Drogadição:
consequências &
profilaxia
Os conflitos do
lar contribuem
expressivamente
para a
fuga na
direção das
drogas
Joanna de
Ângelis
A drogadição
constitui, na
atualidade, um
dos mais graves
problemas de
saúde mental e
orgânica, em
face das
substâncias
tóxicas que
exercem sobre o
sistema nervoso
um predomínio
perturbador.
Neste capítulo,
incluímos o
alcoolismo e
todas as suas
lamentáveis
consequências
pessoais,
familiares e
sociais,
arrastando
milhões de
vítimas aos
abismos da
loucura, do
crime e do
suicídio
perverso...
Os primeiros
prejuízos
orgânicos
decorrem da
perturbação
produzida na
corticalidade do
sistema nervoso,
que se encarrega
do controle, em
face da inibição
que proporciona,
dos centros
nervosos
inferiores, logo
afetando as
fibras do feixe
frontal
talâmico,
diminuindo as
inibições e
produzindo
manifestações,
por exibição, de
emoções antes
freadas e que se
apresentam
excitadas e
dominantes.
Posteriormente
alcança o
cerebelo,
produzindo
desgovernação
dos movimentos,
para logo seguir
gerando a
paralisia do
nervo vagal, que
responde pelo
equilíbrio
existente entre
o ritmo cardíaco
e o
respiratório,
tornando-se, em
geral, o
responsável pela
morte do
viciado.
Na psicogênese
da drogadição
encontra-se o
Espírito
aturdido,
inseguro, às
vezes revoltado,
que traz do
passado uma alta
carta de
frustrações e de
rebeldia.
Na fase
pré-tóxica,
pode-se
identificar o
dependente como
uma
personalidade
psicopática
evoluindo para o
processo
esquizofrênico.
Igualmente se
tem constatado
nos
oligofrênicos
certa disposição
para o uso de
substâncias
tóxicas, ou
mesmo entre os
deficientes
mentais, por uma
necessidade de
afirmação da
personalidade,
em face da
rejeição
experimentada ou
de alguns
preconceitos que
o consideram
incapaz de
realizações mais
significativas.
Dessa forma,
anulando o senso
de equilíbrio,
esses indivíduos
encontram nas
drogas um
estimulante para
alcançar níveis
superiores de
comunicação e de
realização,
mesmo que de
maneira
arbitrária.
Assim, existem
níveis
diferentes de
pessoas que
podem tombar nas
malhas da
drogadição:
a) aquelas que
se apresentam
atemorizadas,
receando a vida
que lhes parece
sempre injusta e
perversa,
destituídas de
tolerância em
relação às
próprias
frustrações;
b) aquel´outras
que podem ser
consideradas
dependentes,
isto é, para
quem a
existência deve
ser sempre
agradável e
compensadora,
buscando, na
droga química,
seja qual for,
uma fuga da
realidade que,
em face da sua
injunção
aflitiva, deve
ser negada ou
apagada a
qualquer
preço...
O primeiro grupo
encontra no uso
da droga a
segurança que
falta no estado
de lucidez,
embora reconheça
que tal estado é
de rápida
duração,
mantendo a
expectativa de
renovação de
outras doses até
o desespero que
não tarda. O
segundo,
vitimado pela
ansiedade,
refugia-se no
tóxico, evitando
o trânsito pelas
situações
desafiadoras
para as quais se
acredita incapaz
de
enfrentamento.
Porque o
entorpecente
minora as
tensões
inibitórias,
facilitando a
irrupção de
condutas
recusadas pelo
ego, sejam
edificantes ou
delituosas, o
paciente
recorre-lhe ao
uso, em forma de
refúgio, que
sempre se
transforma em
terrível cárcere
de agonia
incessante.
Sem dúvida, os
conflitos do lar
contribuem
expressivamente
para a fuga na
direção das
drogas: a
ausência de
diálogos entre
os genitores e
filhos, as
agressões
domésticas, as
conversações
doentias e a
falta de
carinho, no que
diz respeito à
educação
doméstica,
expulsa o
adolescente –
muitas vezes a
criança – do
convívio da
família para os
traficantes
impiedosos que
os adotam,
extorquindo-lhes
dinheiro e
matando-lhes a
esperança de uma
vida saudável.
Os conflitos
internos que
aturdem o jovem
ou o adulto, que
sente
insegurança na
realização de
alguns
cometimentos,
respondem pela
procura de
determinadas
drogas
estimulantes que
lhes
proporcionam
segurança na
primeira fase da
intoxicação do
estímulo
cortical que
proporciona
certa vivacidade
intelectual,
respondendo pela
euforia e
audácia nos
gestos. É comum
o acontecimento
em determinados
indivíduos que
exercem
profissões
liberais e são
convocados
amiúde a ações
desafiadoras que
temem não poder
executá-las com
segurança e que
o fazem sob a
injunção do
álcool ou de
diversas drogas,
tais: a morfina,
a cocaína, o
crack ou outra
qualquer...
