JUBERY RODRIGUES
DOS SANTOS
jubery.rodrigues@pml.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
|
|
Parábola do cego
que guia outro
cego
“Porventura pode
um cego guiar
outro cego? não
cairão ambos no
barranco?”
(Lucas, VI, 39.)
“Sabes que os
fariseus ouvindo
o que disseste,
ficaram
escandalizados?
Mas ele
respondeu: Toda
a planta que meu
Pai Celestial
não plantou será
arrancada pela
raiz. Deixai-os,
são cegos guias
de cegos. Se um
cego guiar outro
cego, cairão
ambos no
barranco.”
(Mateus, XV,
12:14.)
Há cegos do
corpo e cegos do
espírito, e se
horrível é a
cegueira do
corpo, mil vezes
pior é a do
espírito.
Entretanto, bem
difícil, ou
quase
impossível, é
encontrar-se um
cego a guiar
outro cego, ao
passo que, no
que se refere às
coisas do
Espírito, vemos,
por toda parte,
cegos que guiam
cegos!
Qualquer homem,
por haver
frequentado um
seminário e ter
envergado uma
sotaina, já se
julga com
capacidade
bastante para
ser guia de
cegos!
Nunca se viu um
cego formado no
Instituto de
Cegos sair à rua
guiando cegos,
mas veem-se,
todos os dias,
cegos mil vezes
mais cegos que
os primeiros,
saídos do
“Instituto da
Cegueira”,
guiando a
multidão de
cegos que
encontra o
“barranco” do
túmulo e nele
cai juntamente
com seus guias!
Mas passemos à
comparação:
triste coisa é
ver-se neste
mundo um cego
caminhando só,
ou um cego a
guiar outro
cego, se tal
fosse possível.
Que acontece ao
cego que caminha
sem guia?
Tropeça aqui,
tomba ali, cai
acolá; esbarra,
fere-se, até que
alma caridosa o
tome pela mão e
o conduza a
casa!
A mesma sorte
está reservada
aos cegos que
guiam cegos;
tanto uns, como
outros, passam
pelos mesmos
tormentos.
Imagine-se agora
um “cego de
espírito”
caminhando
sozinho: um
materialista,
cego-voluntário,
ao chegar ao
Mundo
Espiritual! Como
poderá ele
caminhar? Este
homem não
procurou estudar
o Mundo
Espiritual, nem
sequer
acreditava na
Outra Vida:
ignora a
significação das
palavras
imortalidade,
eternidade,
Deus!
Que acontecerá a
este cego ao
passar as
barreiras do
túmulo? Que
acontecerá a
este Espírito ao
ver-se num mundo
completamente
estranho?
Imaginemos,
agora, um cego
de espírito
conduzindo uma
multidão de
cegos da mesma
natureza, como
acontece aos
guias das
religiões
tarifadas!
Imaginemos esses
cegos
sucedendo-se no
mundo
espiritual. Que
será de todos
eles? São cegos,
o mundo aonde
entraram lhes é
desconhecido!
Como se
arranjarão esses
cegos, na sua
entrada para um
mundo cuja
existência
negaram,
absortos que
estavam nas
miragens de um
Céu de beatífica
contemplação, de
um Purgatório de
brasas e de um
Inferno de
chamas!
Decididamente,
ninguém pode
saber sem
aprender,
ninguém pode
aprender sem
estudar, assim
como ninguém
pode ver, sendo
cego.
A parábola de
Jesus cabe a
todos aqueles
que fazem da fé
um bloco de
carvão e se
submetem ao
“magister dixit”(1),
sem análise, sem
estudo, sem
exame.
Um cego não pode
guiar outro
cego; um
ignorante do
mundo espiritual
não pode guiar
as almas que
para aí se
encaminham.
Esta parábola,
que faz alusão
ao sacerdócio
hebreu, pode
referir-se hoje
ao sacerdócio
romano e
protestante,
assim como aos
materialistas,
modernos
saduceus que
tudo negam.
(1) Magister
dixit (O
mestre o disse)
é uma expressão
latina que pode
ser utilizada
quando se
procura
construir um
argumento
referindo-se a
uma autoridade
tida como
inquestionável.