Continuamos o
estudo metódico
e sequencial do
clássico
Fatos Espíritas,
de William
Crookes, obra
publicada em
1874, cujo
título no
original inglês
é Researches
in the phenomena
of the
spiritualism. |
Questões preliminares
A. Os sábios conseguiram
observar fenômenos em
plena luz, tendo a
médium à vista?
Sim. Tendo em vista que
a escuridão é, ao que
parece, bastante
favorável à
manifestação, era
preciso deixar a
escuridão aos fenômenos,
mas mantendo a luz para
o grupo de pesquisadores
e a médium. Foi o que
fizeram na sessão de 6
de outubro: uma parte de
um quarto foi separada
da outra por uma
cortina, para que ela
ficasse na escuridão, e
a médium foi colocada
sentada em uma cadeira
diante da abertura da
cortina, com as costas
para a parte escura,
enquanto que os braços,
mãos, rosto e pés
ficaram na parte clara
do quarto.(Fatos
Espíritas - Relatório da
comissão dos sábios -
Fenômenos observados em
plena luz, com a médium
à vista.)
B. Embora houvesse luz
no ambiente da sessão,
não poderiam os sábios
estar sob efeito de uma
ilusão ou uma alucinação
coletiva?
Não. Uma circunstância
foi importante para que
tal suposição fosse
definitivamente
afastada. No fim da
sessão realizada em 6 de
outubro, o Sr. Du Prel
foi o primeiro a
penetrar na parte escura
e anunciou uma impressão
na argila. Com efeito,
verificou-se que a
argila estava deformada
por profunda depressão
de cinco dedos
pertencentes à mão
direita (o que explicou
o fato de um pedaço de
argila ter sido atirado
sobre a mesa, através do
orifício da cortina, no
fim da sessão) prova
evidente de que os
pesquisadores não
estavam alucinados. Os
fatos descritos se
repetiram várias vezes,
sob a mesma forma ou sob
forma muito pouco
diferente, nas sessões
de 9, 13, 15, 17 e 18 de
outubro.
(Obra citada - Relatório
da comissão dos sábios –
Fenômenos observados em
plena luz, com a médium
à vista.)
C. Concluídas as
observações, a que
conclusão chegaram os
sábios que firmaram o
Relatório?
Primeiramente eles
deixaram claro que todos
os fenômenos
maravilhosos que haviam
sido observados na
escuridão completa, ou
quase completa, foram
obtidos também sem
perder de vista a médium
nem um instante. Por
isso, a sessão de 6 de
outubro foi para todos a
prova evidente e
absoluta da exatidão das
observações anteriores
feitas na escuridão, bem
como uma prova
incontestável de que,
para explicar os
fenômenos na completa
escuridão, não é
absolutamente necessário
supor uma fraude da
médium, nem uma ilusão
dos assistentes. Em
resumo: a veracidade das
manifestações foi por
todos eles confirmada.
(Obra citada - Relatório
da comissão dos sábios –
Conclusão.)
Texto para leitura
267. Fenômenos
observados em plena luz,
com a médium à vista
– Segundo dito no
Relatório firmado pelos
sábios, restava-lhes,
para chegarem à inteira
convicção, experimentar
os fenômenos não mais na
escuridão e sem perder
de vista a médium.
268. Tendo em vista que
a escuridão é, ao que
parece, bastante
favorável à
manifestação, era
preciso deixar a
escuridão aos fenômenos,
mas mantendo a luz para
o grupo de pesquisadores
e a médium.
269. Para isso, eis como
procederam eles na
sessão de 6 de outubro:
uma parte de um quarto
foi separada da outra
por uma cortina, para
que ela ficasse na
escuridão, e a médium
foi colocada sentada em
uma cadeira diante da
abertura da cortina, com
as costas para a parte
escura, enquanto que os
braços, mãos, rosto e
pés ficaram na parte
clara do quarto.