Não poucos
viciados
renitentes são
vítimas do mesmo
hábito que
mantiveram em
existência
anterior, na
qual mergulharam
em abismo
profundo e
retornaram com
as marcas da
dependência que
os consome,
avançando para
expiações muito
graves no
futuro...
Sob outro
aspecto, as
vinculações com
personalidades
psicopatas
desencarnadas ou
inimigos
pessoais de
outras
experiências
carnais
respondem pela
sua indução à
dependência
viciosa, na qual
também se
comprazem em
mecanismos de
vampirização
cruel, em
verdadeira
interdependência
espiritual.
Sem a menor
dúvida é o
Espírito enfermo
que mergulha no
poço asfixiante
da drogadição,
arrostando os
efeitos da
conduta
reencarnacionista
e dos
compromissos
alienantes da
atualidade na
qual se
encontra.
Dependência
química –
Iniciado o uso
de qualquer
substância
química tóxica,
após a euforia
mentirosa e a
queda na
angústia pela
falta do
estímulo
artificial,
muitas vezes o
paciente
experimenta
mal-estar
compreensível.
Os
relacionamentos
sedutores e os
grupos de
convivência
doentia
encarregam-se de
proporcionar
novos estímulos
e, ao repetir a
experiência,
inicia-se a
torpe
dependência que
leva aos
desastres mais
imprevisíveis,
tanto em relação
ao desgaste
orgânico, como à
degenerescência
mental e
emocional, e
também aos
imprevisíveis
desvios para o
crime: furto,
roubo, agressão,
homicídio,
suicídio...
Porque reconhece
o comportamento
criticável de
que é portador,
o viciado em
tóxicos torna-se
desconfiado,
dissimulador,
agressivo,
mentiroso,
avançando no
rumo de
interpretações
delirantes que,
às vezes, se
convertem em
transtornos
paranoides.
Invariavelmente
o viciado nega o
uso de drogas
com tanta
segurança que
engana mesmo
aqueles que são
conhecedores da
problemática.
De início, uma
pequena dose é
suficiente para
gerar estímulos
agradáveis em
alguns
pacientes,
enquanto outros
são empurrados
para os porões
do inconsciente,
sendo vítimas de
terríveis
alucinações que
os desvairam.
A falta de
contato contínuo
dos genitores
com os filhos,
não lhes
percebendo as
primeiras
alterações de
conduta quando
ocorre a
iniciação,
permite que os
mesmos se
entreguem ao
vício com
assiduidade,
criando
dependência
grave que, ao
ser percebida,
já exige terapia
cuidadosa e
prolongada.
Nesse caso, o
alcoolismo
instala-se, em
razão do uso da
substância
etílica fazer
parte do jogo
social, dos
relacionamentos
que primam pela
futilidade e por
falta de
profundidade,
permanecendo na
superfície das
aparências, que
proporcionam as
libações
contínuas de
cervejas, vinhos
e outros
sofisticados
produtos, como
forma de
esconder o
desinteresse que
sentem umas
criaturas por
outras...
Perigoso, pela
facilidade com
que são
encontradas as
bebidas
alcoólicas, esse
vício tornou-se
um grave
problema social
e de saúde, em
razão da sua
difusão nas
sociedades
distintas, como
degradadas,
levando, a pouco
e pouco, o
indivíduo a uma
situação nociva
ao próprio meio
no qual
transita.
Lares são
vergastados pela
sevícia dessa
dependência,
crimes horrendos
são praticados
pelos seus
usuários,
agressões
vergonhosas e
lamentáveis
sucedem-se, umas
às outras, em
voragem
alucinante,
ceifando muitos
milhões de vidas
que poderiam ser
dignificadas
pelo trabalho e
pela abstinência
do seu uso
enfermiço.
Em razão das
quantidades
ingeridas, desde
cedo podem
expressar
quadros
psicopáticos,
que caracterizam
as resistências
emocionais e
mentais dos
indivíduos.
Alguns há que
são capazes de
ingerir volumosa
quota de
substância
alcoólica sem
apresentar, de
imediato,
efeitos danosos;
outros, no
entanto, mesmo
usando pequenas
quantidades,
logo aparecem os
acidentes
psíquicos, uns
mais
devastadores do
que outros, de
que não se
recorda o
enfermo quando
recupera a
lucidez...
Os dipsômanos,
no entanto, são
levados de forma
irresistível ao
uso dessas
substâncias, em
face da sua
ansiedade,
embora
conscientes da
enfermidade que
os consome...
Além das
heranças
genéticas, os
traumatismos
cranianos e as
encefalopatias
sutis, na
infância, também
respondem pela
tendência ao
alcoolismo.
Podemos
introduzir,
igualmente, na
psicogênese do
alcoolismo, as
obsessões, como
geradoras do
vício, qual
ocorre, conforme
referido, em
outras formas de
drogadição. Os
efeitos são
terríveis na
glândula
hepática, nos
rins, e todo o
aparelho
digestivo, com
os graves
comprometimentos
emocionais e
mentais.
