Em carta publicada nesta
mesma edição, o leitor
Rafael Antônio C. Laranja,
de Porto Alegre (RS),
referindo-se a um trecho do
Especial “Lucy é Eva?
Questões criacionistas e o
Evolucionismo”, publicado na
edição 390 desta
revista, deu-nos a seguinte
sugestão:
Favor corrigir: na 1ª
pergunta de O Livro dos
Espíritos, o correto é:
Que é Deus, e não como
consta no texto do artigo -
O que é Deus?
O artigo "O" acaba
quantificando o infinito, o
que não é possível.
O Especial a que ele se
refere pode ser acessado
clicando-se neste link: -
http://www.oconsolador.com.br/ano8/390/especial.html
De fato, no original d´O
Livro dos Espíritos, de
Allan Kardec, a primeira
questão foi assim redigida:
1 - Qu'est-ce que Dieu?
Guillon Ribeiro, na tradução
que fez para a Federação
Espírita Brasileira, assim a
traduziu:
1 - Que é Deus?
Contudo, na edição d´O
Livro dos Espíritos
utilizada pelo autor do
Especial, conforme tradução
feita por J. Herculano Pires
e publicada pela
Livraria Allan Kardec
Editora (LAKE), a questão em
foco foi assim redigida:
1 - O que é Deus?
Tanto Guillon Ribeiro quanto
Herculano, fiéis ao
pensamento de Allan Kardec,
evitaram o uso nessa frase
do pronome “quem”, que, como
se sabe, é utilizado
normalmente quando nos
referimos a pessoas, o que é
fácil comprovar consultando
nossos principais
dicionários.
Seria realmente um absurdo
redigir a pergunta
utilizando esta forma: “Quem
é Deus?” Não foi o que
ocorreu.
O autor do Especial
publicado nesta revista,
confiando na conhecida
competência de José
Herculano Pires, utilizou a
frase “O que é Deus?”, tal
como a leu na edição da LAKE.
Que ela deveria ser
modificada, não resta a
menor dúvida, mas o motivo é
estritamente de natureza
gramatical.
O pronome interrogativo
“que” dispensa o “o” que o
antecede na tradução adotada
por Herculano Pires.
Para afirmar isso,
recorremos a Napoleão Mendes
de Almeida, que nos lembra
no seu Dicionário de
Questões Vernáculas, p.
257, que não cabe em tais
interrogações função
sintática nenhuma à palavra
“o”. A palavra “que” é que
exerce, por si e bastante, a
função de pronome
interrogativo.
Dessa forma, diremos:
- Que foi? (e não “O que
foi?”)
- Que aconteceu?
- Que há?
- Que quer você?
- Que é que você está
pensando?
- Que é Deus? (e não “O que
é Deus?”)