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Clássicos do Espiritismo
Ano 8 - N° 394 - 21 de Dezembro de 2014
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

Fatos Espíritas

William Crookes

(Parte 19)
 

Continuamos o estudo metódico e sequencial do clássico Fatos Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no original inglês é Researches in the phenomena of the spiritualism.

Questões preliminares

A. Que ideia foi concebida pelo Sr. Varley com vistas a prevenir a ocorrência de fraudes nas materializações de Katie King?

O Sr. Varley concebeu a ideia de fazer atravessar o corpo da médium por uma fraca corrente elétrica, durante todo o tempo em que o Espírito de Katie King estivesse visível, valendo-se, para fins de controle, de um galvanômetro colocado no mesmo aposento, mas fora do gabinete. A primeira experiência realizou-se na residência do Sr. Luxmoore. (Fatos Espíritas – Narração de uma experiência científica feita por Crookes e Varley.)

B. Como o jornal The Spiritualist descreveu a experiência realizada?

O jornal transcreveu o relato feito pelo Sr. Harrison, que esteve presente numa das sessões realizadas. Eis o relato publicado pelo jornal: “Os polos opostos de uma bateria foram postos em comunicação com dois vasos cheios de mercúrio. O galvanômetro e a médium foram em seguida introduzidos no circuito. Quando Katie King mergulhou os dedos nesses vasos, a resistência elétrica não diminuiu e a corrente não aumentou de força; mas quando a Srta. Cook saiu do gabinete e umedeceu os dedos no mercúrio, a agulha do galvanômetro indicou uma declinação considerável. Katie King apresentava à corrente uma resistência cinco vezes maior que a Srta. Cook”. (Obra citada - Narração de uma experiência científica feita por Crookes e Varley.)

C. Que conclusão os pesquisadores deduziram com base na experiência mencionada?

Eles concluíram, com base nessa experiência, que a condutibilidade elétrica do corpo humano é cinco vezes maior que a de um corpo materializado. (Obra citada - Narração de uma experiência científica feita por Crookes e Varley.)

Texto para leitura

332. As variações das condições às quais a corrente elétrica estava submetida, passando pelo corpo da médium Florence Cook, eram indicadas pelo galvanômetro refletor, instrumento tão sensível que registraria a mais fraca corrente elétrica transmitida a 3.000 milhas por um cabo submarino.

333. Como se vê, o menor movimento da médium teria provocado oscilações do aparelho; e teve-se a prova disso antes da experiência, como mostra o seguinte extrato de um artigo do Sr. Varley, onde todos os movimentos do galvanômetro são minuciosamente consignados, minuto por minuto:

“Antes que a médium caísse em transe (em letargia), pediu-se-lhe que fizesse movimentos com os braços; a mudança da superfície metálica, posta em contato real com o papel e o corpo, produziu um desvio, elevando-se de 15 a 20 divisões, ou mesmo mais, algumas vezes; por conseguinte, se, durante a sessão, a médium fizesse o menor movimento com as mãos, o galvanômetro tê-lo-ia infalivelmente indicado.

A Srta. Cook, na ocasião, representava um cabo telegráfico. (Psychische Studien, 1874, pág. 344.)

As moedas e o papel umedecido não podiam ser elevados ou retirados para trás, sem a médium se dirigir para o espectador, pois, para isso acontecer e ela mostrar os braços descobertos, era obrigada a arregaçar, até às espáduas, as mangas do seu vestido, com as moedas, as borrachas, as aplicações de papel, os fios de platina, os laços que os mantinham nos braços, e a fazer essa operação, primeiro em um braço, depois no outro; tudo isso não somente sem interromper durante um só instante a corrente elétrica (se a corrente tivesse sido interrompida ainda que por um décimo de segundo, o galvanômetro teria feito uma oscilação pelo menos de 290 divisões), como, também, sem provocar outras declinações além das resultantes do simples movimento das mãos.

Finalmente, teria de colocar em seu lugar, antes do fim da sessão, as mangas do vestido conservando os aparelhos sobre os braços.

Vimos, entretanto, que às 7:45 Katie repetia ainda a experiência da escrita, tendo inteiramente o braço fora da cortina, e que às 7:48 apertava a mão do Sr. Varley, e a sessão terminava.

Durante esses três minutos, o galvanômetro só registrou oscilações insignificantes, compreendidas entre 140° e 150°; era pois impossível à médium fazer os movimentos necessários para restabelecer o statu quo ante.

Katie só aparecia com um pano branco sobre a cabeça e o corpo.

Nessa sessão, ela levantou a cortina e mostrou-se várias vezes, em seu trajo habitual.

