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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 8 - N° 402 - 22 de Fevereiro de 2015
THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)  
 



Trilhas da Libertação

Manoel Philomeno de Miranda

(Parte 9)

Continuamos a apresentar o estudo metódico e sequencial do livro Trilhas da Libertação, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 1995.

Questões preliminares

A. É certo afirmar que a mediunidade, quando mal utilizada, torna-se um poço de sombras?  

Sim. Esse pensamento foi formulado pelo dr. Carneiro de Campos, que fez, a respeito do assunto, o seguinte comentário: “Não ignoramos que somente o bem possui a força indispensável para anular o mal. Por esta e outras razões, a mediunidade é um instrumento que, colocado ao serviço do amor, proporciona iluminação e sabedoria, granjeando amigos para a eternidade. Dignificada, torna-se escada de libertação; mal utilizada, converte-se em poço de sombras e abismo de perturbação”. (Trilhas da Libertação. Serviços de desobsessão, pp. 72 a 74.)

B. A Casa Espírita avança para a condição de Educandário?

Sim. Para justificar essa ideia, dr. Carneiro de Campos afirmou que o Espiritismo é uma Doutrina que sintetiza o conhecimento humano em uma abrangência admirável. “Nem poderia ser diferente” – disse ele – “pois que foi revelado pelos Espíritos que se tornaram pioneiros do saber na Terra, e que, com a visão da vida ampliada no Além, ofereceram tudo quanto se faz imprescindível à felicidade dos seres.” Ele tem a ver, portanto, com todos os ramos da cultura em uma expressão holística da realidade, que se faz indispensável para o entendimento integral do homem e da vida. “Por tal razão, a Casa Espírita – aditou – avança para a condição de Educandário, fornecendo os contributos para o estudo e a análise das criaturas, libertando-as das crendices e superstições, ao tempo em que lhes oferece os recursos para a ação com liberdade sem medos, com responsabilidade sem retentivas, perfeitamente lúcidas a respeito do destino que lhes está reservado, ele próprio resultado das suas opções e atitudes.” (Obra citada. Serviços de desobsessão, pp. 72 a 74.)

C. São os médiuns santos ou pecadores?  

Nem uma coisa, nem outra. Os médiuns são criaturas humanas como quaisquer outras, que se diferenciam apenas pela aptidão especial que possuem para se comunicar com os Espíritos. “Não são santos, embora devam caminhar pela senda da retidão, nem pecadores, apesar dos seus deslizes naturais”, diz o dr. Carneiro de Campos, lembrando que costumamos exigir muito deles, esperando que sejam modelos perfeitos do que os Protetores Espirituais ensinam por seu intermédio. Certamente essa seria a condição ideal para todos, mas nem sempre é assim.  (Obra citada. Serviços de desobsessão, pp. 78 e 79.)

Texto para leitura 

33. Mal utilizada, a mediunidade torna-se um poço de sombras – Prosseguindo nos seus comentários, dr. Carneiro de Campos observou: “Não ignoramos que somente o bem possui a força indispensável para anular o mal. Por esta e outras razões, a mediunidade é um instrumento que, colocado ao serviço do amor, proporciona iluminação e sabedoria, granjeando amigos para a eternidade. Dignificada, torna-se escada de libertação; mal utilizada, converte-se em poço de sombras e abismo de perturbação”. “Infelizmente, para o nosso Davi, a sua tem sido a escalada para o erro, deixando-se alucinar e algemando-se a compromissos tenebrosos de difícil liberação. O seu último chamamento ao dever não o despertou para a realidade – sua fragilidade e limitações pessoais. O médium que se permite enovelar em problemas dessa natureza, torna-se vítima de obsessões que culminam, quase sempre, na loucura, no suicídio ou no assassinato... Os seus sicários utilizam-se das suas impulsividades e o arrojam aos despenhadeiros da amargura de difícil retorno.” Cessadas as cirurgias mediúnicas, Vicente e seus cooperadores deram início a exaustivo trabalho de limpeza do ambiente, desimpregnando-o das construções mentais do desespero humano, das ideoplastias negativas, das fixações de ansiedade, revolta e dor que já lhe empestavam a psicosfera. Utilizando-se de aspiradores que absorviam os fluidos semicristalizados que pairavam no ar, preparavam o recinto para outros misteres de elevação sem os riscos de desencarnações prematuras e conflitos de outra natureza. Percebiam-se então os sinais evidentes de ordem e paz que devem viger em todos os lugares dedicados aos labores espirituais. Acompanhando a renovação que se processava naquele Núcleo espírita, o dr. Carneiro explicou: “O Espiritismo é uma Doutrina que sintetiza o conhecimento humano em uma abrangência admirável. Nem poderia ser diferente, pois que foi revelado pelos Espíritos que se tornaram pioneiros do saber na Terra, e que, com a visão da vida ampliada no Além, ofereceram tudo quanto se faz imprescindível à felicidade dos seres. Tem a ver, portanto, com todos os ramos da cultura em uma expressão holística da realidade, que se faz indispensável para o entendimento integral do homem e da vida. As doutrinas secretas ressurgem nele desvestidas dos mitos e rituais, facilitando o intercâmbio entre as inteligências encarnadas e desencarnadas, ampliando o quadro de informações através das Ciências, na sua faina de tudo explicar e submeter”. “Por tal razão, a Casa Espírita – aditou o Instrutor – avança para a condição de Educandário, fornecendo os contributos para o estudo e a análise das criaturas, libertando-as das crendices e superstições, ao tempo em que lhes oferece os recursos para a ação com liberdade sem medos, com responsabilidade sem retentivas, perfeitamente lúcidas a respeito do destino que lhes está reservado, ele próprio resultado das suas opções e atitudes.” (Serviços de desobsessão, pp. 72 a 74.) 

