RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
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A violência na França
“A violência de qualquer
matiz é sempre
responsável pelas
tragédias do cotidiano.”
– Joanna de Ângelis.
Noticia-se
internacionalmente a
violência ocorrida na
França como se ela nunca
tivesse ocorrido em
outros locais e em
outras épocas no planeta
Terra. Segundo nos
ensina Joanna, a
violência é doença da
alma, que a sociedade
permitiu se contaminasse.
Retroagindo muito na
história da vida sobre o
planeta, veremos que a
violência sempre existiu
em outros reinos da
natureza. Uma violência
inconsciente
evidentemente, e, por
isso mesmo, inimputável.
No reino hominal, ao se
adquirir a consciência e
a razão, essa violência
passa a ser
responsabilizada perante
as leis dos homens e das
Leis Divinas.
Mas, voltando ao assunto
sobre a violência em
outros reinos,
encontramos a violência
na erupção de um vulcão
que lança aos ares suas
lavas incandescentes que
destroem tudo por onde
passam como se fosse uma
forma de protesto da
natureza. Violência
inconsciente, mas que é
uma cena que traduz uma
certa forma de
agressividade evidente
principalmente para quem
está próximo da
tragédia.
No reino vegetal também
encontramos a violência
não consciente. Por
exemplo, a denominada
erva de passarinho é
um parasita que mata a
outra planta sobre a
qual é jogada ou vem a
cair. As assim chamadas
plantas carnívoras
também demonstram
atitudes de violência ao
tragar através de seus
mecanismos as vítimas
que acabam por ser
devoradas por elas.
No reino animal a
violência não consciente
persiste no animal que
defende o seu
território, no macho que
disputa uma fêmea, na
caçada para obter o
alimento onde um animal
abate e devora o outro
de forma violenta. Da
mesma forma poderíamos
ir citando múltiplos
exemplos para ilustrar
que a violência não é
uma característica do
reino hominal. O grande
problema, evidentemente,
é que, ao atingir esse
reino, o ser imortal
passa a adquirir a
consciência dos seus
atos quando, então, a
violência passa a ser
imputável e
profundamente
lamentável.
Segundo novamente Joanna
de Ângelis, “a violência
encontra-se embutida nos
instintos básicos
do ser, ainda não
superados, e além das
suas manifestações
patológicas, a falta de
educação, ou o exemplo
dos vícios com os quais
convive, com a ausência
absoluta do sentido
ético, da dignidade
moral, ficam insculpidas
nos seus tecidos
emocionais as
condutas agressivas e
violentas de que se
nutrem”.
Exatamente por isso, a
violência acompanha o
ser humano a nível
consciente, desde
remotas eras,
infelizmente. O que
encontramos no histórico
das conquistas dos
diversos impérios
existentes senão
violência? E a famosa
noite de São Bartolomeu,
não é um exemplo
lamentável de violência
onde ocorreu um massacre
de criaturas humanas por
questões religiosas? Não
aconteceu nessa
ocorrência um fanatismo
religioso? Como não
enxergar a violência nas
famosas Cruzadas onde,
sob o pretexto de
liberar as terras
consideradas santas,
incontáveis vítimas se
fizeram? Que dizer da
violência no período da
denominada Santa
Inquisição, onde, em
nome de um Deus de amor,
seres humanos condenavam
à fogueira os seus
semelhantes?
Será que não existe
violência quando
crianças são obrigadas a
esmolar em sinaleiros de
grandes cidades para
manter a indolência ou
os vícios dos pais que
as observam a distância?
Como quantificar a
violência quando um pai,
no recinto do próprio
lar, violenta a filha? E
os aliciadores dos
filhos alheios para o
consumo das drogas, não
estão exercendo uma
violência que atinge
toda uma família?
Não ocorre violência
quando o dinheiro
público arrecadado
através de pesados
impostos é desviado da
sua finalidade nobre?
Quando um crime fique
impune, não ocorre um
ato de violência contra
o direito do
prejudicado?
Que dizer do comércio de
mulheres sequestradas
direta ou indiretamente
para a prostituição? Que
pensar sobre a
prostituição infantil?
Sobre a pedofilia?
Creio que não é
necessário continuar
para retornarmos sempre
ao ensinamento de Joanna
de que a violência
encontra-se embutida nos
instintos básicos do
ser.
Somente o Amor é capaz
de absorver e extinguir
definitivamente toda e
qualquer forma de
violência.
Alguém já fez isso uma
vez na história da
Humanidade quando, do
alto de uma cruz de
ignomínia, um Ser
celestial suplicou ao
seu Pai, nosso Pai, que
nos perdoasse porque não
sabíamos o que fazíamos.
E ainda, durante muito
tempo, infelizmente,
continuaremos a não
saber e a gerar todas as
formas de sofrimentos
que batem à porta
infalivelmente de toda
consciência endividada
perante si mesma. E se
fôssemos comentar sobre
a violência do indivíduo
contra si mesmo no
excesso de alimentação,
no uso da bebida, no uso
do tabaco, nos momentos
de explosão pela cólera?
Creio ser melhor
pararmos por aqui para
não nos tornarmos também
violentos...