A. Quais os elementos constitutivos do Universo?
B. Qual a meta que os seres espirituais devem alcançar?
C. Quem é que modela o envoltório físico do homem?
Texto para leitura
519. Escala dos seres orgânicos – Entre o reino vegetal e o reino animal nenhuma delimitação há nitidamente marcada. Nos confins dos dois reinos estão os zoófitos ou animais-plantas, cujo nome indica que eles participam de um e outro: serve-lhes de traço de união.
520. Como os animais, as plantas nascem, vivem, crescem, nutrem-se, respiram, reproduzem-se e morrem. Como aqueles, precisam elas de luz, de calor e de água; estiolam-se e morrem, desde que lhes faltem esses elementos. A absorção de um ar viciado e de substâncias deletérias as envenena. Oferecem como caráter distintivo mais acentuado conservarem-se presas ao solo e tirarem dele a nutrição, sem se deslocarem.
521. O zoófito tem a aparência exterior da planta. Como planta, mantém-se preso ao solo; como animal, a vida nele se acha mais acentuada: tira do meio ambiente a sua alimentação. Um degrau acima, o animal é livre e procura o alimento. Alguns se metamorfoseiam, como a lagarta, que se transforma em elegante borboleta. Depois dos animais invertebrados, vem a ordem dos vertebrados, animais de esqueleto ósseo, ordem que abrange os peixes, os reptis, os pássaros. Seguem-se, por fim, os mamíferos, cuja organização é a mais completa.
522. Se se considerarem apenas os dois pontos extremos da cadeia, nenhuma analogia aparente haverá entre animais e plantas. Mas, se se passar de um anel a outro sem solução de continuidade, chega-se, sem transição brusca, da planta aos animais vertebrados. Compreende-se então a possibilidade de que os animais de organização complexa não sejam mais do que uma transformação, ou, se quiserem, um desenvolvimento gradual, a princípio insensível, da espécie imediatamente inferior e, assim, sucessivamente, até ao primitivo ser elementar.
523. O homem corpóreo – Do ponto de vista corpóreo e puramente anatômico, o homem pertence à classe dos mamíferos, dos quais unicamente difere por alguns matizes na forma exterior. Quanto ao mais, a mesma composição de todos os animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e os mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção, de reprodução. Ele nasce, vive e morre nas mesmas condições e, quando morre, seu corpo se decompõe, como tudo o que vive. Não há, em seu sangue, na sua carne, em seus ossos, um átomo diferente dos que se encontram no corpo dos animais. Como estes, ao morrer, restitui à terra o oxigênio, o hidrogênio, o nitrogênio e o carbono que se haviam combinado para formá-lo; e esses elementos, por meio de novas combinações, vão formar outros corpos minerais, vegetais e animais. É tão grande a analogia entre os animais e o homem, que se estudam as suas funções orgânicas em certos animais, quando as experiências não podem ser feitas nele próprio.
524. Na classe dos mamíferos, o homem pertence à ordem dos bímanos. Logo abaixo dele vêm os quadrúmanos (animais de quatro mãos) ou macacos, alguns dos quais, como o orangotango e o chimpanzé, têm certos ademanes do homem, a tal ponto que, por muito tempo, foram denominados homens das florestas. Como o homem, esses macacos caminham eretos, usam cajados, constroem choças e levam à boca, com a mão, os alimentos.
525. Por pouco que se observe a escala dos seres vivos, do ponto de vista do organismo, é-se forçado a reconhecer que, desde o líquen até a árvore e desde o zoófito até o homem, há uma cadeia que se eleva gradativamente, sem solução de continuidade, e cujos anéis todos têm um ponto de contacto com o anel precedente.
526. Acompanhando-se passo a passo a série dos seres, dir-se-ia que cada espécie é um aperfeiçoamento, uma transformação da espécie imediatamente inferior. Visto que são idênticas às dos outros corpos as condições do corpo do homem, química e constitucionalmente; visto que ele nasce, vive e morre da mesma maneira, também nas mesmas condições que os outros se há de ele ter formado.
527. Ainda que isso lhe fira o orgulho, tem o homem que se resignar a não ver no seu corpo material mais do que o último anel da animalidade na Terra. Aí está o inexorável argumento dos fatos, contra o qual seria inútil protestar. Todavia, quanto mais o corpo diminui de valor aos seus olhos, tanto mais cresce de importância o princípio espiritual. Se o primeiro o nivela ao bruto, o segundo o eleva a incomensurável altura.
528. O materialismo pode por aí ver que o Espiritismo, longe de temer as descobertas da Ciência e o seu positivismo, lhe vai ao encontro e os provoca, por possuir a certeza de que o princípio espiritual, que tem existência própria, em nada pode com elas sofrer.