34. O homem realmente livre é consciente das suas responsabilidades – No entender do dr. Carneiro de Campos, uma sociedade que se conduza fiel a esses conceitos torna-se justa e seus membros serão, sem dúvida, felizes. “Tudo marcha – lembra o Mentor – na direção da Unidade, pois que dela partem todos os rumos. No afã de penetrar a sonda da investigação no organismo universal, os cientistas constatam a interdependência das informações que detectam, umas em relação às outras, tão interpenetradas estão. A análise de qualquer conteúdo exige uma ampla malha de conhecimentos, a fim de bem captá-lo. O homem, em razão do seu largo processo de evolução, das suas vinculações ancestrais e experiências, não deve ser examinado apenas por um dos seus ângulos, seja físico, psíquico, emocional, social... Cada faceta da sua realidade traz embutidos outros aspectos e contributos que respondem pela manifestação e aparência daquela focalizada. Assim, na área da saúde, são muitos os fatores que respondem pelo equilíbrio ou desarmonia do indivíduo, e, no que tange à de ordem espiritual, mais complexos se fazem os fatores que lhes dão origem ou os desarticulam. Nesse painel, a consciência exerce um papel preponderante por ser o árbitro da vida, a responsável por todos os acontecimentos, o Deus em nós das antigas tradições de nossos antepassados.” Relanceando o olhar pelo recinto da nobre Instituição, e ante a simplicidade de tudo, dr. Carneiro arrematou: “O homem realmente livre é consciente das suas responsabilidades, não necessitando de nada externo para os logros elevados a que se propõe. Torna-se-lhe condição essencial o conhecimento real, defluente da meditação e da vivência dos seus estatutos para seguir a marcha com a elevação indispensável à vitória. Certamente foi esta a ideia de Jesus ao preconizar-nos buscar a Verdade que nos torna livres”. Na Casa, se realizaria dentro em pouco a primeira reunião mediúnica de desobsessão após os sucessos narrados e havia grande expectativa entre alguns cooperadores do trabalho. Vicente, menos preocupado que antes, em face das mudanças operadas, comandava os preparativos, enquanto no plano terrestre o presidente da Sociedade, o Sr. Almiro, um cavalheiro tranquilo, de aproximadamente setenta anos, recebia os membros do grupo irradiando bondade espontânea e gentileza sem afetação. (Serviços de desobsessão, pp. 74 e 75.) 

