Na edição 403, do dia 1º de
março deste ano, respondemos
à carta de um leitor que nos
indagou como é possível
saber, diante da
manifestação de um Espírito
ainda encarnado, se ele está
realmente encarnado ou se
trata de alguém que já se
desprendeu por completo do
corpo físico.
É bom que o leitor saiba que
muitos Espíritos demoram a
reconhecer que já
desencarnaram.
Em face disso, pode ocorrer
que eles, numa comunicação
mediúnica, se declarem
“vivos”, ou seja,
encarnados, deixando o
doutrinador ou esclarecedor
em dúvida se estão diante da
manifestação de um encarnado
ou de um desencarnado, uma
dificuldade enfrentada até
mesmo por Léon Denis, um dos
vultos espíritas mais cultos
e importantes da história do
Espiritismo.
A dificuldade apontada,
porém, não ocorrerá se
ocorrer uma das hipóteses
seguintes:
1ª. Aparição do Espírito,
ainda que seja em uma
aparição vaporosa, isto é,
não tangível.
2º. Seja o atendente –
doutrinador ou esclarecedor,
como queiram – dotado da
faculdade de vidência.
Os espíritas sabem que
existe um cordão fluídico
que liga o Espírito ao corpo
físico enquanto o ser
estiver encarnado. Esse
cordão evidentemente não
existirá se o Espírito
houver desencarnado, ou
seja, livre de qualquer
ligação física com o corpo
material.
O cordão ou fio fluídico é
claramente visível a um
médium vidente e, no caso
das aparições, a todas as
pessoas que se encontrem no
recinto.
André Luiz tratou do assunto
em pelo menos três
diferentes oportunidades.
Vejamo-las:
André Luiz observava com
surpresa as árvores
frondosas e acolhedoras que
cercavam o caminho que leva
ao grande portão das Câmaras
de Retificação. De repente,
viu dois vultos estranhos
que pareciam autênticos
fantasmas. Cabelos eriçados,
ele voltou correndo ao
recinto e expôs a ocorrência
a Narcisa, que mal conteve o
riso. André tinha visto dois
companheiros encarnados. O
longo fio que se escapava da
cabeça, nos dois vultos, era
o que os diferencia dos
desencarnados. (Nosso
Lar, cap. 33, pp. 180 a
183.)
A mãe do moribundo pediu a
Aniceto ajudasse no
desprendimento de seu filho.
(...) Aniceto aproveitou a
serenidade ambiente e
começou a retirar o corpo
espiritual do morto,
desligando-o dos despojos,
iniciando a operação pelos
calcanhares e terminando na
cabeça, à qual, por fim,
parecia estar preso o
moribundo por extenso
cordão, tal como se dá com
os nascituros terrenos.
Aniceto cortou o cordão com
esforço. (Os Mensageiros,
cap. 50, págs. 258 a 262.)
Dimas entrou em coma, em
boas condições. Jerônimo,
após ligeiro descanso,
voltou a intervir no
cérebro. Era a última etapa
do processo. (...)
Dimas-desencarnado elevou-se
alguns palmos acima de
Dimas-cadáver, apenas ligado
ao corpo através de leve
cordão prateado, semelhante
a sutil elástico, entre o
cérebro de matéria densa,
abandonado, e o cérebro de
matéria rarefeita do
organismo liberto. A
genitora abandonou o corpo
grosseiro, rapidamente, e
recolheu a nova forma,
envolvendo-a em túnica muito
branca, que trazia consigo.
Aos olhos terrenos, Dimas
morrera, inteiramente. Mas o
cordão fluídico permaneceria
até o dia imediato,
considerando as necessidades
do falecido, ainda
imperfeitamente preparado
para desenlace mais rápido.
Ao saírem, os benfeitores
espirituais deixaram Dimas
aos cuidados de sua mãe. Ele
partiria para a Casa
Transitória de Fabiano
apenas no dia seguinte,
quando seria cortado o fio
derradeiro que o ligava aos
despojos. (Obreiros da
Vida Eterna, cap. 13, pp.
211 e 212.)
