Fatos Espíritas
William
Crookes
(Parte 21)
Continuamos o estudo
metódico e sequencial do
clássico Fatos
Espíritas, de
William Crookes, obra
publicada em 1874, cujo
título no original
inglês éResearches in
the phenomena of the
spiritualism.(1)
Questões preliminares
A.
É
verdade que
William Crookes
foi alvo de
ironia dos seus
próprios colegas
de Academia, por
haver admitido a
veracidade dos
fatos espíritas?
Sim. Em seu
depoimento em
que admite
também a
veracidade dos
fenômenos
pesquisados por
William Crookes,
o doutor
Ochorowicz alude
ao fato e
confessa que ele
próprio assim
também se
comportou com
relação ao
grande físico. (Fatos
Espíritas –
Outros
depoimentos de
sábios.)
B. Que disse em seu
depoimento o
doutor Hodgson a
respeito da
médium Sra.
Piper?
O doutor Richard
Hodgson, vencido
pelos fatos,
admitiu que no
começo ele
apenas queria
descobrir nela a
fraude e o
embuste. “Entrei
em sua casa
profundamente
materialista,
com o intuito de
desmascará-la;
hoje, digo
simplesmente: Eu
creio!”, afirmou
Hodgson. “A
demonstração me
foi feita de
modo a afastar a
possibilidade da
menor dúvida.” (Obra
citada – Outros
depoimentos de
sábios.)
C. Na sessão de
materialização
realizada em 22
de julho de
1900, em Paris,
conforme relato
publicado pela Revue
Spirite,
quem foi a
médium?
A médium foi a
Sra. Elgie
Corner, a mesma
Florence Cook
que serviu de
médium nas
sessões de
materialização
de Katie King
realizadas pelo
sábio William
Crookes. A Sra.
Corner sentou-se
numa cadeira. Em
seguida,
amarraram suas
mãos que, em
seguida, foram
reunidas,
deixando-se
entre elas um
intervalo de
apenas dez
centímetros. (Obra
citada – Sessão
de
materialização
em Paris.) |
Texto para leitura
350. Outros
depoimentos de sábios –
Seguem-se depoimentos de
inúmeros sábios que se
dedicaram à pesquisa dos
fenômenos espíritas.
351.
O Doutor Ashburner
declarou:
“Presenciei, muitas
vezes, manifestações
mediúnicas e, embora eu
quisesse, não poderia
repudiar as provas que
tive diante dos olhos.
Sinto-me feliz em dizer
que atualmente há
milhares de pessoas que,
como eu, não podem
duvidar do que viram.”
352.
O Doutor Giuseppe
Masucci, depois de ter
assistido às sessões com
a médium Eusápia
Paladino, disse:
“Fui
obrigado a demolir todo
o edifício das minhas
convicções filosóficas,
às quais eu tinha
consagrado parte da
minha vida.”
353.
O engenheiro Cromwel
Varley, da Sociedade
Real de Londres,
afirmou:
“No
Antigo e no Novo Mundo,
não conheço exemplo de
um homem de bom senso
que, tendo estudado com
cuidado os fenômenos
espíritas, não se tenha
rendido à evidência.”
354.
Declarou o doutor
Ochorowicz:
“Quando me lembro de
que, em uma certa época,
eu admirava a coragem de
Crookes em sustentar a
realidade dos fenômenos
mediúnicos; quando
reflito, sobretudo, que
li as suas obras com o
sorriso estúpido que
iluminava o rosto dos
seus colegas, ao mais
leve enunciado dessas
coisas, coro-me de
vergonha por mim e pelos
outros.”
355.
Afirmou o doutor Oliver
Lodge, da Sociedade Real
de Londres:
“A
barreira que separa os
dois mundos – espiritual
e material – pode cair
gradualmente, como
muitas outras barreiras,
e chegaremos a uma
percepção mais elevada
da unidade da
Natureza...”.
356.
Em um discurso
pronunciado na Sociedade
Real de Londres, em 31
de janeiro de 1902,
assim Lodge se exprimiu:
“Uma
máquina elaborada, como
o são os nossos corpos,
pode ser empregada, no
caso de transe, não
somente pela
inteligência que o
formou, por assim dizer,
mas também por outras
inteligências, às quais
se permite fazer uso
dela. Naturalmente, isso
só se realizaria por um
certo tempo e com
bastante dificuldade.”
357.
Depoimento do doutor
Richard Hodgson:
“Há
doze anos que estudo a
mediunidade da Sra.
Piper. No começo, eu só
queria descobrir nela a
fraude e o embuste.
Entrei em sua casa
profundamente
materialista, com o
intuito de
desmascará-la; hoje,
digo simplesmente: Eu
creio! A demonstração me
foi feita de modo a
afastar a possibilidade
da menor dúvida.”
358. Sessão
de materialização em
Paris, em 1900 –
A Revue
Spiritetraz a
descrição de várias
sessões de
materialização
realizadas no ano de
1900, em Paris, com o
concurso da Sra. Corner,
a célebre Florence Cook
que trabalhou com o
sábio William Crookes.
