ANDRÉ LUIZ ALVES
JR.
locutorandreluiz@hotmail.com
Curitiba, PR
(Brasil)
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Por que sofremos?
"Bem-aventurados os
aflitos, porque deles é
o Reino dos Céus."
O sofrimento acompanha o
homem desde a sua
origem, em um passado
muito distante. No
início, quando a luta
pela sobrevivência era a
única preocupação
humana, destacavam-se os
padecimentos físicos de
todas as ordens. Na
medida em que a mente
foi se desenvolvendo,
surgiram também as
aflições do ser,
pautadas pelos problemas
existenciais e as
angústias morais,
resultantes de nosso
livre-arbítrio.
Certamente alguém já se
perguntou: Por que sofro
tanto?
Outras pessoas vão mais
além e questionam: Por
que Deus, sendo
soberanamente justo e
bom, permite que a sua
criação sofra?
Em verdade, ninguém tem
o destino do sofrimento,
somos criados simples e
ignorantes para que
possamos evoluir através
de nosso próprio
esforço. A dificuldade é
um reflexo de nossa
conduta moral, do
caráter e, sobretudo, de
nossas ações praticadas
outrora. É a aplicação
da lei de causa e
efeito.
Allan Kardec, em "O
Evangelho segundo o
Espiritismo", explica
que a origem da nossa
dor parte de duas fontes
distintas: as que são
geradas na vida presente
e as que têm origem em
existências pretéritas.
Para conhecer a causa do
sofrimento originado
nesta reencarnação,
basta consultar a
própria consciência, que
a todo momento nos fala.
Na maioria das vezes,
nossos tormentos são
reflexos de nossas
decisões ou omissões,
das atitudes egoístas,
do orgulho e da vaidade
que ainda domina nosso
íntimo. As doenças
físicas que sempre nos
proporcionam momentos
difíceis são ocasionadas
pelos excessos e a falta
de cuidado para com a
matéria. Como podemos
analisar, ninguém mais é
responsável por nossos
dissabores, a não ser
nós mesmos.
Mas, os mais numerosos
males são aqueles que o
homem cria para si
mesmo, pelos seus
próprios vícios, aqueles
que provêm de seu
orgulho, de seu egoísmo,
de sua ambição, de sua
cupidez, de seus
excessos em todas as
coisas.
(Allan Kardec - A
Gênese)
Mas, em outras
situações, aparentemente
não merecemos sofrer.
Como explicar, por
exemplo, os inúmeros
casos de deficiência
congênita, as doenças
incuráveis que aparecem
em tenra idade, os
doentes mentais, as
mortes ditas prematuras?
Seria destino, ou
simplesmente má sorte?
Nestes casos, a
procedência do martírio
está atribuída a
existências passadas e
tão somente através da
reencarnação
encontraremos respostas
plausíveis para tais
circunstâncias. Se não
consideramos a
pluralidade das
existências como ponto
de partida para essas
questões, de fato não
compreenderemos a origem
de certas dores.
Todavia, se levarmos em
conta que o Espírito é
uma individualidade,
passível de erros e com
a possibilidade de
retornar à vida física
diversas vezes;
entenderemos por que um
bebê pode nascer com
deficiência física ou
mental, ou uma criança
pode sofrer, sem ter
tido tempo de gerar seu
próprio sofrimento na
presente reencarnação.
Então devemos
interpretar o nosso
sofrimento como uma
espécie de punição?
De maneira alguma.
Sofremos para evoluir,
mas isso também não quer
dizer que o sofrimento é
a única condição para se
chegar à perfeição.
Ninguém em sã
consciência busca o
sofrimento para si
mesmo, no entanto, por
ainda sermos
imperfeitos, podemos
falhar, e Deus, em sua
infinita bondade,
concede-nos sempre uma
nova oportunidade para
que, através de nosso
esforço, consigamos
progredir. Devemos,
portanto, encarar o
sofrimento como
oportunidade de
regeneração.
[...] a Dor corrige,
educa, aperfeiçoa,
exalta, redime e
glorifica o sentimento
humano a cada vibração
que lhe extrai através
do sofrimento.
(Léon Denis)
Como agir diante do
sofrimento?
Considerando nossas
aflições como mecanismo
necessário para o
progresso, devemos
encará-las sempre com
bom ânimo, na certeza de
que não há mal que seja
eterno.
O Senhor transforma o
veneno de nossos erros
em remédio salutar para
o resgate de nossas
culpas... (...) Aprende
a sofrer com humildade
para que a tua dor não
seja simplesmente
orgulho ferido.
(Léon Denis - O Problema
do Ser, do Destino e da
Dor.)
Os momentos difíceis,
também são oportunidades
de testemunhar a nossa
fé. Deus não nos
abandona e tão pouco
designa fardos pesados a
ombros frágeis. Sofremos
agora para desfrutarmos
dias melhores no porvir.
Bem-aventurados os
aflitos, porque deles é
o Reino dos Céus - Essas
palavras podem, também,
ser traduzidas assim:
deveis considerar-vos
felizes por sofrer,
porque as vossas dores
neste mundo são as
dívidas de vossas faltas
passadas, e essas dores,
suportadas pacientemente
na Terra, vos poupam
séculos de sofrimento na
vida futura. Deveis,
portanto, estar felizes
por Deus ter reduzido
vossas dívidas,
permitindo-vos quitá-las
no presente, o que vos
assegura a tranquilidade
para o futuro.
(Allan Kardec - O
Evangelho segundo o
Espiritismo.)
É indubitável que todos
nós já passamos por maus
pedaços e ainda
enfrentaremos dias
difíceis, pois habitamos
um mundo de provas e
expiações, onde o
sofrimento ainda
predomina. Mas nos
esforcemos para que os
dias áureos cheguem mais
depressa. A chave para a
felicidade está em
nossas mãos.
Referências:
KARDEC, Allan. A gênese,
os milagres e as
predições segundo o
Espiritismo. Tradução
de Salvador Gentile,
revisão de Elias Barbosa. 8.
ed. Araras, SP: IDE,
1995. Cap. 3. p. 61-62.
KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o
Espiritismo: com
explicações das máximas
morais do Cristo em
concordância com o
Espiritismo e suas
aplicações às diversas
circunstâncias da vida.
Tradução de Guillon
Ribeiro 3. ed. francesa,
revista, corrigida e
modificada pelo autor em
1866. – 131. ed. 1. imp.
(Edição Histórica) –
Brasília: FEB, 2013.
Tradução de: L’Évangile
selon le Spiritisme.
DENIS, Léon. O problema
do ser, do destino e da
dor. 18. ed. Rio de
Janeiro: Federação
Espírita Brasileira.
Cap. 26. p. 380-381.