WAGNER IDEALI
wagner.ideali@terra.com.br
Guarulhos, SP
(Brasil)
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O significado
existencial
e o
Espiritismo
“Sabeis por que, às
vezes, uma vaga tristeza
se apodera dos vossos
corações e vos leva a
considerar amarga a
vida?” – O Evangelho
segundo o Espiritismo.
Às vezes ficamos
pensando qual o
significado de nossas
vidas, o porquê da nossa
existência, o porquê de
tudo que está à nossa
volta. O homem tem esses
questionamentos desde o
seu aparecimento na
Terra. O Espiritismo a
nosso ver tem todas as
respostas para essas
indagações e
questionamentos. Não
dentro de uma análise
fria, mas dentro do
princípio de Causa e
Efeito, no contexto da
continuidade da vida e
baseando-se nos ensinos
do Cristo. Toda essa
análise entendendo o
homem como um ser
transcendental,
multiexistencial e uma
bagagem de sentimentos a
serem trabalhados e
vivenciados.
Poderíamos começar com a
existência de uma força
maior que alguns chamam
de Deus, outros de Alá,
Jeová, e assim por
diante. Mas sem a
aceitação de Deus
realmente tudo fica
muito difícil de ser
compreendido, toda a
transcendência do ser
humano, e portanto a
vida, acaba sendo algo
frio e sem um objetivo
maior do que viver,
usufruir e morrer.
Dentro dessa visão
materialista, teremos
apenas uma visão
hedonista da vida, com a
busca do prazer, do
poder, da beleza física
e de outras seduções
temporárias. Assim fica
a pergunta: Seria o ser
humano apenas um animal
que pensa?
Sem dúvida nenhuma o
espírito humano é, na
Terra, nesse momento, o
maior clímax na evolução
antropossociopsicológica
da vida, mas não é a
etapa final.
O que habita no ser
humano é muito mais do
que um conjunto
físico-químico, mas sim
algo que transcende
todas as nossas
conjecturas filosóficas
que ainda estão
engatinhando dentro de
análises muitas vezes
egocêntricas e
limitadas.
Frente a uma visão mais
espiritual nós podemos
enxergar o ser humano,
entre outras coisas,
como um feixe de emoções
a serem desenvolvidas, e
que somente pela
passagem pela vida
física se lhe permite
experienciar essas
emoções, bem como todas
essas realidades
transitórias e outras
legítimas, mas todas
necessárias à nossa
evolução. Amadurecimento
de algo mais que nós
temos dentro de nós –
que o Espiritismo chama
de Espírito.
A busca interior, a
descoberta de si mesmo,
o conhecimento de tudo
que está à sua volta
trazem para o ser a
única forma de obter o
equilíbrio, pois somos o
resultado de inúmeras
reencarnações que se
perdem nas noites das
existências.
Assim, numa visão curta
de unicidade da vida,
não é possível
quantificar tudo à nossa
volta, mas na
multiplicidade da mesma
podemos ver um processo
de evolução e, junto com
as palavras de Jesus,
agora não mais como
retórica religiosa, mas
como Verdade absoluta de
uma forma de bem viver.
Nesse momento as
conquistas efêmeras da
vida terão seus valores
diminuídos para a
obtenção de algo muito
maior, que na maioria
das vezes não se
consegue expressar por
palavras, mas apenas
sentir. Nesse momento
vamos buscar as
respostas dentro de nós
mesmos, através da prece
simples, da meditação,
do trabalho constante,
tudo em favor de nossa
renovação íntima e assim
obter essas respostas
gradualmente em função
de nossa evolução
espiritual.
Agora vamos entender que
tudo tem seu momento,
seu começo e fim, que
tudo tem razão de ser,
mesmo fugindo ao nosso
entendimento, e que,
enfim, Deus existe e
está interpenetrado em
tudo e com todos.
Somente com a busca do
equilíbrio profundo, com
a descoberta de nós
mesmos é que poderemos
entender todo o
significado real da
vida.
