Um leitor nos pergunta qual
é a visão dos espíritas
acerca do carnaval.
Parece-nos que para
responder a semelhante
pergunta é preciso
distinguir a festa em si,
que nada de negativo
apresenta, do ambiente em
que ela se manifesta e da
conduta das pessoas que aí
se apresentam.
Estamos, pois, diante de
três fatos distintos.
No carnaval tradicional,
sobretudo o realizado nas
cidades do interior, em que
famílias inteiras
confraternizam, nada há de
mau, porque seu objetivo é a
busca da diversão sadia, em
que não existem outros
propósitos além disso.
Se, porém, a festa é
tumultuada, excitante, plena
de quadros de nudez e de
erotismo, em que a bebida, a
droga e a prática do sexo
irresponsável dão o tom, eis
um ambiente que o homem de
bem procurará,
evidentemente, evitar.
Em artigo publicado no
jornal A Tarde, no
dia 12 de fevereiro deste
ano, Divaldo Franco resumiu
bem o que pensamos sobre o
tema: “Não é o carnaval, em
si mesmo, um fator de
degeneração moral, social e
espiritual, mas a
oportunidade que faculta aos
atormentados para exporem as
suas feridas morais”.
Não existe na doutrina
espírita nenhuma
recomendação no sentido de
que devamos ou não evitar as
folias de Momo. Nesse, como
em qualquer outro caso, a
decisão é puramente pessoal
e disso, evidentemente,
prestaremos contas, certos
de que, como alertou Paulo
de Tarso, tudo na vida nos é
lícito, mas nem tudo nos
convém.
No tocante à psicosfera que
reina nos festejos momescos
nas grandes cidades,
especialmente naquelas que
atraem turistas do mundo
todo, é bom relembrar o que
dois eminentes autores
escreveram.
São de Thereza de Brito, por
meio das faculdades
mediúnicas de José Raul
Teixeira, as seguintes
palavras:
“Muita gente se expressa com
honestidade, asseverando que
vai para o carnaval sem
intenções malévolas, que vai
apenas pela distração, pela
empolgação, pelo movimento.
Entretanto, a sintonização
está formada. Mergulhados
nas mesmas energias em que
todos se encharcam, em
franca cadeia de interesses
similares, toda a gente se
mantém no mesmo caldo de
nutrição psíquica. Assim, a
boa intenção contrasta com a
inutilidade e materialidade
dos referidos interesses,
não tendo, então, o
bem-intencionado a inocência
ou a escusa que a si mesmo
se atribui.” (Vereda
Familiar, p. 92)
Manoel Philomeno de Miranda,
em seu livro Nas
Fronteiras da Loucura,
obra psicografada por
Divaldo Franco, trouxe-nos
informações importantes
acerca do tema.
Reportando-se ao carnaval
carioca, ele descreveu uma
cena típica registrada na
referida ocasião, a qual
resumimos:
Num dos dias do carnaval, a
cidade era um pandemônio.
Multidão de Espíritos, que
se misturava à mole humana
em excitação dos sentidos
físicos, dominava a paisagem
sombria das avenidas, ruas e
praças, cuja iluminação,
embora feérica, não
conseguia vencer a
psicosfera carregada de
vibrações de baixo teor.
Grupos mascarados eram
acolitados por frenéticas
massas de Espíritos
voluptuosos, que se
entregavam a desmandos e
orgias lamentáveis,
inconcebíveis do ponto de
vista terreno.
Algumas Entidades atacavam
os burlescos transeuntes
tentando prejudicá-los com
suas induções nefastas.
Outras buscavam as vítimas
em potencial para alijá-las
do equilíbrio, dando início
a processos nefandos de
obsessões demoradas.
Muitas pessoas fantasiadas
haviam obtido inspiração
para as suas expressões
grotescas em visitas a
regiões inferiores do Além.
A sucessão de cenas,
deprimentes umas, selvagens
outras, era constrangedora,
o que mereceu de Dr. Bezerra
o seguinte comentário:
"Grande, expressiva faixa da
humanidade terrena transita
entre os limites do instinto
e os pródromos da razão,
mais sequiosos de sensações
do que ansiosos pelas
emoções superiores. Natural
que se permitam, nestes
dias, os excessos que
reprimem por todo o ano,
sintonizados com Entidades
que lhes são afins. É de
lamentar, porém, que muitos
se apresentam, nos dias
normais, como discípulos de
Jesus, preferindo, agora,
Baco e os seus assessores de
orgia ao Amigo Afetuoso..."
Nas proximidades do
sambódromo, o local mais
parecia uma praça de guerra,
burlescamente apresentada,
em que o ridículo e a dor se
ajustavam em pantomina de
aflição. Dr. Bezerra disse
então ao seu amigo: "Não se
creia que todos quantos
desfilam nos carros do
prazer, se encontrem em
festa. Incontáveis têm a
mente subjugada por
problemas de que procuram
fugir, usando o corredor
enganoso que leva à loucura;
diversos suicidam-se,
propositalmente, pensando
escapar às frustrações que
os atormentam em longo
curso; numerosos anseiam por
alianças de felicidade que
os momentos de sonho parecem
prometer, despertando,
depois, cansados e
desiludidos..." "Raros
divertem-se, descontraem-se
sadiamente, desde que os
apelos fortes se dirigem à
consunção de todas as
reservas de dignidade e
respeito nas fornalhas dos
vícios e embriaguez dos
sentidos." (Nas
Fronteiras da Loucura,
cap. 6, pp. 51 a 54.)
Sobre o assunto, vários
textos já foram publicados
em nossa revista, dos quais
mencionamos alguns cuja
leitura vale a pena, se
quisermos entender realmente
o que nós espíritas pensamos
sobre o tema carnaval:
1) Wellington Balbo – “O
Espiritismo e o carnaval”
http://www.oconsolador.com.br/ano2/99/especial.html
2) Marcos Paulo de Oliveira
Santos – “Breve comentário
acerca do carnaval”
http://www.oconsolador.com.br/ano6/299/marcos_paulo.html
3) Leonardo Marmo Moreira –
“O Carnaval à luz da
Doutrina Espírita”
http://www.oconsolador.com.br/44/leonardo_moreira.html
4) Christina Nunes – “Carne
aval - uma visão espírita”
http://www.oconsolador.com.br/ano4/201/christina_nunes.html
5) Cláudia Gelernter –
“Carnaval e problemas
sociais”
http://www.oconsolador.com.br/ano6/301/claudia_gelernter.html
6) Ricardo Orestes Forni –
“Colocando a máscara”
http://www.oconsolador.com.br/ano7/315/ricardo_orestes.html
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