Nas diversas
dependências de
drogas químicas,
após largo
período de uso,
podem-se
registrar
alterações do
centro da
palavra, com
dificuldade de
silabação,
arrastamento da
pronúncia,
incapacidade de
expressar-se com
símbolos
correspondentes
à linguagem em
que se comunica
o paciente.
A repressão
policial e a
falta de
educação moral,
a ausência de
esclarecimento
correto em torno
dos danos
produzidos pelas
drogas químicas
tóxicas, as
dificuldades
socioeconômicas,
os conflitos
íntimos, os
estímulos
proporcionados
pelas belas e
bem trabalhadas
propagandas
apresentadas
pela mídia,
respondem pelo
agravamento da
epidemia da
drogadição que
assola a
sociedade
contemporânea.
O uso abusivo
das drogas, em
face da
dificuldade ou
indiferença das
demais criaturas
para cerceá-lo
pelo
esclarecimento,
vai-se tornando
tão natural e
quase chique nas
denominadas
rodas de alto
padrão
econômico, que
ameaça o
equilíbrio das
criaturas
individualmente
e da sociedade
em geral.
A princípio, a
toxicomania
produz impacto
perturbador,
mas, à medida
que se avoluma,
uma falsa
compreensão e
tolerância geral
finge ser uma
forma de conduta
da época, como
uma válvula para
escapar-se à
ansiedade, ao
estresse, às
pressões
vigentes,
lamentavelmente
conduzindo para
a loucura, a
destruição e a
morte...
Terapia de
urgência – O
problema
desafiador deve
ser enfrentado
com coragem e
altivez;
equivale dizer:
com clareza e
conhecimento de
suas causas e
efeitos
desagregadores,
visto que quanto
mais
escamotear-se o
drama da
drogadição e
fingir-se que
não é tão grave
quanto realmente
se apresenta,
somente tornará
a questão mais
difícil de
solução e,
portanto, mais
perversa.
A educação, sem
qualquer dúvida,
desde a
infância, é o
recurso
terapêutico
preventivo mais
valioso, porque
é mais seguro
evitar a
dependência do
que sair-se do
seu cerco
escuso.
Diálogos francos
e naturais com
as crianças e os
jovens devem
fazer parte das
conversações
familiares, das
disciplinas
transversais nas
escolas, antes
que os
traficantes que
estagiam em suas
portas ou que
alguns
dependentes que
nelas se
encontram,
comecem a
iniciação dessas
vítimas inermes,
ingênuas e
inseguras.
Estabelecida a
dependência,
tendo-se em
vista a sua
gravidade, o
internamento
hospitalar para
desintoxicação
torna-se
indispensável.
Mesmo porque a
falta do produto
leva a
desesperos, às
vezes,
incontroláveis,
em cujo período
o alucinado
comete hediondos
crimes, vitimado
pelas
alucinações que
lhe tomam conta
das paisagens
mentais.
Quando o
paciente
encontra-se
internado sob
cuidados médicos
especiais, a
orientação
psiquiátrica
saberá ministrar
a pequena dose
de manutenção,
sob controle,
diminuindo-a
progressivamente,
enquanto a
psicoterapia e o
tratamento com
substâncias
específicas se
encarregarão de
reequilibrar o
organismo em
descompasso
gerado pelo uso
danoso e
arbitrário.
A praxiterapia,
a dançaterapia e
outros recursos
terapêuticos
equivalentes
fazem-se
necessários, a
fim de
substituírem os
estímulos falsos
e tóxicos que as
drogas
produziram no
organismo,
danificando-lhe
a tecelagem
delicada.
Como fator
primordial, o
interesse do
paciente na
própria
recuperação
torna-se
indispensável,
porquanto
somente com a
sua vontade bem
direcionada
poderá superar
os momentos
difíceis que
surgem,
confiando nos
resultados
futuros.
As leituras
edificantes, os
exercícios
físicos bem
programados, não
geradores de
exaustão nem de
ansiedade,
produzem
resultados
excelentes,
contribuindo
para a
restauração da
saúde.
Jesus, o
psicoterapeuta
incomum,
asseverou: tudo
é possível
àquele que crê.
(Marcos: 9:23).
Quando o
paciente
resolve-se por
libertar-se da
problemática
afligente,
crendo no seu
restabelecimento,
dá um avançado
passo na direção
da cura, sendo o
restante o
trabalho
desafiador
necessário para
o êxito do
processo.
Em razão disso,
não poucas vezes
as forças morais
parecem faltar,
em face dos
transtornos
físicos e
emocionais,
tornando-se
necessário que o
paciente procure
o refúgio da
oração, por cuja
conduta
experimentará a
renovação das
energias e o
encorajamento
indispensável
para continuar
no seu processo
de
restabelecimento.
Por outro lado,
os Espíritos
amigos
acercar-se-lhe-ão,
auxiliando-o com
a inspiração
superior e as
energias
refazentes de
que necessita, a
fim de que
ocorra a
libertação do
fosso em que se
atirou.
Texto
psicografado
pelo médium
Divaldo Franco,
em Salvador-BA,
em 2005.