RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
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Prisioneiros da matéria
No exemplar da revista
VEJA, edição 2400
de 19 de novembro de
2014, páginas 86 a 92,
encontramos uma extensa
reportagem noticiando
mais uma incursão do ser
humano na exploração do
espaço sideral. O homem
busca a conquista da
incógnita do espaço que
o desafia como um canto
de sereia, na ânsia
inconsciente de sair de
si mesmo, porque é mais
fácil “ir para fora” do
que explorar o próprio
interior, penetrar na
própria intimidade. É
mais fácil mergulhar nas
profundezas escuras de
oceanos e mares do que
na própria escuridão. É
mais confortável invadir
os segredos das células
do que bater na porta da
própria realidade.
Vamos tomar uma
afirmativa de Carl
Sagan, eminente
astrofísico americano,
escritor e um dos
maiores propagandistas
da ciência, que assim se
manifesta na mesma
reportagem da revista:
“Quem somos nós?
Descobrimos que vivemos
em um planeta
insignificante de uma
estrela banal perdida em
uma galáxia aninhada em
algum canto esquecido do
universo onde existem
muito mais galáxias do
que pessoas”.
Estaria realmente o
cientista interessado em
saber quem somos nós?
Creio que não, porque ao
limitar a pergunta ao
homem físico que termina
com a morte, estamos
impedidos de conhecer
plenamente quem somos.
Enquanto a morte for o
limite do homem, esse
mesmo homem permanecerá
como um grande
desconhecido que mente
nenhuma conseguirá
elucidar sobre a sua
plenitude que transcende
a realidade física.
A seguir, a reportagem
da revista mencionada
informa que uma sonda
espacial de nome
Rosetta, lançada em
março de 2004 na Guiana
Francesa, tinha como
destino um cometa
conhecido como 67P
(hoje Chury),
distante 583 milhões (!)
de quilômetros da Terra,
o que demandaria dez
anos para ser alcançado,
como realmente o foi.
Objetivo desse tremendo
esforço da inteligência
humana: Encontrar sinais
se lá haveria alguma
substância parecida com
a água de nosso planeta;
algumas moléculas
orgânicas no solo ou na
atmosfera do Chury
e coletar dados da
estrutura, da composição
química, do campo
magnético e da fina
atmosfera do nosso
universo. Essas
possíveis descobertas
explicariam como a água
e a vida teriam chegado
ao nosso distante e
insignificante planeta,
como a ele se referiu
Carl Sagan no trecho
citado anteriormente.
Além disso, poder-se-ia
saber mais sobre a sopa
de moléculas que formou
o nosso sistema solar.
Pelo pouco mencionado
resumidamente e que tem
como alvo principal o
descobrimento dos fatos
materiais do Universo, a
pergunta de Carl Sagan –
“Quem somos nós?” –
continuará sem resposta.
Por mais que dissequemos
o macrocosmo ou o
microcosmo, estaremos
sempre distante dessa
resposta que está além
do físico, muito além do
último limite que
pudesse existir nas
imensidões inimagináveis
do Universo e que
pudesse ser vasculhado
com os recursos
materiais e intelectuais
que nossos cientistas
possam mobilizar.
Será que Joanna de
Ângelis com a sua visão
mais abrangente poderia
socorrer o cientista
esclarecendo sua dúvida
sobre quem somos nós?
Vejamos: O homem, na
perspectiva da
psicologia profunda, é
um ser real,
estruturalmente
parafísico, revestido de
corpo somático, que lhe
permite o processo de
construção de valores
ético-morais e
aquisições espirituais
que o tornam pleno,
quanto mais conquista e
ascende na escala
ascensional, com
abandono das mazelas que
lhe constituem embaraço
ao progresso.
Eis aí a questão. O
homem é um ser
parafísico que se
reveste de um corpo
somático em seu caminho
ascensional. Enquanto
nos detivermos na
apresentação do
“envelope” carnal, não
poderemos ler a “carta”
que é o próprio Espírito
imortal. Ora, quem não
abre o envelope e não lê
a carta, fica a fazer
conjecturas do que
poderia, ou não, ter
sido escrito.
Gastamos tanta
inteligência, sem
mencionarmos os valores
financeiros, para
encontrar respostas para
o “quem somos nós”, de
onde viemos, o que
podemos conquistar, mas
não nos detemos um
segundo sequer no
para onde vamos nós
após o cumprimento do
calendário dos homens.
Será que toda essa
sinfonia perfeita do
Universo foi criada para
um homem que só existe
nesse pequenino planeta
e vive apenas um lapso
de tempo correspondente
a uma “vírgula” quando
comparado ao infinito?
Quem somos nós? Somente
o saberemos quando
resolvermos explorar com
inteligência e sem
preconceitos o universo
infinito que cada ser
humano carrega em si
mesmo, ao invés de nos
lançarmos ao espaço
exterior,
esquecendo-nos,
consciente ou
inconscientemente, do
espaço interior dentro
do qual cabe o infinito
e a eternidade!