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Joias da poesia contemporânea
Ano 8 - N° 388 - 9 de Novembro de 2014

 
 
 

Morte 

Guaraci de Lima Silveira

  

Morte:

Eu a procurei nos escombros da vida.

Andei perdido cultuando a dor

às vezes ou sempre que passava por mim

levando pra longe os meus ternos sonhos...

Sim, os sonhos da vida que não morrem jamais.

 

Morte:

Um dia disseram-me que era sagaz.

Gerada na audácia voraz de criar

lágrimas e desesperos, desencontros,

desencantos, mergulhos no abismo,

no nada, niilismo, anarquismo sem

metas, objetivos ou marcas.

 

Morte:

Um dia curvei-me passivo, inerte

e sem cor ante a espada aguda

que sobrepunha em mim.

Assim eu chorei pelos que foram,

ou ficaram, pelos que copiaram o

exemplo malsão de chorar por você.

Digladiar com você, tão frágil e insípida

caminhando entre os homens.

 

Morte:

Hoje, passado no tempo, eu a vejo assim,

tão pequena e sem cor – morta que está

na presença de Deus.

 

Morte:

Hoje a procuro nos escombros da vida

e vejo em você os lampejos da aurora

que mora nos céus e espraia na vida, não

em escombros, assombros ou medos.

 

Eu a vejo solene, cumprindo missão.

Suplicando a Deus o ensejo de ir,

sumir e morrer entre os homens felizes.

 

Ah morte, como a cultuei, rituei e sofri por você!

Agora que está aqui tão morta no chão do

meu mundo eu a venero não pelo que leva

e sim pelo que traz.

Pois, por você morte, eu descobri que a vida

não cessa e que sua espada desviada aponta

solene os caminhos da renovação...

 

Guaraci de Lima Silveira, colaborador de nossa revista, reside em Juiz de Fora (MG).



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita