JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)
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A força
da oração
Seja o que for que
peçais na prece, crede
que o obtereis e
concedido vos
será o que
pedirdes. (Marcos, cap.
XI, v. 24. In: O
Evangelho
segundo o
Espiritismo, cap.
XXVII, it. 5.)
O jornal
Correio Braziliense, em
24 de outubro de 2004,
publicou uma página
inteira do caderno
Brasil sobre o poder
da oração. Segundo o
jornalista Ullisses
Campbell, da equipe
desse periódico, o
professor de Imunologia
Carlos Eduardo Tosta, da
Faculdade de Medicina (FMD)
da Universidade de
Brasília (UnB), fez uma
pesquisa com o objetivo
de constatar se as
orações feitas a
distância em benefício
de alguém poderiam,
cientificamente, ter sua
eficácia comprovada.
O trabalho envolveu 52
alunos estudantes de
Medicina da própria UnB
e vários grupos de
pessoas de diversas
religiões que fazem
orações em benefício
alheio. Os alunos foram
divididos em dois grupos
de 26 pares, cada par
composto de pessoas com
a mesma idade, que não
se conheciam.
Antes de receberem as
orações, os alunos
passaram por uma
avaliação clínica e
psicológica e, em
seguida, fizeram teste
sanguíneo para verificar
sua defesa orgânica.
Finalmente, a foto 3x4
de cada aluno foi
entregue pelo
pesquisador aos grupos
de intercessores para
que orassem diariamente
por esses estudantes, de
quem ficaram sabendo
apenas o primeiro nome.
Mas apenas um aluno de
cada par teve a foto e o
nome conhecido pelos
rezadores; o outro não
recebeu qualquer prece.
Após três anos, foi
feita a comparação entre
os exames clínicos de
todos os estudantes e
verificou-se que o grupo
de alunos que não
receberam orações não
teve qualquer alteração
em suas células de
defesa, enquanto o grupo
beneficiado pelas preces
ficou com o sistema
imunológico mais
resistente.
A conclusão do
pesquisador, que se
considera “transreligioso”,
foi a de que “as preces
têm efeito positivo na
saúde”.
Segundo o autor do
artigo, outros estudos
feitos no exterior já
haviam comprovado, sendo
publicados, em revistas
científicas, os efeitos
benéficos da prece sobre
a saúde das pessoas
enfermas. Afirma ainda
que:
O maior estudo
envolvendo religiosidade
foi feito em 1988, na
Califórnia, com quase
400 pacientes internados
na unidade de tratamento
intensivo (UTI)
cardiológica de um
hospital público. Metade
desses pacientes recebeu
preces; a outra parte,
não. Cada paciente tinha
entre três e sete
intercessores e seus
médicos não ficaram
sabendo. Dez meses
depois, ficou comprovado
que os pacientes que
receberam orações
passaram a necessitar
cada vez menos de ajuda
de aparelhos para
respirar. Até os edemas
nos pulmões diminuíram.
(CAMPBELL, op. cit.)
Na avaliação do Dr.
Tosta, citada pelo
jornalista, “o médico
aprende na universidade
que nós somos um corpo
que eventualmente adoece
e que precisa de
tratamento.
Acontece que temos uma
dimensão mental que vai
além disso.
Temos ansiedade,
depressão e psicose
[...]. Além disso, temos
a dimensão espiritual,
que está sujeita a
doenças causadas por
sentimentos, como
inveja, raiva, ciúme e
rancor. A Medicina ainda
dá pouca importância a
isso”. (Id., ibid.)
Entretanto, podemos
constatar que é grande o
número de médicos,
psicólogos, psiquiatras
e outros profissionais
da saúde que comparecem
aos Centros Espíritas e
aos templos religiosos
para não somente
manifestar sua fé no
poder divino, como
também estudar os
efeitos da oração no
auxílio ao tratamento
médico.
Nessa reportagem, a Sra.
Helena Dias Mousinho,
que participa de um
grupo de mulheres que
oram em favor de
pacientes internados
na UTI do Hospital de
Base do Distrito
Federal, afirma que “o
centro que frequento, na
L2 norte, é cheio de
médicos”. O mesmo
podemos dizer com
relação ao que vimos
constatando, ao longo de
quase duas décadas como
monitor do Estudo
Sistematizado da
Doutrina Espírita (ESDE),
na Federação Espírita
Brasileira. Entre os
seus participantes, bom
número deles é de
médicos e outros
profissionais da saúde.
Ao concluir seu artigo,
o jornalista Campbell
informa que o Dr. Tosta
sugere a inclusão no
currículo de Medicina da
“disciplina
espiritualidade”, na
qual os estudantes
aprendam sobre o poder
da oração.