Se fosse a médium que se apresentasse, tornar-se-ia necessário mudar de roupa, o que não era possível, por causa dos fios de cobre que estavam enrolados aos fios de platina e que terminavam no quarto iluminado.”

334. Qualquer discussão sobre isso torna-se supérflua, uma vez que o princípio físico no qual se baseava a experiência (a apreciação da soma da resistência oferecida pelo corpo da médium à corrente elétrica) seja bem compreendido, e que se considere que o algarismo que representava essa força de resistência nunca diminuiu.

335. Ademais, há, ainda, o fenômeno que se relaciona com a categoria de experiências do Sr. Crookes: a médium é introduzida na corrente, mas, apesar disso, Katie King (o Espírito comunicante) sai inteiramente de trás da cortina. Eis a passagem do Psychische Studien, que narra esse incidente:

“Na segunda sessão, foi o Sr. Crookes, só, quem dirigiu a experiência, na ausência do Sr. Varley, e obteve resultados semelhantes, tendo tomado a precaução de só deixar aos fios de cobre o comprimento necessário para permitir à médium mostrar-se na abertura da cortina, no caso em que ela saísse do lugar.

Entretanto, Katie avançou além da cortina, cerca de 6 a 8 pés, sem estar presa por nenhum fio, e a observação do galvanômetro não fez verificar nada de anormal, em nenhum momento.

Além disso, Katie, a pedido do Sr. Crookes, mergulhou as mãos em recipiente que continha iodeto de potássio, sem que resultasse a menor oscilação da agulha do galvanômetro.

Se os fios condutores tivessem estado em comunicação com a sua pessoa, a corrente se teria dirigido pelo caminho mais curto que lhe oferecia o líquido, o que teria ocasionado um mais forte desvio da agulha.” (Psychische Studien, 1877, pág. 342.)

336. M. Harrison, editor do Spiritualist, que assistiu à experiência e publicou no seu jornal a narração citada, fez aparecer no Médium a seguinte notícia, com a aprovação dos Srs. Crookes e Varley:

“Senhor Diretor:

Em consequência da minha presença a várias sessões recentes, durante as quais os Srs. Crookes e Varley dirigiram uma fraca corrente elétrica através do corpo da Srta. Cook, durante todo o tempo em que ela se achava no gabinete, ao mesmo tempo em que Katie estava fora dele, algumas pessoas, que fizeram parte da sessão, pediram-me comunicasse-lhe os resultados obtidos nessas experiências, no desejo de que este artigo tenha por efeito proteger uma médium leal e honesta contra indignos ataques.

Quando Katie saiu do gabinete nenhum fio metálico aderia à sua pessoa e durante todo o tempo em que ela se manteve no aposento, fora do gabinete, a corrente elétrica não sofreu nenhuma interrupção, o que teria inevitavelmente acontecido se os fios tivessem sido desenrolados dos braços da Srta. Cook, sem que as suas extremidades fossem imediatamente postas em contato.

Admitindo mesmo que se tivesse dado esse fato, a diminuição da resistência teria sido logo posta em evidência pela agulha do galvanômetro. Nas experiências de que se trata, ficou demonstrado que a Srta. Cook esteve no gabinete durante o tempo em que Katie se exibia cá fora.

As sessões realizaram-se nas casas dos Srs. Crookes e Luxmoore.

Antes de vos dirigir a presente carta, foi ela lida e aprovada pelos Srs. Crookes e Varley.

– 11 Ave Maria Lane, 17 de março de 1874.

William H. Harrison.”

337. A propósito dessas experiências com a corrente galvânica, devo mencionar ainda um meio de verificar a materialização e, por consequência, a realidade objetiva de uma aparição. Esse método, que tinha sido sugerido ao Sr. Crookes pelo Sr. Varley, foi posto em execução pelo primeiro dos dois sábios. Infelizmente, só possuímos sobre esses assuntos as explicações seguintes do Sr. Harrison:

“Os polos opostos de uma bateria foram postos em comunicação com dois vasos cheios de mercúrio. O galvanômetro e a médium foram em seguida introduzidos no circuito. Quando Katie King mergulhou os dedos nesses vasos, a resistência elétrica não diminuiu e a corrente não aumentou de força; mas quando a Srta. Cook saiu do gabinete e umedeceu os dedos no mercúrio, a agulha do galvanômetro indicou uma declinação considerável. Katie King apresentava à corrente uma resistência cinco vezes maior que a Srta. Cook.” (The Spiritualist, 1877, pág. 176.)

338. Dessa experiência podemos concluir que a condutibilidade elétrica do corpo humano é cinco vezes maior que a de um corpo materializado. (Continua no próximo número.)



 


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