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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 8 - N° 398 - 25 de Janeiro de 2015
THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)  
 


Trilhas da Libertação

Manoel Philomeno de Miranda

(Parte 5)

Continuamos a apresentar o estudo metódico e sequencial do livro Trilhas da Libertação, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 1995.

Questões preliminares

A. Podemos dizer, como Manoel P. de Miranda, que o Espiritismo preenche todas as condições propostas por Jesus a respeito do Consolador prometido?  

Sim. Ele preenche todas as condições mencionadas por Jesus a respeito do Consolador prometido, ao mesmo tempo em que se fundamenta em uma filosofia de excelente qualidade, cujos postulados têm suas raízes no idealismo de Sócrates e Platão, sem entrar em choque com o pensamento oriental antigo, do qual se derivaram o Bramanismo, o Budismo, o Taoísmo. (Trilhas da Libertação. Reflexões e Expectativas, pp. 39 a 41.)

B. Por que, mesmo cientes disso, há confrades que desertam das fileiras espíritas?

Lembrando que o Espiritismo impõe ao homem uma vida saudável, sem oferecer recursos para o escapismo insano, Fernando, o novo companheiro, que fora na Terra dedicado médium pertencente às fileiras espiritistas, disse que – segundo seu pensamento – estaria aí a causa que tem levado muitos confrades à deserção, porque eles talvez prefiram uma religião que atribua menores responsabilidades aos seus profitentes. Manoel P. de Miranda ouviu-o e intimamente concordou com ele. A dedicação com fidelidade e firmeza de caráter a qualquer causa, diz ele, é sempre grande desafio para o homem, especialmente por exigir-lhe vivência do ideal esposado com tolerância para com todos quantos lhe compartem ou não a opinião. (Obra citada. Reflexões e Expectativas, pp. 39 a 41.)

C. A conduta do médium é importante para se manter a sintonia com os benfeitores espirituais?  

Evidentemente. A respeito do tema, o irmão Vicente (mentor da casa espírita onde se realizava o atendimento aos enfermos) disse: “Há muitos médiuns, enganados e enganadores, neste momento tortuoso do mundo que, ao invés de moralmente disciplinarem-se, justificam a conduta irregular, dissociando o medianeiro da pessoa, e alegando que, após a desincumbência do ministério, são criaturas iguais às demais, portanto com os mesmos direitos, especialmente na conturbada expressão sexual. Não discrepamos quanto aos direitos dos médiuns ou de outras pessoas, porém não nos podemos esquecer dos seus deveres de homens e mulheres probos, com responsabilidades no campo espiritual, que não podem ser conduzidas com ligeireza moral ou leviandade. A conduta é muito importante, mental e física, seja de quem for, porquanto é através dela que se mantém a sintonia com os Espíritos, conforme também ocorre entre os homens na esfera social”. (Obra citada. O médium Davi e o dr. Hermann Grass, pp. 46 e 47.)

Texto para leitura 

17. O Espiritismo preenche todas as condições referentes ao Consolador – Fernando, após referir-se aos médiuns que buscam a autopromoção, no serviço da mediunidade, explicou que no passado também ocorriam esses fenômenos, mas em menor escala. Hoje, porém, as frivolidades campeiam, os disfarces e as simulações aumentam, e a indústria dos presentes, isto é, a retribuição aos favores mediúnicos mediante doações diversas, tem-se tornado uma motivação sub-reptícia para o envolvimento dos trabalhadores distraídos, com esquecimento do carinho e devotamento àqueles que não os podem recompensar e são, obviamente, os mais necessitados. “Somos daqueles –  asseverou Fernando – que consideram úteis todas as religiões dignas e filosofias espiritualistas, necessárias e portadoras de elevadas contribuições para o bem da sociedade. Entretanto, a viagem de retorno de um espírita a uma outra denominação religiosa surpreende-me, ao tempo em que lhe compreendo a conduta. A surpresa decorre do fato de identificar no Espiritismo o Consolador prometido por Jesus, a Ciência que abarca o conhecimento sob diversos matizes, e a Filosofia esclarecedora, lógica, otimista, que propicia uma vivência ideal, seja sob o ponto de vista pessoal ou pelo inter-relacionamento social que proporciona, não havendo razão para quem a conhece desprezá-la.” Lembrando que o Espiritismo impõe ao homem uma vida saudável, sem oferecer recursos para o escapismo insano, Fernando disse que se encontra aí a causa que tem levado muitos confrades à deserção, porque eles talvez prefiram uma religião que atribua menores responsabilidades aos seus profitentes. Miranda ouviu-o, e intimamente concordou com ele. O Espiritismo, pela sua simplicidade – anotou Miranda –, preenche todas as condições propostas por Jesus a respeito do Consolador prometido, ao mesmo tempo que se fundamenta em uma filosofia de excelente qualidade, cujos postulados têm suas raízes no idealismo de Sócrates e Platão, sem entrar em choque com o pensamento oriental antigo, do qual se derivaram o Bramanismo, o Budismo, o Taoísmo. Considerando o homem um ser integral, faculta-lhe a conquista da plenitude mediante o esforço pessoal, intransferível, acenando-lhe sempre com a possibilidade de conquistar novos e mais elevados patamares na escala evolutiva. A dedicação com fidelidade e firmeza de caráter a qualquer causa, diz Miranda, é sempre grande desafio para o homem, especialmente por exigir-lhe vivência do ideal esposado com tolerância para com todos quantos lhe compartem ou não a opinião. Talvez por isso é que os mentores espirituais revelam grande preocupação com os companheiros encarnados, portadores de responsabilidades na área espírita, que se deixam distrair pelas querelas inúteis e debates injustificáveis na defesa de pontos de vista doutrinários, tomando rumos estranhos pelos desvios de rota e descuidando-se do essencial em favor do secundário. (Reflexões e Expectativas, pp. 39 a 41.)

