O
Sermão da
Montanha e O
Evangelho
segundo o
Espiritismo
(Parte I)
O confrade
Olenyr Teixeira,
em sua palestra
realizada em
Campo Grande,
MS, no dia 11 de
abril de 2014,
pelo 4º
Congresso
Espírita
Brasileiro,
apresentou-nos
excelente
pesquisa sobre a
presença do
Sermão da
Montanha
(cap. 5 do
Evangelho de
Mateus) n'O
Evangelho
segundo o
Espiritismo
(ESE).
Segundo
informação do
citado
palestrante, o
Sermão da
Montanha
está contido em
14 capítulos d'O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
diretamente
citado. Nos
demais
capítulos, o
Sermão é citado
indiretamente.
Vamos enfatizar,
em três artigos,
as citações
diretas. São
elas: capítulos
1, 5, 7, 8, 9,
10, 12, 13, 16,
17, 21, 24, 25 e
27 do ESE.
Esta pesquisa
será dividida em
três partes.
Neste primeiro
artigo,
comentaremos os
capítulos 1, 5,
7, 8 e 9 d'O
Evangelho
segundo o
Espiritismo
e sua relação
com o Sermão
da Montanha.
São eles:
cap. 1: Não vim
destruir a Lei;
cap. 5:
Bem-aventurados
os aflitos;
cap. 7:
Bem-aventurados
os pobres de
espírito;
cap. 8:
Bem-aventurados
os que têm puro
o coração; e
cap. 9:
Bem-aventurados
os que são
brandos e
pacíficos.
O capítulo
primeiro d'O
Evangelho
segundo o
Espiritismo
(ESE)
aborda a
frase crística
"Não vim
destruir a Lei"
(Mateus, 5:17).
A Lei de Deus,
entenda-se, pois
as leis humanas
foram o tempo
todo alteradas
por Jesus.
Exemplo:
"Ouvistes que
foi dito aos
antigos: Não
matarás; mas
qualquer que
matar será réu
de juízo. Eu,
porém, vos digo
que qualquer
que, sem motivo,
se encolerizar
contra seu
irmão, será réu
de juízo [...]"
(Mateus, 5: 21 e
22). Isso
significa que
até em nossas
mínimas ações
contrárias ao
amor, Lei
suprema de Deus,
estaremos nos
comprometendo
moralmente, ante
a própria
consciência,
juiz supremo da
Divindade em
cada um de nós.
A Lei de Deus
está toda
contida nos
10 Mandamentos,
que Jesus
sintetizou em
dois: "amar a
Deus sobre todas
as coisas e ao
próximo como a
si mesmo"
(Mateus, 22:37 a
40). O cap. 5 do
ESE -
Bem-aventurados
os aflitos
corresponde ao
vers. 4 do cap.
5, em Mateus:
"Bem-aventurados
os que choram,
porque eles
serão
consolados".
Kardec explica
que "somente na
vida futura
podem
efetivar-se as
compensações que
Jesus promete
aos aflitos da
Terra. Sem a
certeza do
futuro, essas
máximas seriam
um contrassenso;
mais ainda,
seriam um
engodo" (ESE,
cap. 5, it. 3).
Ninguém precisa
sofrer para ser
feliz, sem haver
uma causa justa.
Portanto, o
sofrimento é
decorrente de
nossas próprias
faltas ante as
Leis divinas. Se
não ocorreram
essas faltas na
atual
existência, elas
por certo são
decorrentes de
existências
passadas.
Sofrendo sem
revolta, com
resignação e
humildade,
estamos nos
preparando para
ser consolados
no Plano
espiritual.
No cap. 7 do
ESE, temos
que são
"bem-aventurados
os pobres de
espírito",
repetição do
vers. 3 do cap.
5 de Mateus, que
complementa:
"porque deles é
o reino dos
céus". Kardec
explica que
pobres de
espírito aqui
tem o
significado de
"humildes".
Conclui o
codificador o
seguinte:
"Dizendo que o
Reino dos Céus é
dos simples,
quis Jesus
significar que a
ninguém é
concedida
entrada nesse
Reino, sem a
simplicidade de
coração e
humildade de
espírito; que o
ignorante
possuidor dessas
qualidades será
preferido ao
sábio que mais
crê em si do que
em Deus" (ESE,
cap. 7, it. 2).
Sobre a pureza
de coração,
virtude abordada
no cap. 8 do
ESE, explica
o codificador
que ela "é
inseparável da
simplicidade e
da humidade.
Exclui toda
ideia de egoísmo
e de orgulho.
Por isso é que
Jesus toma a
infância como
emblema dessa
pureza, do mesmo
modo que a tomou
como o da
humildade". No
versículo 8 do
cap. 5 de
Mateus, essa é a
condição para
ver Deus.
A brandura e a
paciência são
abordadas no
cap. 9 do ESE:
Bem-aventurados
os que são
brandos e
pacíficos,
que confirma o
que disse Jesus
no vers. 9, do
cap. 5 de
Mateus. Ser
brando e
pacífico não
significa,
porém,
mostrar-se manso
apenas quando
nada nos irrite,
ou ser amável na
presença de
alguém e
maldosos,
maledicentes em
sua ausência. A
brandura e a
paciência devem
ser exercitadas
sempre, seja no
lar, seja no
trabalho e nos
diferentes
relacionamentos
sociais.
Diz o Espírito
Lázaro: "Não
basta que dos
lábios manem
leite e mel. Se
o coração de
modo algum lhes
está associado,
só há
hipocrisia.
Aquele cuja
afabilidade e
doçura não são
fingidas nunca
se desmente: é o
mesmo, tanto em
sociedade como
na intimidade"
(Id., it. 6). Os
verdadeiros
pacificadores,
diz Jesus,
"serão chamados
filhos de Deus"
(Mateus, 5:9),
mas o Espírito
Lázaro, no it. 6
do cap. 9 do
ESE, após
nos alertar
sobre a suposta
brandura dos
hipócritas,
conclui que "a
Deus ninguém
engana".
Concluímos esta
primeira parte
com o seguinte
soneto de nossa
inspiração:
Espírito &
Matéria
Para vencer a
força da matéria
Que nos
impulsiona a
fundo abismo
É necessário ter
visão etérea
Na grande luta
contra o atroz
egoísmo.
É necessário
transcender a
Terra
No bom combate
pelo Espiritismo
Das
consequências do
Materialismo
Que em vez da
paz só nos
fomenta a
guerra.
É necessário
acreditar no
amor
À natureza, aos
animais e
humanos
Como criações de
Deus, nosso
Senhor,
Que com
perfeitos traços
soberanos
Criou a Terra e
o espaço
universal
Onde a matéria
cede ao
espiritual.
Nos dois artigos
seguintes,
analisaremos os
capítulos
restantes.
Referências:
KARDEC, Allan.
O Evangelho
segundo o
Espiritismo.
Tradução de
Guillon Ribeiro.
131 ed.
(histórica).
Brasília: FEB,
2013.
A BÍBLIA
Sagrada.
Tradução de João
Ferreira de
Almeida. Rio de
Janeiro:
Sociedade
Bíblica do
Brasil, 1969.