359.
Eis uma delas:
“No
domingo, 22 de julho de
1900, às 9 horas da
noite, reuniram-se em um
hotel o Príncipe
Wiszniewsky, a Princesa
Wiszniewsky, o Sr.
Doutor Bécour, as Sras.
Bécour e Leymarie, o Sr.
e Sra. Béra, o Sr. Côte,
e o Sr. Martins Velho.
Às 9:15 da noite, os
convidados dirigiram-se
para a sala das sessões.
O
gabinete era formado, no
ângulo da única porta da
sala, por duas cortinas
de pano espesso e preto,
caindo do teto ao
soalho. No interior do
gabinete apenas havia
uma cadeira, pregada no
soalho; nessa cadeira é
que a médium se sentava.
A
Sra. Corner é uma mulher
de cerca de quarenta
anos de idade, morena,
de cabelos muito pretos,
de porte baixo, mas
forte. Ela senta-se na
cadeira; está com um
vestido escuro,
decotado, tem as mangas
curtas, com renda branca
flutuante.
Amarram-se-lhe as mãos
com uma fita que aperta,
primeiro, cada punho,
fortemente; depois, as
mãos são reunidas,
deixando-se entre elas
um intervalo de cerca de
dez centímetros. O corpo
é amarrado por uma outra
fita presa às costas da
cadeira; por fim, a fita
dos punhos é amarrada à
do corpo. Todas as
extremidades livres das
fitas são seladas com um
cartão. Nessa situação,
a médium não pode
levantar-se nem se
servir das mãos a mais
de dez centímetros do
corpo; tem todavia a
liberdade de se abanar,
em vista do calor
sufocante do gabinete.
Em
seguida, apagam-se as
luzes, exceto a que é
produzida por uma
lanterna guarnecida de
papel vermelho. A
claridade é suficiente
para que ninguém possa
deixar o lugar em que
está, sem ser percebido
por todos. Os
assistentes estão
sentados em semicírculo,
formando a cadeia diante
das cortinas.
Depois de dez minutos de
espera, ouve-se a voz do
capitão; é uma voz rouca
e pouco natural. Ele só
se exprime em inglês. O
capitão repreende
asperamente a médium por
agitar o leque, e lhe
diz que esses movimentos
embaraçam o trabalho.
Uma curta discussão se
trava entre ele e a Sra.
Corner, terminando pela
queda do leque,
violentamente projetado
pela abertura das
cortinas, em direção aos
assistentes: o mesmo
acontece com o colar da
médium. Em seguida, um
grande braço branco e
descoberto aparece.
Alguns instantes depois,
Maria mostra-se na
abertura das cortinas.
Maria, mais alta que a
médium, traz um comprido
vestido branco decotado
e tem descobertos os
braços, que parecem
muito bem feitos. Ela
cochicha em francês
correto, mas diferente
sensivelmente do francês
da médium.
O
Sr. Côte entregou a
Maria uma caixa de joias
e esta foi levá-la ao
Príncipe W..., que disse
ter podido tocar as suas
mãos, seu rosto e seu
peito; uma vez ele
sentiu o contato de mão
de homem, que supõe ser
do capitão. Como sobre a
mesa estivesse um
papelão luminoso, Maria
o tomou e o aproximou do
rosto do Sr. Côte,
depois ela apanhou um
lápis e um papel que
estavam na mesa e, com
um ruído seco,
automático e com os
movimentos bruscos e mal
regrados, conhecidos por
todas as pessoas que têm
assistido à escrita
mecânica por médiuns,
traçou rapidamente
algumas palavras de
despedida.
Nesse momento, ouve-se a
voz de Su-Su, que deseja
aparecer; depois de
ligeira discussão, o
capitão permite que ele
apareça. Finalmente, um
homem baixo e moreno é
percebido, não muito
bem, ao lado das
cortinas; sua presença
parece perturbar as
manifestações, que se
enfraquecem cada vez
mais, apesar da
recomendação feita aos
assistentes de
sustentarem uma
conversação animada. O
papelão luminoso é
restituído pela abertura
da cortinas e, logo,
nesse lugar do gabinete,
produzem-se fogos
fátuos, que volteiam.
Depois de longo repouso,
o capitão anuncia o fim
da sessão, recomenda os
cuidados a ter com a
médium e despede-se.
Clareia-se a sala e os
assistentes verificam
que a médium está
sentada e ligada à
cadeira, como no começo
da sessão, estando
intactos os nós e o
lacre.” (Continua
na próxima semana.)
(1) A obra que ora
estudamos não é,
propriamente falando,
uma tradução de "Researches
in the Phenomena of
Spiritualism", pois
contém textos colhidos
em outras fontes, embora
igualmente de autoria de
William Crookes. O livro
em exame apresenta
também comentários de
diferentes pesquisadores
e obedece a um plano
original feito por seu
tradutor, Oscar
D´Argonnel, que é, pois,
além de tradutor, o
organizador da obra.