270. Atrás da cortina
colocou-se uma pequena
cadeira, com uma
campainha, a meio metro
pouco mais ou menos da
cadeira da médium, e
sobre outra mais
afastada foi colocado um
vaso cheio de argila
úmida, perfeitamente
lisa na superfície. Na
parte clara fez-se um
círculo ao redor da
mesa, que foi colocada
diante da médium, tendo
esta as mãos sempre
seguras pelos seus
vizinhos, os Srs.
Schiaparelli e Du Prel.
O aposento estava
iluminado por uma
lanterna de vidros
encarnados colocada
sobre outra mesa. Era a
primeira vez que a
médium se submetia a
essas condições.
271. Imediatamente os
fenômenos começaram.
Então, à luz de uma
vela, sem vidros
encarnados, viu-se a
cortina enfunar-se para
o lado dos
pesquisadores. Os
vizinhos da médium,
empurrando-a, sentiram
alguma resistência; a
cadeira de um deles foi
puxada com violência,
sendo nela vibradas
cinco pancadas, o que
significava a
necessidade de diminuir
a luz. Acendeu-se,
então, a lanterna
encarnada, sem retirá-la
do lugar, cobrindo-a,
além disso, em parte,
com um para-luz; pouco
depois, porém, foi
tirado o para-luz, tendo
sido antes a lanterna
colocada na mesa, em
frente à médium.
272. As bordas do
orifício da cortina
foram fixadas aos
ângulos da mesa e, a
pedido da médium,
redobradas por baixo da
sua cabeça e presas com
alfinetes; então, sob a
cabeça da médium começou
alguma coisa a aparecer,
repetidas vezes. O
doutor Aksakof
levantou-se, colocou a
mão na abertura da
cortina, por cima da
cabeça da médium, e
comunicou logo que dedos
o tocavam repetidamente;
depois a sua mão foi
puxada através da
cortina e por fim sentiu
que lhe entregavam
alguma coisa; era a
pequena cadeira, que ele
segurou e que foi de
novo tomada, caindo por
derradeiro no chão.
Todos os assistentes
puseram a mão na
abertura e sentiram o
contato de mãos.
273. No fundo escuro
dessa abertura, por cima
da cabeça da médium, os
clarões azulados
habituais apareceram
várias vezes; o Sr.
Schiaparelli foi tocado
fortemente, através da
cortina, nas costas e ao
lado; a sua cabeça foi
coberta e puxada para a
parte escura, enquanto
com a mão esquerda
segurava sempre a
direita da médium e com
a mão direita segurava a
esquerda do Sr. Fínzi.
Nessa posição, sentiu-se
tocado por dedos
quentes, viu clarões
descreverem curvas no ar
e iluminando um pouco a
mão ou o corpo a que
pertenciam. Depois,
voltando do seu lugar,
viu que mão estranha
começou a aparecer mais
distintamente na
abertura, isto é, sem
ser retirada com tanta
rapidez.
274. Como a médium
jamais houvesse visto
semelhante coisa,
levantou a cabeça para
olhar e imediatamente a
mão lhe tocou o rosto. O
Sr. Du Prel, sem deixar
a mão da médium, passou
a cabeça na abertura,
por cima dela, e logo se
sentiu tocado fortemente
em diferentes partes e
por vários dedos. Entre
as duas cabeças, a mão
se mostrou ainda. O Sr.
Du Prel voltou ao seu
lugar e o Sr. Aksakof
apresentou um lápis na
abertura; o lápis foi
tomado pela mão e não
caiu; pouco depois foi
lançado através da
abertura sobre a mesa.
275. Uma vez apareceu um
punho fechado sobre a
cabeça da médium; pouco
depois, a mão se abriu
lentamente, ficando com
os dedos separados. É
impossível contar o
número de vezes que essa
mão apareceu e foi pelo
grupo tocada; basta
dizer que nenhuma dúvida
se tornava possível. Era
uma verdadeira mão
humana e viva que os
sábios viam e tocavam,
ao passo que na mesma
ocasião o busto e os
braços da médium ficavam
visíveis e suas mãos
estavam seguras pelos
seus dois vizinhos.
276. No fim da sessão, o
Sr. Du Prel foi o
primeiro a penetrar na
parte escura e anunciou
uma impressão na argila.