E termina com a seguinte
frase do Imunologista:
“Todas as religiões têm
prece. Até os budistas,
que não acreditam em
Deus, têm suas preces”.
(Id., ibid.)
Aí está uma interessante
e oportuna proposta.
Mas, de nossa parte,
temos a convicção de
que, independentemente
desses estudos, a
prática cotidiana da
oração é uma verdadeira
fonte de revigoramento
de nossas energias
mentais e de nossas
forças, para aceitarmos
a vontade de Deus.
Afirma Kardec que, da
máxima citada abaixo do
título deste artigo, não
é lógico deduzir que
basta pedir para obter,
mas não é justo julgar
que Deus não atende a
toda oração a Ele feita.
A prece proferida com
todo tipo de propósito,
em particular o da
aquisição de bens
materiais, realmente só
será atendida quando
tivermos merecimento
para obter o que
pedimos. Entretanto,
lembra o Codificador da
Doutrina Espírita que a
coragem, a paciência e a
resignação serão sempre
concedidas por Deus a
quem lhas pedir com
confiança, assim como os
meios de libertar-se por
si mesmo das
dificuldades,
proporcionando-lhe,
nesse caso, o mérito da
ação.
A oração pode beneficiar
àquele que ora ou àquele
por quem se ora. Pode
ser feita para pedir,
louvar ou agradecer a
Deus um benefício, pois
nada ocorre sem a
vontade d'Ele, ainda que
oremos recorrendo a
Espíritos
intermediários.
Nesse capítulo XXVII,
item 10, d'O
Evangelho segundo o
Espiritismo, explica
ainda Allan Kardec a
forma de transmissão do
pensamento através do
fluido universal, no
qual se inserem todos os
seres, encarnados e
desencarnados, sendo tal
fluido veículo do
pensamento e se
estendendo ao infinito.
Dirigido, pois, o
pensamento para um ser
qualquer, na Terra ou no
espaço, de encarnado
para desencarnado, ou
vice-versa, uma corrente
fluídica se estabelece
entre um e outro,
transmitindo de um ao
outro o pensamento, como
o ar transmite o som.
A energia da corrente
guarda proporção com a
do pensamento e da
vontade. É assim que os
Espíritos ouvem a prece
que lhes é dirigida,
qualquer que seja o
lugar onde se encontrem;
é assim que os Espíritos
se comunicam entre si,
que nos transmitem suas
inspirações, que
relações se estabelecem
a distância entre
encarnados. (Kardec, op.
cit.)
O Codificador conclui
então que, se tal
explicação torna
compreensíveis os
efeitos da prece, o
“juiz supremo em todas
as coisas” é Deus, sob
cuja vontade e poder se
subordinam os efeitos da
oração.
As preces feitas com
sentimento puro em
benefício próprio ou de
outrem serão sempre
ouvidas,
independentemente da
religião de quem as
faça. É muito importante
orarmos de forma clara,
concisa e simples, pois
muito mais que as
fórmulas preconcebidas e
o grande número de
palavras, as vibrações
de nossa alma, a
humildade e a
submissão à vontade
dessa Inteligência
Suprema que rege todas
as coisas – DEUS – é que
proporcionarão à nossa
oração o poder de cura e
de superação de nossas
provas.
Potencializadas pelo
Amor, nossas energias em
benefício do próximo
modificarão para melhor
os fluidos deletérios de
suas enfermidades,
proporcionando-lhes até
mesmo a cura de suas
doenças físicas.
No entanto, nunca é
demais lembrar o alerta
de Jesus: “Vai e não
peques mais”. Se o
convalescente não se
ajudar renovando sua
mente com pensamentos
elevados, evitando
atitudes de impaciência,
raiva e outras
manifestações do
desequilíbrio mental,
fatalmente recairá no
estado patológico
anterior ou mesmo em
outros mais graves.
Pela oração, entramos em
comunhão direta com as
potências divinas e,
consoante as palavras de
Jesus, removeremos as
montanhas de nossas
limitações, de nossas
fraquezas e
enfermidades. Por ela,
enfim, receberemos e
transmitiremos ao nosso
próximo as vibrações
elevadas do Amor Divino.
Assim, seremos capazes
de, nos transformando,
contribuir na
transformação do Mundo,
pois já se disse que
orar é semelhante a
arar. E sendo o arado a
metáfora do trabalho,
quando trabalhamos
emitindo as nossas
energias mentais em
benefício alheio, pela
oração, associados aos
emissários divinos,
exercitamos o Amor, essa
força maravilhosa sem a
qual nada se consegue de
bom.
Na definição
dada pelo Dr.
Tosta e citada
pelo jornalista,
“transreligiosa”
é a pessoa que
aceita o que os
“grandes mestres
religiosos
ensinam sem
rótulos que
definam se uma
religião é
melhor do que a
outra”.
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