A história que apresentamos
a seguir está registrada no
livro “Em Busca de Chico
Xavier”, escrito por
Claudinei Lopes e editado
pela Intelitera Editora.
Segue o fato:
“Eis que então meus contatos
chegaram. Finalmente conheci
pessoalmente Zé Márcio, um
rapaz simples, de sotaque
carregado e muito educado,
que trouxe consigo Renato,
aquele que seria meu guia
nos próximos dias.
Renato era um senhor de
meia-idade, sorridente,
engraçado e contador de
‘causos’. Havia sido quatro
vezes vereador e também
prefeito de Pedro Leopoldo
e, por isso, era uma figura
popular e querida na cidade.
A primeira pessoa que
visitei foi o Sr. Geraldo
Leão, um senhor alto e
forte, cuja gentileza e
educação eram evidentes já
no primeiro contato. Geraldo
Leão é apaixonado por
história e, por hobby,
colecionava qualquer
material que fizesse parte
da biografia de Pedro
Leopoldo. Seu acervo
particular tornou-se tão
grande que a prefeitura
municipal fundou o ‘Arquivo
histórico Municipal Geraldo
Leão’ em 27 de janeiro de
2000, e Geraldo foi nomeado
responsável pelo lugar.
Assim que entrei na casa,
entre equipamentos antigos
(máquina de escrever,
computador, caixa
registradora, vitrola,
taxímetro, etc.), me deparei
com várias fotos antigas de
Chico Xavier nas paredes.
Quadros de todos os
ex-prefeitos de Pedro
Leopoldo também estavam lá
e, em um deles, o de Renato.
Começamos a conversar e, de
imediato, lembrei que o nome
Geraldo Leão não me era
estranho, pois havia ouvido
algo sobre um incidente de
Chico Xavier que tinha a ver
com esse nome. Indaguei se
era ele o protagonista. Ele
confirmou que sim e me
contou como foi.
Em janeiro de 1956, Geraldo
teve uma paralisia facial em
função de um choque térmico.
Na ocasião, ele tinha 20
anos. Ele tomou comprimidos
com chá quente, pois estava
com dor de um lado do rosto,
e em seguida fez uma
compressa com água fria.
Quando acordou, estava com o
olho doendo e o lado
esquerdo do rosto
paralisado. Já era uma
infecção do nervo trigêmeo,
que foi piorando, até que
ele precisou procurar um
otorrino em Belo Horizonte
para fazer um tratamento.
Tratamento pesado, segundo
palavras dele. E a dor
persistia, mesmo tomando os
medicamentos. O pai de
Geraldo, que era motorista
de praça e viajava muito com
o Chico, uma tarde foi a
casa pegar um agasalho e
Chico foi junto para vê-lo.
Geraldo lembra que Chico
entrou, tirou o chapéu,
sentou-se na cama onde ele
estava deitado e perguntou o
que ele tinha. Geraldo
respondeu que sentia uma dor
intensa do lado esquerdo do
rosto. Chico questionou se
ele estava fazendo
tratamento com algum médico.
Geraldo respondeu que sim,
com o Dr. José Claudinei
Lopes Barbosa, otorrino de
Belo Horizonte. Chico
perguntou o que ele havia
receitado. Geraldo mostrou
os três medicamentos que
estava tomando. Chico olhou
e respondeu que o médico
estava certo e que era
aquilo mesmo que ele
precisava tomar.
Geraldo questionou Chico
sobre a dor que estava
sentindo, dizendo que tomava
os remédios e não adiantava
nada. Chico não respondeu.
Colocou a mão na testa de
Geraldo e disse três vezes:
“Você vai ficar bom!” No
mesmo instante a dor sumiu.
Quando Chico saiu do quarto,
Geraldo não sentia mais nada
e seu rosto foi voltando ao
normal. O Dr. José Barbosa
ficou surpreso e disse a
Geraldo que não acreditava
que rosto dele fosse voltar
ao normal, pois a infecção
havia sido muito forte e ele
estava com o trigêmeo
totalmente tomado pela
inflamação. Tempos depois,
comentando o ocorrido com o
irmão de Chico, André
Xavier, Geraldo soube por
ele que Chico teria tirado a
sua dor por um efeito
físico, transferindo-a para
ele próprio. Chico teria
saído de lá com a dor que
Geraldo estava sentindo. Mas
que Chico teria seus
próprios meios de se livrar
dela depois. Embora Chico
tenha ido várias vezes à sua
casa depois disso, Geraldo
nunca perguntou a ele se
isso havia ocorrido de
fato.”
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