Ano Novo, 2015
O tempo é finito e
premente. Por isso
vivemos sob a severa
advertência das horas.
Cada ação humana tem seu
tempo e seu prazo. Para
os chamados espíritos
práticos, o tempo é
dinheiro. Para os que
não subestimam o sonho,
há sempre o sol que se
renova todas as manhãs,
a lua em passeios
regulares carregando
símbolos que a preservam
no território da poesia;
há, para quase todos, os
tempos da mocidade e da
velhice, o tempo em que
se acumula e o tempo em
que as coisas se
extinguem por decurso do
prazo inevitável. Se
pretendemos ganhar a
vida, não devemos
desprezar a sucessão dos
dias, dos meses e dos
anos. Tudo isso é
verdade.
Mas o tempo é também e
sobretudo uma grande
concessão de Deus. Neste
aspecto, é aliado
preferencial do
progresso humano. Vindo
de Deus, tem o infinito
de sua genealogia e por
isso se renova, por
efeito da divinal
misericórdia. Haverá,
dessa forma, na
trajetória de nossas
almas, nem sempre
conscientes dos bens
supremos de nossa
genética também divina,
o chamado tempo novo
ou, na semântica que
deflui da posição das
palavras em nossa
querida língua
portuguesa, o novo
tempo, que não é
necessariamente a mesma
coisa.
O ano de 2015 bate à
nossa porta com
renovadas expectativas
em torno de nosso
desempenho neste vasto e
complicado território
dos homens. Se, nos doze
meses transcorridos do
ano que se despede,
fomos felizes e
produzimos momentos de
felicidade em alguns
daqueles que caminham a
nosso lado, certamente
teremos disposições de
repetir os nossos
gestos, porquanto, diz o
filósofo, é bom ser bom.
Quem o bem pratica no
tempo de hoje, hoje
mesmo recebe a
retribuição de seu ato,
em forma de íntima
satisfação.
Se, ao contrário, foi
tumultuosa a nossa
caminhada no tempo que
acaba de passar, gerando
dúvida e dor na alma dos
que conosco
compartilharam a marcha,
que não nos falte, no
tempo novo, o sentido do
termo quando as duas
palavras trocam de
posição. Seja, assim,
para cada um de nós, o
Novo Ano, o novo
tempo, o tempo do
homem renovado e
disposto a recompor o
que ficou destruído ou
abandonado à margem do
caminho.
Consolador é saber que a
Justiça Divina encontrou
a forma de remunerar os
servidores da hora
última com a mesma
recompensa definida para
os trabalhadores da
primeira. Coisas de Deus
que provavelmente ainda
não somos capazes de
imitar. O fato é que é
consoladora a notícia de
que teremos novas
parcelas do tempo
infinito que o Pai
distribui com amor,
emprestando sempre
sentido renovado à vida.
Quando os ruídos
anunciadores do Ano Novo
irromperem nos céus, na
hora zero do primeiro
dia, reunamos nossos
familiares e amigos,
endereçando a Deus uma
prece de louvor e
gratidão, por sua
excelsa e honrosa
confiança em todos nós.
E seja esse momento,
para toda gente, o raiar
de um novo tempo, em que
a paz deixe de ser o
espaço angustiante entre
dois conflitos e o pão
da solidariedade seja
farto em todas as mesas
deste mundo.