A força do
exemplo
Hilário Silva
José do Espírito
Santo, modesto
espírita de
Nilópolis,
Estado do Rio,
falava à porta
do Centro
Espírita, a
pequeno grupo de
amigos:
–
Sim, meus
irmãos, a
caridade é a
maior bênção.
Nisso, passam
dois estudantes,
ouvem breves
trechos da
palestra e
avançam
conversando:
–
Você ouviu? Todo
espírita é só
“fachada”!
–
Realmente. Fazem
as coisas “para
inglês ver”.
Logo depois, os
rapazes deparam
com infeliz
mendigo. Pálido
e doente. Sem
paletó. Camisa
em frangalhos.
Pele à mostra. A
tiritar de frio,
estende-lhes a
mão magra.
Um dos
estudantes
dá-lhe alguns
centavos.
Notam, então,
que José do
Espírito Santo
vem vindo
sozinho, pela
rua.
E
um deles diz:
–
Olhe! Lá vem o
“tal”! Aposto
que não dará
nada a esse
homem.
–
Sim. Vamos ver.
Afastemos um
pouco, senão ele
vai querer
“fazer cartaz”.
Os dois jovens
ficaram
escondidos na
esquina, um
pouco adiante.
O
pedinte roga
auxílio.
José do Espírito
Santo chega
junto dele e o
abraça,
fraterno. Em
seguida, apalpa
os bolsos e
exclama:
–
Infelizmente,
meu amigo, estou
sem um níquel...
Os jovens
entreolharam-se,
rindo...
Um deles
recorda:
–
Não lhe
disse?...
O
espírita
condoeu-se,
vendo a nudez do
homem que tremia
de frio. Deitou
um olhar em
torno para ver
se estava sendo
observado.
Sentiu a rua
deserta. Num
gesto
espontâneo, José
do Espírito
Santo tirou o
paletó.
Dependurou a
peça num portão
de residência
próxima,
arrancou a
camisa felpuda
e, seminu,
vestiu-a no
companheiro
boquiaberto, mas
encantado.
A
seguir, após
recobrir, à
pressa, o busto
nu com o paletó,
disse com
simplicidade:
–
Meu amigo, é só
isso que tenho
hoje. Volte aqui
mesmo amanhã.
E
estugou o passo
para a frente,
enquanto o
necessitado
sorria, feliz.
No outro dia, os
dois estudantes
estavam no
templo espírita,
ouvindo a
pregação.
Do livro
Almas em Desfile,
obra mediúnica
psicografada
pelos médiuns
Francisco
Cândido Xavier e
Waldo Vieira.