18. O sinuoso caminho das curas e cirurgias mediúnicas – Iniciado o serviço  com dr. Carneiro de Campos, a primeira fase das observações teve lugar em uma Sociedade Espírita na qual se realizavam cirurgias mediúnicas, beneficiando enfermos portadores de patologias variadas. Recebidos de modo afável pelo mentor da Casa, Miranda e seus companheiros notaram que, muito antes do início da reunião, o recinto se encontrava repleto de pessoas ansiosas, bulhentas e inquietas, bem como de Entidades viciosas, perturbadas e zombeteiras, em lamentável promiscuidade psíquica com seus hospedeiros, exsudando miasmas perniciosos que empestavam o recinto com altas cargas de energia negativa. Diante da perplexidade de Miranda, o irmão Vicente explicou: “Nossa Casa foi fundada há mais de uma trintena de anos por abnegados corações, que planejavam dedicar-se à vivência dos postulados espíritas. Estabelecido o projeto e tendo-se em vista a excelência dos propósitos acalentados, fomos destacados para cooperar com esses amigos, de forma que o programa se tornasse realidade. Naquela ocasião, as dificuldades para a materialização da ideia eram muitas, seja pelos preconceitos existentes na cidade, em relação ao Espiritismo, seja pela inexperiência dos mentores do grupo. Todos, porém, uniram-se com devotamento e deram início ao trabalho. Interessados em aprofundar os conhecimentos da Doutrina, para mais e melhor servirem, estabeleceram um roteiro de estudos e, a pouco e pouco, conseguiram uma casa de aluguel, que viriam a adquirir mais tarde, reformando-a, por diversas vezes, para que atendesse às necessidades de crescimento, resultando no bem equipado edifício no qual nos encontramos”. Após ligeira pausa, Vicente prosseguiu: “Alguns dos fundadores já desencarnaram e hoje cooperam conosco, tentando preservar os objetivos iniciais que os emularam ao labor. Sucede, porém, que no último ano, por distração, os atuais administradores, muito preocupados com os fenômenos mediúnicos, em detrimento dos objetivos essenciais da Doutrina, cederam às pressões psíquicas dos Espíritos levianos, e, não obstante as nossas incessantes admoestações e advertências, enveredaram pelo sinuoso caminho das curas e cirurgias mediúnicas, atraindo multidões de necessitados, portadores, porém, de total desinteresse pela cura real, que transformaram o recinto no tradicional pátio dos milagres impossíveis. Diariamente, ou melhor dizendo, especialmente duas vezes por semana, desde a noite de véspera, afluem enfermos  de todos os matizes, para a maioria dos quais a doença ainda é a melhor terapêutica de iluminação, desejosos, no entanto, da cura sem responsabilidade e da saúde sem compromisso de elevação moral”. (O médium Davi e o dr. Hermann Grass, pp. 42 e 43.)