35. Pontualidade é fator indispensável ao êxito da sessão mediúnica – Às 19h30 todos os participantes do grupo já se encontravam presentes, porquanto a pontualidade era ali requisito indispensável, já que constitui um dos fatores para o êxito do cometimento. Ao todo, estavam no recinto vinte e seis pessoas: doze em torno da mesa e  mais quatorze nas cadeiras em frente. A leitura inicial compreendeu trechos de três obras: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O Evangelho segundo o Espiritismo, seguida de breves comentários, o que gerou uma psicosfera de paz e receptividade entre os presentes. As Entidades convidadas para o intercâmbio da noite permaneciam entre as pessoas, isoladas por barreiras vibratórias que, no entanto, lhes permitiam escutar as leituras e os comentários. As mais lúcidas e trabalhadoras movimentavam-se com liberdade, e os obsessores, alguns já vinculados aos médiuns pelos quais deveriam comunicar-se, a contragosto escutavam os ensinamentos, recalcitrando e reagindo com blasfêmias e grosserias. Espíritos familiares dos presentes permaneciam também no recinto, em atitude digna, reflexionando a respeito da tarefa e das comunicações, e os demais cooperadores, os que transportam os enfermos desencarnados, estavam igualmente a postos. Às 20 horas, o Sr. Almiro formulou a prece inicial e uma suave auréola de tom solferino(1) emoldurou-lhe a cabeça, exteriorizando os sentimentos nobres que o possuíam. De imediato, Vicente, através da psicofonia sonambúlica de Dona Armênia, deu as instruções iniciais e teve início o intercâmbio programado para a noite. Miranda observou, então, que os médiuns, assim como os demais participantes, irradiavam claridades que variavam desde os tons mais escuros e fortes aos diáfanos e laranja, mas havia alguns, entre o público, que não apresentavam qualquer alteração, permanecendo como um bloco inanimado. Dr. Carneiro esclareceu: “São companheiros que não conseguem arrebentar as algemas dos pensamentos habituais: pessimistas, ansiosos, distraídos que, não obstante interessados, aproveitam-se da penumbra para dar curso aos pensamentos trêfegos e viciosos do cotidiano ou ao sono anestesiante”. “Enquanto o indivíduo não se esforce por educar a mente, substituindo os temas agradáveis, mas prejudiciais, por aqueles de elevação e disciplina, sempre que se veja sem atividade física, emergem-lhe as ideias perniciosas que vitaliza, produzindo-lhe uma cela sombria, na qual se encarcera.” (Serviços de desobsessão, pp. 76 e 77.) 

36. Cada criatura vale o que logra, não o que lhe falta – Essas pessoas geralmente dizem que tentam concentrar-se nas faixas superiores, no entanto, não o conseguem. É natural, diz dr. Carneiro, que isso aconteça, visto que os rápidos tentames, logo abandonados, não geram os condicionamentos necessários à criação de um estado natural de sintonia superior. Acostumadas aos clichês mentais mais grosseiros, escapam-lhes as imagens mais sutis em elaboração. E as diferentes colorações apresentadas pelos médiuns? O fato se devia aos seus diferentes estágios de evolução? “De certo modo, sim” –  respondeu o Mentor. “No caso destes aqui presentes, podemos observar que a nossa irmã Armênia é um Espírito mais lúcido, mais experimentado neste tipo de serviço, além do que, transformou a existência em um verdadeiro ministério do bem. Senhora pobre, casada com um homem viciado em alcoólicos, conduziu a família com sacrifício e estoicismo, ajudada pelos Benfeitores desencarnados, que lhe infundiam ânimo e vitalidade. Não abandonou jamais os deveres espirituais, que abraça há quase trinta anos, mesmo nos dias mais rudes e doridos, havendo, por isso mesmo, granjeado respeito e consideração dos seus Mentores e Amigos Espirituais. Outros há, entre nós, com expressiva folha de serviço no culto dos seus deveres humanos e sociais, nas suas atividades públicas e particulares, o que os torna homens e mulheres de bem, aureolados, portanto, pelo merecimento a que fazem jus. Diversos, todavia, atravessam fases e experiências humanas diferentes, de provas, de testemunhos para os quais ainda não se encontram com os recursos amealhados, todos, porém, dignos do nosso carinho, respeito e acatamento.” “Cada criatura vale o que logra, não o que lhe falta.” Dr. Carneiro lembrou, ainda, que os médiuns são criaturas humanas como quaisquer outras, que se diferenciam apenas pela aptidão especial que possuem para se comunicar com os Espíritos. “Não são santos, embora devam caminhar pela senda da retidão, nem pecadores, apesar dos seus deslizes naturais”, afirma o Mentor, dizendo que costumamos exigir muito deles, esperando que sejam modelos perfeitos do que os Protetores Espirituais ensinam por seu intermédio. Certamente essa seria a condição ideal para todos, mas nem sempre é assim que se dá, como, aliás, ocorreu com o médium Davi, que, no entanto, apesar de sua teimosia e imaturidade, não deixaria de receber assistência espiritual por parte de Ernesto e outros amigos do Plano Espiritual.  (Serviços de desobsessão, pp. 78 e 79.) (Continua no próximo número.)


(1)
Solferino: a cor escarlate, ou entre o encarnado e o roxo, que é usada nas vestes episcopais.   


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita