Um amigo nosso, colaborador
também desta revista,
pergunta-nos se a palavra “constroem”,
forma verbal do verbo
construir, é escrita assim
mesmo, sem acento gráfico.
Sim, “constroem” não
necessita de sinal gráfico.
O motivo é que se trata de
uma palavra paroxítona
(palavra em que a sílaba
tônica é a penúltima)
terminada com a letra “m”.
É pelo mesmo motivo que não
têm acento gráfico:
- movem
- cantem
- roem
- estudam.
Outra questão proposta ao
nosso amigo, e encaminhada à
revista, diz respeito à
regência do verbo “ver”.
No sentido de avistar,
perceber pela visão, olhar
para, contemplar, alcançar
com a vista, enxergar,
divisar, distinguir, o verbo
“ver” pede objeto direto:
- Eu vi o acidente.
- Eu vi meu velho avô.
- Eu o vi hoje.
- Nós vimos nossa tia.
- Nós a vimos ontem.
Constitui erro – o chamado
solecismo de regência –
dizer: “Eu lhe vi”.
*
Um leitor desta revista
estranhou o uso das palavras
“cretino” e “idiota”
mencionadas por Allan Kardec
na pergunta relativa à
questão 373 d´O Livro dos
Espíritos. Não se trata,
porém, de desconsideração
para com os portadores de
deficiência mental, os quais
têm sido modernamente, pelo
menos aqui no Brasil,
designados pela palavra
“excepcionais” e, mais
recentemente, pelo vocábulo
“especiais”.
Cretino (fr. crétin)
é um termo técnico que
designa, em Medicina, quem
sofre de cretinismo.
Da mesma forma, idiota
designa aquele que sofre de
idiotia, termo que em
Psiquiatria significa atraso
intelectual profundo,
caracterizado por ausência
de linguagem e nível mental
inferior ao da idade normal
de três anos, e muitas vezes
acompanhado de malformações
físicas.
Com esse sentido é que ambas
as palavras foram utilizadas
por Allan Kardec, que, se
vivesse em nossa época e no
Brasil, provavelmente se
expressaria de forma
diferente.