19.  Um exemplo de simonia mal disfarçada – O mentor da Casa informou ter redobrado esforços para deter a invasão dos Espíritos perniciosos, sem faltar-lhes com a caridade fraternal; todavia, a ambição do sucesso e do estrelismo tomou conta dos companheiros encarnados, o que dificultava o auxílio a eles próprios. E aditou: “Esta a razão de havermos solicitado a ajuda dos amigos que ora nos visitam”. Miranda pôde então observar as instalações do Centro e notou que as construções magnéticas de proteção à Casa e a algumas criaturas permaneciam, mas, em razão do tumulto reinante e das descargas mentais arrojadas, enxameavam as ideoplastias perturbadoras, fazendo com que a psicosfera predominante se caracterizasse pelo baixo teor dos fluidos tóxicos. Obsidiados com profundas parasitoses espirituais apresentavam enfermidades físicas, causadas pelos distúrbios provocados por seus perseguidores, em meio a portadores de cardiopatias graves, paralisias, neoplasias malignas, doenças oculares e respiratórias, numa variada e complexa gama de problemas cármicos, sem possibilidade de solução por motivos óbvios. A leviandade grassava à solta, ao lado da simonia sob disfarce mal cuidado. Uma equipe vendia fichas de atendimento, sob a alegação de que o material utilizado nas cirurgias era de alto custo e o seu volume sobrecarregava a Sociedade, sendo, portanto, justo que os enfermos assumissem parte das despesas com o seu tratamento. Todos anuíam com o absurdo, sem preocupação ética, interessados apenas em resultados que lhes parecessem favoráveis. Atraídos por bem urdida propaganda e pela divulgação através da televisão, que acompanhara algumas das incursões cirúrgicas, de todos os lugares possíveis chegavam aflitos em busca de solução para os seus males físicos, mentais, espirituais e morais. Em dado momento, no salão abarrotado, alguém assomou à mesa sobre um estrado e, após despertar a atenção, arengou: “Está chegando o momento, fazendo-se necessário preparar o ambiente para as curas”. Depois de enunciar algumas palavras desconexas, à guisa de oração, e recitar, sem qualquer emoção, o Pai Nosso, que foi acompanhado em coro, sem nenhuma participação do sentimento, abriu um volume d’O Evangelho segundo o Espiritismo. Ao fazê-lo, o irmão Vicente encaminhou-lhe a mão, em aparente gesto casual, e ele leu o título da página: “Os falsos profetas da erraticidade”. Foi visível sua reação psíquica à oportuna lição, que advertia sobre a interferência dos Espíritos irresponsáveis na condução dos homens invigilantes. Com má vontade, como se estivesse a desobrigar-se de algo desagradável, o orador leu a mensagem, entretecendo a seguir comentários que nada tinham a ver com a leitura. Depois, procurou esclarecer os pacientes em relação ao comportamento durante e após as cirurgias mediúnicas, apelando para a dieta alimentar, com proposital olvido da de natureza moral e, sobretudo, da fé que dá merecimento... (O médium Davi e o dr. Hermann Grass, pp. 43 a 45.)

20. Mediunidade sem Doutrina é qual veículo sem freio, rumo ao abismo – O dirigente nem terminara de falar, quando deu entrada no recinto o médium, cercado de protetores encarnados, que o acolitavam com mesuras e delicadezas perfeitamente dispensáveis. O grupo de companheiros era assessorado por Espíritos semelhantes, trêfegos e zombeteiros, que se compraziam tomando parte no séquito inusitado. Vicente esclareceu: “Sim, aquele é o nosso amigo Davi, que se entregou à mediunidade, derrapando, todavia, lamentavelmente, no personalismo doentio e na presunção exacerbada, agora experimentando complexo problema de obsessão com destaque na área da conduta sexual. É o que sucede com frequência aos portadores de mediunidade, que se obstinam em desconhecer a Doutrina Espírita, que a todos propõe os programas saudáveis da moral e da iluminação íntima. Mediunidade sem Doutrina pode ser comparada a veículo sem freio avançando na direção do abismo. A mediunidade é sempre compromisso de redenção que o Espírito assume antes da reencarnação, especialmente aquela que tem expressão ostensiva, rica de possibilidades para a edificação do bem nos indivíduos. O nosso amigo Davi é consciente das responsabilidades que lhe dizem respeito no exercício mediúnico. Todavia, corrompeu-se, deixando-se subornar pelo dinheiro e presentes valiosos, que lhe despertaram velhas chagas morais do passado, então adormecidas, tais a vaidade, a soberba, a ingratidão e outras... Após vincular-se psiquicamente a hábil cirurgião desencarnado, porém antigo cidadão de péssimos costumes, entregou-se aos tratamentos mediúnicos, sem nenhum respaldo evangélico para sustentar-lhe o comportamento ético. Vivendo a psicosfera do companheiro afim e de outros comparsas, vem tombando no abuso das funções genésicas, asseverando que a mediunidade e a sua prática nada têm a ver com os prazeres atormentados do sexo sem amor...” O irmão Vicente fez pequena pausa e prosseguiu: “Há muitos médiuns, enganados e enganadores, neste momento tortuoso do mundo que, ao invés de moralmente disciplinarem-se, justificam a conduta irregular, dissociando o medianeiro da pessoa, e alegando que, após a desincumbência do ministério, são criaturas iguais às demais, portanto com os mesmos direitos, especialmente na conturbada expressão sexual. Não discrepamos quanto aos direitos dos médiuns ou de outras pessoas, porém não nos podemos esquecer dos seus deveres de homens e mulheres probos, com responsabilidades no campo espiritual, que não podem ser conduzidas com ligeireza moral ou leviandade. A conduta é muito importante, mental e física, seja de quem for, porquanto é através dela que se mantém a sintonia com os Espíritos, conforme também ocorre entre os homens na esfera social”. “Quem conhece a verdade assina compromisso com ela, e todo aquele que se identifica com os postulados da imortalidade deve viver de forma consentânea com essa crença, ou, do contrário, a sua é uma aceitação falsa, destituída de fundamento e legitimidade.” (O médium Davi e o dr. Hermann Grass, pp. 46 e 47.) (Continua no próximo número.)


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita