ANSELMO FERREIRA
VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
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Amargo episódio
Uma eleição
presidencial é
sempre um
momento crucial
na vida de
qualquer nação.
Sinaliza, de
certa forma, o
grau vigente de
saúde
institucional de
um país à medida
que os seus
cidadãos podem
sufragar os seus
futuros
representantes.
E tal exercício
de cidadania é
inequívoco
produto do
avanço humano e
das suas
sociedades. Como
ainda não
inventamos algo
melhor nesse
campo, devemos
enxergar em tal
conquista algo,
enfim,
absolutamente
expressivo,
especialmente
quando
comparamos com
locais onde
persiste a
ausência desse
direito.
Posto isto, a
eleição de 2014
será gravada nos
anais da
história do
Brasil como algo
chocante e
decepcionante
por vários
motivos. De um
lado,
felizmente, o
processo
democrático não
sofreu solução
de continuidade,
mas, de outro,
prevaleceram
práticas abjetas
que enlamearam a
vitória dos
atuais
detentores do
poder. Por mais
condescendentes
que sejamos não
podemos
dissociá-los,
bem como os seus
correligionários,
de certos atos e
atitudes
lamentáveis
cometidos ao
longo do pleito.
Mentiras,
difamações e
ataques baixos
de toda sorte
foram praticados
à profusão. Em
vez de se
digladiar no
campo das ideias
e proposições, o
que se viu foi
um processo
eficaz de
destruição de
reputações e
boas intenções.
O vale tudo
se tornou a
estratégia geral
de campanha,
evidenciando
claramente que a
meta era ganhar
a eleição não
importando os
métodos e
táticas
utilizadas.
Muito antes do
início do
pleito, aliás, a
atual mandatária
deixou
claramente
explicitados os
princípios
norteadores da
sua campanha:
“em eleição vale
o diabo”.
O ex-presidente,
a seu turno,
chegou – no
ápice da falta
de cordialidade
– ao extremo de
insinuar que os
seus opositores
eram “nazistas”,
num assomo de
destempero
verbal e
fomentação de
ódio. No
palanque do
desequilíbrio,
com efeito, só
havia espaço
para a “vitória”
e a sustentação
do poder efêmero
a qualquer
preço.
Estatísticas
foram brandidas
aos quatro
cantos como
“provas de
eficiência e
desempenho
superior”, e as
realizações
obtidas pelos
outros ou foram
apagadas
propositalmente
ou distorcidas.
Não houve a
grandeza moral
de se querer
reconhecer que
cada época tem
as suas próprias
dificuldades e
dinâmicas.
No decurso desse
espetáculo
dantesco de
disputa, a
verdade passou
ao largo. A
propósito,
talvez ela nunca
tenha sido tão
maltratada na
história dessa
nação, muito
embora o Cristo
de Deus nos
tenha alertado
um dia para que
a buscássemos
como salvaguarda
à nossa
libertação de
experiências
dolorosas.
Merece
consideração à
parte o
comportamento de
pouco mais de 54
milhões de
eleitores.
Aparentemente
nada os
sensibilizou a
não ser o
próprio
bem-estar.
Nem mesmo as
denúncias de
escândalos de
corrupção e
desmandos que
permearam toda a
corrida
eleitoral – num
deles
personagens
íntimos do
poder,
valendo-se de
delação premiada,
fizeram
gravíssimas
acusações contra
a suprema
mandatária da
nação e o
ex-presidente –
foram
suficientes para
fazê-los mudar
de opinião. Ao
que tudo indica,
portanto, os
sagrados
componentes
ético-morais tão
profundamente
exarados no
Evangelho do
Cristo não lhes
tocaram o
coração.
Diante do
exposto, ficamos
extremamente
desapontados e
preocupados com
o nosso Brasil.
Ficamos a nos
perguntar qual
será a lição a
ser aprendida
desse importante
evento. Seria a
necessidade de
as pessoas de
bem terem mais
fé e esperança?
Mais confiança
no futuro,
apesar da
tempestade que,
aparentemente,
se delineia no
horizonte? Ou
seria mais uma
vez a dor
coletiva como
acicate à
evolução?
Difícil dizer
exatamente a
essa altura.
O que nos parece
razoável, no
entanto, é que
precisamos nos
manter serenos.
Evitar que as
emoções mais
fortes aflorem
soa-nos como
providência
indispensável
nessa hora.
Ademais, cada
experiência tem
a sua lição
positiva. Talvez
precisemos de
mais uma lição
amarga para
acordar,
enquanto povo,
para certos
deveres e
responsabilidades
do Espírito que
nos cabem.
Aguardemos,
enfim, o que o
plano maior da
vida nos reserva
adiante no
contexto
coletivo.