Novos horizontes nos
esperam, e a vida na
forma que conhecemos
passa a ser uma escola
onde aprendemos o
verdadeiro sentido da
palavra Amor e, com o
Espiritismo baseado nos
ensinos de Jesus,
teremos esse significado
existencial muito mais
claro e concreto.
Joanna de Ângelis nos
mostra através de
Divaldo Pereira Franco o
quanto estamos
equivocados com a
verdadeira função da
vida, e nos diz:
“A alucinação
midiática, a serviço do
mercantilismo de tudo,
vem, a pouco e pouco,
dessacralizando o ser
humano, que perde o
sentido existencial,
tombando no vazio
agônico de si mesmo.
Numa cultura
eminentemente
utilitarista e
imediatista, o
tempo-sem-tempo favorece
a fuga da
autoconsciência do
indivíduo para o
consumismo tão
arbitrário quão
perverso, no qual o
culto da personalidade
tem primazia, desde a
utilização dos recursos
de implantes e programas
de aperfeiçoamento das
formas, com tratamentos
especializados e de alto
custo, até os
sacrifícios cirúrgicos
modificando a estrutura
da organização somática.
O belo, ou aquilo que se
convencionou denominar
como beleza, é um dos
novos deuses do atual
Olimpo, ao lado das
arbitrariedades morais e
emocionais em decantado
culto à liberdade, cada
vez mais libertina.
A ausência dos
sentimentos de nobreza,
particularmente do amor,
impulsiona o comércio da
futilidade e do
ilusório, realizando-se
a criatura enganosamente
nos objetos e utensílios
de marca, que lhe
facultam o exibicionismo
e a provocação da inveja
dos menos favorecidos,
disputando-se no
campeonato da
insensatez.
Em dias de utopia, nos
quais se vale pelo que
se apresenta e não pelo
que se é, o procedimento
convencional, os ideais
que dignificam e
trabalham as forças
normais cedem lugar aos
prazeres ligeiros e
frustrantes que logo
abrem espaço a novas
mentirosas necessidades.
O cárcere do relógio,
impedindo que se
vivencie cada
experiência em sua
plenitude e totalidade,
sem saltar-se de uma
para outra
apressadamente, torna os
seus prisioneiros cada
vez mais ávidos de
novidades, por se lhes
apresentar o mundo
assinalado pela sua
fugacidade...”.
Termina nos dizendo:
... “Se experimentas
esse vazio interior,
desmotivado para viver
ou para laborar em favor
do bem-estar pessoal,
abre-te ao amor e
deixa-te conduzir pelas
suas desconhecidas
emoções, que te
plenificarão com
legítimas aspirações,
oferecendo-te um alto
significado psicológico
e humano”.
Jesus foi enfático ao
abordar psicologicamente
o significado
existencial, propondo: “Buscai
primeiro o reino dos
Céus e sua justiça, e
tudo mais vos será
acrescentado”,
deixando claro que a
destruição do corpo pelo
fenômeno biológico da
morte é inevitável,
restando ao ser
espiritual prosseguir na
marcha pelos infinitos
caminhos da
imortalidade. O motivo
da vida é amar e
aprender para evoluir.
O ensino de Jesus “Não
sairás dali enquanto não
pagares o último ceitil”
pode agora ser sentido
não como castigo, mas
como processo de
educação. “Conhece-te
a ti mesmo” e “Conhece a
verdade e essa te
libertará” nos
mostra essa visão mais
espiritual da vida e “Eu
sou o caminho, a verdade
e a vida, ninguém vai ao
Pai senão por mim”
encerra toda
profundidade de Suas
palavras.
Assim vamos entendendo
que os ensinos de Jesus
têm um significado muito
mais profundo em nossas
vidas, principalmente
como norma de conduta e
bem viver.
Assim podemos ver que o
Espiritismo mostra com
muita propriedade o
sentido existencial de
cada um de nós.