O assunto não foi,
evidentemente, estranho a
Allan Kardec, que relata na
Revista Espírita como tal
informação lhe chegou pela
primeira vez. O fato ocorreu
em 1859. Segundo o
codificador do Espiritismo,
o Sr. R..., antigo
ministro-residente dos
Estados Unidos junto ao rei
de Nápoles, informou-lhe ter
conhecido na Inglaterra um
médium vidente que notava
nas aparições de vivos um
rastro luminoso, que partia
do peito, através do espaço,
e terminava no corpo físico.
(Cf. Revista Espírita de
1859, pág. 140.)
Kardec voltou a referir-se a
esse cordão fluídico em
inúmeras passagens de sua
obra, como podemos conferir
nos textos seguintes:
Ainda encarnado, o dr.
Vignal, tal como ocorreu com
o Conde R..., tendo sido
evocado por Kardec em 3 de
fevereiro de 1860, explicou
que seu Espírito se
comunicava com o corpo,
adormecido em Sully, através
do cordão fluídico.
(Revista Espírita de 1860,
pág. 86.)
Nas exéquias do sr. Nant, um
dos companheiros da
Sociedade Espírita de Paris,
Kardec pronunciou breves
palavras, transcritas, a
pedido da família, pela
Revista. No momento em que
fechou os olhos, o neto do
falecido, na época com dez
anos, tomado de violenta
emoção, foi subitamente
adormecido pelos Espíritos
e, no seu êxtase, viu a alma
de seu avô, acompanhada por
uma porção de Espíritos,
elevar-se no espaço, embora
presa ainda ao corpo pelo
cordão fluídico. (Revista
Espírita de 1865, pp. 310 a
312.)
Falando sobre casos como o
da jovem Luísa B..., que
exigem muito tato e
prudência, Kardec disse que
a alma, feliz por estar
desprendida do corpo, a este
se liga por um fio, que um
nada pode romper
irremediavelmente.
(Revista Espírita de 1866,
pág. 23.)
Enfatizando a importância da
prudência que os assistentes
devem manter nas reuniões em
que se manifestam Espíritos
ainda encarnados, Kardec
lembrou que o fato se
justifica porquanto nesses
momentos a alma se liga ao
corpo apenas por um fio
frágil. (Revista Espírita
de 1866, pág. 342.)
A união da alma com o corpo
se dá desde a concepção.
Posto que ainda errante, o
Espírito fica preso ao
corpo, com o qual se deve
unir, por meio de um cordão
fluídico. Esse laço se
estreita cada vez mais, à
medida que se desenvolve o
corpo. Desde aquele momento
sente o Espírito uma
perturbação crescente, até
às proximidades do
nascimento; nesse momento
ela é completa. (O que é
o Espiritismo, cap. III,
item 116.)
Durante a vida o Espírito
está sempre preso ao corpo
por um cordão fluídico, seja
qual for a distância a que
se transporte. O cordão
serve para o chamar, desde
que sua presença se torne
necessária. Só a morte rompe
esse laço. (O que é o
Espiritismo, cap. III, item
136.)
Poderíamos dizer que o corpo
vive a vida orgânica, que
independe do Espírito, e a
prova é que as plantas vivem
e não têm Espírito. Mas,
precisamos acrescentar que,
durante a vida, nunca o
Espírito se acha
completamente separado do
corpo. Do mesmo modo que
alguns médiuns videntes, os
Espíritos reconhecem o
Espírito de uma pessoa viva,
por um rastro luminoso, que
termina no corpo, fenômeno
que absolutamente não se dá
quando este está morto,
porque, então, a separação é
completa. Por meio dessa
comunicação, entre o
Espírito e o corpo, é que
aquele recebe aviso,
qualquer que seja a
distância a que se ache do
segundo, da necessidade que
este possa experimentar da
sua presença, caso em que
volta ao seu invólucro com a
rapidez do relâmpago. (O
Livro dos Médiuns, Segunda
Parte, cap. VII, item 118.)
 |
Para
esclarecer
suas
dúvidas,
preencha
e
envie
o
formulário
abaixo. |
 |
Sua
pergunta
será
respondida
em
uma
de
nossas
futuras
edições. |
|
|
|
|