EUGÊNIA PICKINA
eugeniapickina@gmail.com
Indaiatuba, SP
(Brasil)
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Estória de quem
gosta
de
imaginar...
Ah! Nada mais
honesto do que a
tristeza,
pois é aí que o
corpo conta sua
utopia
irrefutável,
decifrada pelos
olhos de quem
nos vê –
obviamente com
cuidado e
atenção.
Mas não é só
romantismo. É
instinto de
sobrevivência,
porém orientada
esta última por
uma ideologia
subversiva,
quase esquecida
pela maioria da
gente que
caminha hoje em
nossas
[mal-amadas]
cidades.
Que razões
apresentar
contra as nuas
evidências da
descortesia
entre velhos,
adultos e jovens
ou da cólera no
trânsito? Que
metafísica
sustentar contra
o consumismo ou
o obsessivo
apego à
superfície das
coisas? Que
motivos invocar,
procurando
justificar a
pandemia da
insônia, o
escuro da
depressão,
indícios
sinceros da
falta de
profundidade
que caracteriza
a vida
contemporânea?
A situação do
ser humano se
complica a cada
ano, pois tanto
acumula saber
como cria
centenas de
possibilidades
de causar a
própria extinção
[e da Casa onde
habita]. Para
piorar,
infelizmente,
esse Homo
sapiens/demens
em geral pouco
se comove com os
avisos emitidos
por uma Natureza
sem pudor
demasiadamente
explorada.
Nunca me senti à
vontade com o
título “Homo
sapiens”.
Rubem Alves
explicou em um
dos seus bonitos
livros que este
“batismo”
denuncia “nobreza
e
presunção”.
Como ele, tenho
dúvidas sobre
esta nossa
inteligência
singular que
nos afasta de
outras
espécies...
Nas ruas da
cidade onde
habito observo
todos os dias as
pessoas, da
mesma
espécie, se
comportando como
se conviver não
fizesse bem à
vida. A meu ver
isso demonstra
que a
inteligência
humana comporta
aguda dose de
barbárie e
estupidez – ao
menos neste
nosso estágio
evolutivo.
As palavras não
vividas são
inúteis. Mas a
tristeza pode
chorar?
As lágrimas
podem umedecer a
alma endurecida
e fazer com que
o coração se
faça fecundo de
novo, conduzindo
corpo e alma
acesa à ação
ativa, tomada
pelo anseio por
dignidade
plena =
vida
com
significado.
Não estamos aqui
para [apenas]
“mais um dia de
colégio”?
Você sabe,
sabemos: estamos
irremediavelmente
entregues ao
projeto
individual de
nos deixar
resplandecer*
neste mundo... E
só por isso vale
a pena nos
formar, nos
transformar, nos
melhorar. Pois
nosso quinhão de
luz se alojará
então na
comunidade a que
pertencemos. E
nossa ação
cotidiana somará
esperanças
preciosas para o
mundo e para que
ele seja, um
dia, um “lugar
de
Deus”,
segundo uma
visão de
paz...
Saudade
do futuro!
Cariños.
Nota:
*Deixar-se
resplandecer
implica assumir
um caminho
espiritual e, em
consequência, a
saúde da
alma. E uma alma
saudável,
em harmonia
consigo mesma,
está sempre
aberta ao amor,
procurando,
portanto,
irradiar as
virtudes
relacionais:
cordialidade,
bondade,
gentileza,
mansidão,
humildade,
compaixão...