RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
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“A melhor coisa que não
me aconteceu.”
Não. O articulista não
está passando mal. A
frase do título acima
não é de minha autoria.
Segundo consta, ela foi
dita por Clive Owen
quando não conseguiu o
papel para representar
no cinema o famoso James
Bond. Por ter perdido a
representação desse
herói famoso por seus
“milagres” nos filmes,
acabou conquistando
coisas melhores.
Com você já se passou o
mesmo? Ou seja, você não
conseguiu realizar
determinado sonho e,
tempos depois, concluiu
que foi melhor que
tivesse sido dessa
maneira? Por exemplo,
não conseguimos realizar
uma viagem planejada e
acalentada por muito
tempo. Entristecemos-nos
no momento do
acontecimento. Mas,
depois, com o rolar do
calendário dos homens
paramos e dizemos a
frase: “Foi até melhor
não ter viajado mesmo!”.
Ou, então, um carro ou
um imóvel que não
adquirimos. Na ocasião
nos sentimos frustrados,
tristes mesmos. Mas,
depois, um dia lá na
frente concluímos que
não ter entrado na posse
desse ou daquele bem
material foi até melhor.
É difícil aceitarmos
esse raciocínio, não é
verdade? Mas que
acontece, acontece. E se
é difícil aceitar tais
acontecimentos em
relação aos bens
materiais, quando se
trata dos valores
espirituais é um “Deus
nos acuda”! No livro
Encontros e
Desencontros, de
Richard Simonetti, tem
uma história intitulada
O Bem Maior, que
relata o drama de uma
senhora que demorou
muito para engravidar.
Após os devidos
cuidados, finalmente
teve sucesso na
realização do seu sonho!
Iria ser mãe. Agradeceu
profundamente aos
Espíritos amigos pela
intercessão na solução
do seu problema de
esterilidade. Quando a
gravidez ia pelo quinto
mês de gestação, ela
recebe um recado através
de uma pessoa do Centro
Espírita que
frequentava: a
espiritualidade amiga
iria visitá-la em uma
determinada noite para o
devido trabalho de
assistência que a
gravidez necessitava.
Ela ficou imensamente
feliz! Tinha certeza de
que os Espíritos
continuavam zelando para
que ela realizasse o
desejo imenso de ser
mãe. Em uma determinada
noite acordou com muita
cólica no baixo ventre.
A bolsa amniótica que
protegia o feto havia se
rompido e ela entrara em
trabalho de parto
prematuro. Ficou
extremamente infeliz e,
como sempre acontece,
interrogou mentalmente
os Espíritos que
precisam ter ombros
largos para receber a
culpa dos problemas que
nos afligem: “Afinal -
pensava ela -, os amigos
espirituais não iriam
visitá-la em uma
determinada noite para
auxiliá-la?” “Pois,
então! - continuava
protestando intimamente
– “como podia ter a
bolsa se rompido e
colocado em risco a vida
do filho que era o seu
sonho maior? Que espécie
de ajuda vieram os
Espíritos prestar,
afinal de contas?”. Ao
chegar ao hospital
recebeu os socorros
necessários e o parto
acabou realmente se
concretizando. Perdera o
filho que tanto
desejava. Entretanto, o
médico, após o exame do
produto daquela gestação
precocemente expulso do
útero, deu-lhe a notícia
de que o filho já estava
morto há muitos dias
dentro do seu ventre e
necessitava dali ser
retirado. Pôde ela
entender (o que já é uma
vitória!) que os
Espíritos tinham vindo
intervir favoravelmente
em uma situação
irremediável.
Tenho a mais absoluta
certeza de que, ao
retornarmos ao mundo dos
Espíritos, olhando para
trás, principalmente
contemplando a última
reencarnação à
semelhança de alguém que
alcançou o pico de um
monte e olha para o
vale, teremos que
agradecer a Providência
Divina pelas coisas que
julgávamos melhores e
que jamais nos
aconteceram. Por
exemplo, milhares de
criaturas ou até mesmo
milhões delas, adentram
as casas de loteria em
geral com o sonho
dourado de ser um feliz
ganhador. Você duvida
que algumas delas, ou
muitas, suplicam a ajuda
dos desencarnados para
adivinhar qual o bilhete
que vai ser premiado ou
quais os números que
irão anunciar um novo
milionário? Já pensou no
que faríamos com a
tentação de milhões
ganhos de maneira tão
fácil? Quantas portas
para o desequilíbrio que
esse dinheiro poderia
abrir dependendo, é
claro, da opção
particular de cada um?
Na questão de número
1001 de O Livro Dos
Espíritos,
encontramos a seguinte
afirmativa em um
determinado trecho da
resposta: Deus,
submetendo-o à prova da
fortuna, tão difícil e
tão perigosa para o seu
futuro, quis lhe dar por
compensação a felicidade
da generosidade da qual
ele pode gozar desde
este mundo. Aí está
de maneira bastante
clara que o dinheiro é
uma prova difícil e
perigosa. Então, a
melhor coisa que pode
ocorrer para a imensa
maioria dos que buscam a
fortuna através desse
tipo de jogos é
exatamente não acontecer
de ganharem. Perdem os
bens materiais, mas não
se comprometem
moralmente como poderia
ocorrer com o dinheiro
farto nas mãos.
Da mesma maneira
poderíamos ir
construindo raciocínio
semelhante com os
títulos de importância
do mundo, com a beleza
física, com a grande
cultura da pessoa, com a
posição social
importante e tudo o mais
que a imaginação de cada
um pode considerar. Com
os ensinamentos da
Doutrina Espírita temos
a oportunidade, desde
já, de chegar à
conclusão de que a
Providência Divina agiu
em nosso favor quando a
melhor coisa que não nos
aconteceu foi exatamente
aquela que não se deu
segundo a nossa vontade,
mas de acordo com a
determinação Dele.
Aliás, não é isso que um
número imenso de pessoas
repete todos os dias na
oração do Pai Nosso, sem
se dar conta?