529. O Espiritismo marcha ao lado do materialismo, no campo da matéria; admite tudo o que o segundo admite; mas avança para além do ponto onde este último para. O Espiritismo e o materialismo são como dois viajantes que caminham juntos, partindo de um mesmo ponto; chegados a certa distância, diz um: «Não posso ir mais longe». O outro prossegue e descobre um novo mundo.
530. Galgado o ponto em que nos achamos com relação à Gênese, o materialismo se detém, enquanto o Espiritismo prossegue em suas pesquisas no domínio da Gênese espiritual.
531. Capítulo XI – Princípio espiritual – A existência do princípio espiritual é um fato que, por assim dizer, não precisa de demonstração, do mesmo modo que o da existência do princípio material. É, de certa forma, uma verdade axiomática. Ele se afirma pelos seus efeitos, como a matéria pelos que lhe são próprios.
532. De acordo com este princípio: «Todo efeito tendo uma causa, todo efeito inteligente há de ter uma causa inteligente», ninguém há que não faça distinção entre o movimento mecânico de um sino que o vento agite e o movimento desse mesmo sino para dar um sinal, um aviso, atestando que obedece a um pensamento, a uma intenção. Ora, não podendo acudir a ninguém a ideia de atribuir pensamento à matéria do sino, tem-se de concluir que o move uma inteligência à qual ele serve de instrumento para que ela se manifeste.
533. Pela mesma razão, ninguém terá a ideia de atribuir pensamento ao corpo de um homem morto. Se, pois, vivo, o homem pensa, é que há nele alguma coisa que não há quando está morto. A diferença que existe entre ele e o sino é que a inteligência, que faz com que este se mova, está fora dele, ao passo que está no homem a que faz que este obre.
534. O princípio espiritual é corolário da existência de Deus; sem esse princípio, Deus não teria razão de ser, visto que não se poderia conceber a soberana inteligência a reinar, pela eternidade em fora, unicamente sobre a matéria bruta, como não se poderia conceber que um monarca terreno, durante toda a sua vida, reinasse exclusivamente sobre pedras. Não se podendo admitir Deus sem os atributos essenciais da Divindade: a justiça e a bondade, inúteis seriam essas qualidades, se ele as houvesse de exercitar somente sobre a matéria.
535. Por outro lado, não se poderia conceber um Deus soberanamente justo e bom, a criar seres inteligentes e sensíveis, para lançá-los ao nada, após alguns dias de sofrimento sem compensações, a recrear-se na contemplação dessa sucessão indefinita de seres que nascem, sem que o hajam pedido, pensam por um instante, apenas para conhecerem a dor, e se extinguem para sempre, ao cabo de efêmera existência.
536. Sem a sobrevivência do ser pensante, os sofrimentos da vida seriam, da parte de Deus, uma crueldade sem objetivo. Eis por que o materialismo e o ateísmo são corolários um do outro; negando o efeito, não podem eles admitir a causa. O materialismo é, pois, consequente consigo mesmo, embora não o seja com a razão.
537. É inata no homem a ideia da perpetuidade do ser espiritual; essa ideia se acha nele em estado de intuição e de aspiração. O homem compreende que somente aí está a compensação às misérias da vida. Essa a razão por que sempre houve e haverá cada vez mais espiritualistas do que materialistas e mais devotos do que ateus.
538. À ideia intuitiva e à força do raciocínio o Espiritismo junta a sanção dos fatos, a prova material da existência do ser espiritual, da sua sobrevivência, da sua imortalidade e da sua individualidade. Torna precisa e define o que aquela ideia tinha de vago e de abstrato. Mostra o ser inteligente a atuar fora da matéria, quer depois, quer durante a vida do corpo.
Respostas às questões propostas
A. Quais os elementos constitutivos do Universo?
O elemento material e o elemento espiritual. O elemento espiritual constitui os seres chamados Espíritos, da mesma forma que, individualizado, o elemento material constitui os diferentes corpos da Natureza, orgânicos e inorgânicos. (A Gênese, cap. XI, item 6.)
B. Qual a meta que os seres espirituais devem alcançar?
Segundo o Espiritismo, criados simples e ignorantes, com igual aptidão para progredir pelas suas atividades individuais, todos os seres espirituais têm por meta atingir a perfeição relativa. Esse é o fim, é o objetivo que lhes cumpre alcançar. (A Gênese, cap. XI, itens 7 a 9.)
C. Quem é que modela o envoltório físico do homem?
É o próprio Espírito que modela seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com a sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais; cabe a ele empregá-los. É assim que os povos adiantados têm um organismo ou, se quiserem, um aparelhamento cerebral mais aperfeiçoado do que os povos primitivos. (A Gênese, cap. XI, item 11.)