minúsculas
suas contribuições,
oferecia seus livros
escritos em poesias como
armas a serem utilizadas
na guerra contra as
guerras, na batalha
contra o ódio que tanto
separa os corações
humanos. Alegrava-se
ainda em saber que não
viveu em vão, que não se
calou diante da maldade,
diante da indiferença e
do desamor, mas que
plantou com suas mãos de
poeta uma semente de
amor na terra.
A árvore boa dá bons
frutos
De acordo com O
Evangelho segundo o
Espiritismo, devemos
procurar os verdadeiros
cristãos e reconhecê-los
por suas obras, pois uma
árvore boa não pode dar
maus frutos. Cardoso em
uma de suas poesias
mostra claramente essa
passagem quando diz que
“a palavra de Deus, como
a semente que o lavrador
dentro da terra lança,
floresce um dia
inesperadamente, em
árvore de paz e de
bonança, e que a
paisagem de sol e de
esperança, descortina-se
alegre à nossa frente,
infundindo em nossa alma
a confiança de semear o
bem permanente”. “Abri,
pois, vossos ouvidos e
vossos corações, meus
bem amados. Cultivai
esta árvore da vida,
cujos frutos
proporcionam a vida
eterna. Aquele que a
plantou vos convida a
cuidá-la com amor, que
ainda a vereis dar com
abundância os seus
frutos divinos. Deixai-a
assim como o Cristo
vo-la deu: não a
mutileis. Sua sombra
imensa quer estender-se
por todo o universo; não
lhe corte a ramagem.
Seus frutos generosos
caem em abundância, para
alentar o viajor
cansado, que deseja
chegar ao seu destino.”
Nestes tempos em que a
força bruta ainda esmaga
os mais puros
sentimentos do coração,
façamos como esse
saudoso poeta espírita
brasileiro, isto é,
façamos o bem que
estiver ao nosso
alcance, como se fora um
hábito normal, e não
percamos, jamais,
nenhuma chance de viver
em função de um ideal.
Semeemos sempre o amor,
discretamente, no chão
dos corações, como
semente que cai de
nossas mãos, fecunda e
boa, pois assim
estaremos imitando o
próprio Cristo, que em
silêncio nos ampara e
abençoa.
Para cantar com Deus
Ao leitor, numa
homenagem ao saudoso
poeta, eis os versos do
seu poema “Para cantar
com Deus”:
Acende-se em nossa alma
A chama incandescente
Do verdadeiro amor
Que o mundo inteiro
abraça
E vem-nos como que, pela
divina graça,
Uma alegria imensa, nova
diferente.
Em meio a tal ventura,
O sofrimento passa, tão
rápido e sutil
Que quase não se sente.
E o coração assim parece
que esvoaça
E junto ao coração
Também voeja a mente.
É doce assim ficar, com
a alma levantada
Disposta a suportar as
lutas da jornada,
Imersa neste mar de
mística beleza.
O espírito se eleva como
que num sonho
Imensamente belo, rútilo
e risonho,
Para cantar com Deus, na
voz da Natureza.
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