Onde está o animal?
O crime dos animais
racionais contra seus
irmãos do reino inferior
prossegue, conforme
podemos constatar em
mais uma reportagem
sobre o assunto,
estampada na revista
VEJA, edição 2398,
de cinco de novembro de
2014, páginas 114 a 117.
Vamos a um trecho dela:
“Há três semanas ocorreu
uma morte chocante: a de
Suni, aos 34 anos, um
rinoceronte-branco-do-norte,
macho, um dos quatro da
espécie, vivendo na
reserva 01 Pejeta, no
Quênia. Até quarta-feira
da semana passada, ainda
não se sabia se ele
tinha sido morto por
caçadores, se perdera a
vida em um acidente ou
se morrera de causas
naturais. Por que a
importância? Suni era um
dos dois últimos
exemplares machos no
mundo. Sobrou apenas
Sudan, que mora no mesmo
local, mas tem 40 anos
(idoso para um
rinoceronte) e é tido
como incapaz de
reproduzir-se. A
esperança de ver o
nascimento de filhotes
está guardada em outro
lugar, no Instituo
Leibniz para Pesquisa em
Zoologia e Vida
Selvagem, em Berlim. Lá
permanecem congelados
potes de esperma colhido
de machos. Com esse
material, cientistas
esperam engravidar as
últimas cinco fêmeas que
restam, ou criar clones.
A espécie teve sua
população reduzida pela
caça. É mais uma vítima
da estupidez humana:
eles são mortos por
causa de seus chifres,
que valem 57.000 dólares
no mercado negro. Quem
os compra?
Representantes da
pseudomedicina chinesa,
que lhes atribui
propriedades mágicas. O
rinoceronte-branco-do-norte
é o exemplo máximo de
como é preciso combater
os abusos da delicada
relação entre o homem e
a natureza”.
Aliás, essas crendices
existentes na China e,
talvez, também em outros
países, são responsáveis
pela morte de outros
animais, tal como o
tigre-de-sumatra cujas
partes do corpo são
vendidas em determinadas
farmácias daquele país
como se tivessem
propriedades mágicas. É
o ser humano que
continua buscando
soluções mais fáceis
para os seus problemas
do que encontrar as
soluções dentro de si
mesmo, local onde a
maioria não gosta de
entrar porque aí estão
mazelas milenares
registradas no
“computador” do ser
imortal. Então, busca-se
fora, “doa a quem doer”
e o quanto doer,
soluções que estão no
interior de cada um. Não
me recordo de outro
animal que tenha a bile
extraída da sua
vesícula, também na
China, estando ele ainda
vivo e padecendo todo o
sofrimento que esse ato
de crueldade provoca,
porque se acredita em
propriedades miraculosas
desse fluido retirado
através da crueldade do
assim chamado “ser
humano”, animal
racional!
Enquanto Divaldo, altas
horas da madrugada,
senta-se em algum local
da Mansão do Caminho
para meditar, para fazer
a autoanálise sugerida
por Santo Agostinho na
questão de número 919 de
O Livro Dos Espíritos,
como um mecanismo
indispensável para a
evolução do ser humano,
outros empunham armas
que tiram a vida desses
indefesos animais,
escondidos atrás da
covardia que caracteriza
essas pessoas. Divaldo
utiliza-se do Amor. Os
matadores lançam mão da
violência de suas armas,
violência essa que,
muitas vezes, é
direcionada contra o
próprio semelhante.
Muitas pessoas
insensíveis argumentam
que se trata apenas de
animais. Sim, de animais
que sentem dor, fome,
sede e padecem de
doenças como o “bondoso”
ser humano. Não se trata
de seres inanimados
insensíveis a tudo e a
todos, mas sim de
animais que não são
criação do homem, mas
criaturas de Deus com
direito à vida onde
foram colocados pelo
Autor do Universo.
Porém, o problema maior
não é esse. É preciso
atentar para o mal maior
que está por trás dessa
matança animal. É
indispensável tomar
consciência da violência
que está no indivíduo e
que o leva a essa
volúpia, a esse prazer
de destruir como se
fosse o mais poderoso
dos deuses! Volúpia
essa, prazer esse que
pode ser mobilizado
contra o próprio homem,
como está sendo
utilizado para a
destruição do planeta
que habitamos: poluição
de rios, da atmosfera,
desmatamento, explosões
de armas nucleares no
interior do planeta para
testar o poder de
destruição e, sabe-se lá
o que mais se passa às
ocultas do nosso ingênuo
conhecimento.
Recentemente ocupou
espaço, na imprensa de
todo país, um homem
rotulado como serial
killer por ter
feito várias vítimas
quando sentia vontade de
matar. “Simplesmente”
isso: sentia vontade de
matar e não passava
vontade! É a violência
que aceitamos seja
despejada contra os
animais, contra a
Natureza como um todo e
que acaba por atingir o
próprio ser humano,
quando, então,
transforma-se num “Deus
nos acuda”!
Quando um animal é morto
por razões vis, onde
está o verdadeiro
animal: naquele que
empunha a arma ou
naquele que recebe o
projétil mortal? E
quando se trata de um
crime vitimando um ser
humano, onde está o
verdadeiro animal aos
olhos das Leis
soberanamente justas e
incorruptíveis?
Se você achou essa
pergunta muito difícil,
deixo uma outra, talvez,
mais fácil: estava
Francisco de Assis
totalmente errado ao
considerar os animais
como seus verdadeiros
irmãos, ou certos
estaremos nós que
despejamos sobre os
seres menores da Criação
toda a dose de maldade
que ainda nos
caracteriza?