Com efeito, verificou-se
que a argila estava
deformada por profunda
depressão de cinco dedos
pertencentes à mão
direita (o que explicou
o fato de um pedaço de
argila ter sido atirado
sobre a mesa, através do
orifício da cortina, no
fim da sessão) prova
evidente de que os
pesquisadores não
estavam alucinados.
277. Os fatos acima
descritos se repetiram
várias vezes, sob a
mesma forma ou sob forma
muito pouco diferente,
nas sessões de 9, 13,
15, 17 e 18 de outubro.
278. Conclusão –
Assim, pois, todos os
fenômenos maravilhosos
que haviam sido
observados na escuridão
completa, ou quase
completa, foram obtidos
também sem perder de
vista a médium nem um
instante. Por isso, a
sessão de 6 de outubro
foi para todos a prova
evidente e absoluta da
exatidão das observações
anteriores feitas na
escuridão; foi a prova
incontestável de que,
para explicar os
fenômenos na completa
escuridão, não é
absolutamente necessário
supor uma fraude da
médium, nem uma ilusão
dos assistentes; e, por
fim, foi para o grupo de
sábios a prova de que
esses fenômenos podem
resultar de uma causa
idêntica à que os
produz, quando a médium
está visível, com uma
luz suficiente para se
lhe verificar a posição
e os movimentos.
279. No final do
Relatório, os sábios
assim escreveram:
Publicando este curto e
incompleto relatório das
nossas experiências,
temos também o dever de
dizer que as nossas
convicções são as
seguintes:
1° - Que, nas
circunstâncias dadas,
nenhum dos fenômenos
obtidos à luz mais ou
menos intensa se poderia
produzir com o auxílio
de um artifício
qualquer;
2° - Que a mesma opinião
pode ser mantida em
grande parte para os
fenômenos da escuridão
completa.
Apenas para alguns
destes podíamos admitir,
a rigor, a possibilidade
de os imitar, por meio
de qualquer hábil
artifício da médium;
todavia, segundo o que
dissemos, é evidente que
esta hipótese seria, não
somente improvável, mas
ainda inútil, no caso
atual, pois que, mesmo
admitindo-a, o conjunto
dos fatos nitidamente
provados não seria
absolutamente atingido
por ela.
Reconhecemos aliás que,
sob o ponto de vista da
ciência exata, as nossas
experiências deixam
ainda a desejar,
porquanto foram
empreendidas sem que
pudéssemos saber do que
tínhamos necessidade, e
os diversos aparelhos
que empregamos foram
preparados e
improvisados sob os
cuidados dos Srs. Fínzi,
Gerosa e Ermácora.
Todavia, o que vimos e
verificamos basta, a
nosso ver, para provar
que esses fenômenos são
bem dignos da atenção
dos sábios.
Consideramo-nos no dever
de exprimir publicamente
o nosso reconhecimento
ao Sr. Dom Ércole Chiaia,
que prosseguiu durante
longos anos com tanto
zelo e paciência, a
despeito dos clamores e
difamações, no
desenvolvimento da
faculdade mediúnica
dessa médium notável,
chamando para ela a
atenção dos homens de
estudo e não tendo em
vista senão um único
fim: a vitória de uma
verdade impopular.
Alexandre Aksakof,
Diretor do jornal “Os
Estudos Psíquicos”, em
Leipzig, Conselheiro de
Estado de S. M. o
Imperador da Rússia.
Giovanni Schiaparelli,
Diretor do Observatório
Astronômico de Milão.
Carl Du Prel, Doutor em
Filosofia, de Munique.
Angelo Brofferio,
Professor de Filosofia.
Giuseppe Gerosa,
Professor de Física da
Escola Real Superior de
Agricultura de Portici.
G. B. Ermácora, Doutor
em Física.
Giorgio Fínzi, Doutor em
Física.
Charles Richet,
Professor da Faculdade
de Medicina de Paris,
Diretor da “Revista
Científica”.
César Lombroso,
Professor da Faculdade
de Medicina de Turim.