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O Espiritismo responde
Ano 8 - N° 408 - 5 de Abril de 2015
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 
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ESPIRITISMO SÉCULO XXI
 


 
Um leitor desta revista enviou-nos esta pergunta: A lei de destruição também se aplica ao mundo espiritual?

Vejamos, inicialmente, o que é ensinado na doutrina espírita a respeito da lei natural ou divina, tema esse suscitado na questão 648 d´O Livro dos Espíritos, que adiante reproduzimos: 

648. Que pensais da divisão da lei natural em dez partes, compreendendo as leis de adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade e, por fim, a de justiça, amor e caridade?

“Essa divisão da lei de Deus em dez partes é a de Moisés e de natureza a abranger todas as circunstâncias da vida, o que é essencial. Podes, pois, adotá-la, sem que, por isso, tenha qualquer coisa de absoluta, como não o tem nenhum dos outros sistemas de classificação, que todos dependem do prisma pelo qual se considere o que quer que seja. A última lei é a mais importante, por ser a que faculta ao homem adiantar-se mais na vida espiritual, visto que resume todas as outras.” 

A lei de destruição é examinada nas questões 728 e seguintes da mesma obra.

Sobre os objetivos e a importância dessa lei, os instrutores espirituais afirmam que é preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Contudo, o que chamamos destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos. Para se alimentarem os seres vivos reciprocamente se destroem, destruição essa que obedece a um duplo fim: manutenção do equilíbrio na reprodução, que poderia tomar-se excessiva, e utilização dos despojos do invólucro exterior que sofre a destruição. Mas esse invólucro é simples acessório e não a parte essencial do ser pensante, que é o princípio inteligente, que não se destrói e se elabora nas metamorfoses diversas por que passa.

No caso de nós, seres humanos, assistimos em cada existência ao processo de degradação e morte do nosso próprio corpo, que se esvai, sem afetar a alma, que se apropria do conhecimento e das virtudes que adquiriu valendo-se desse instrumento admirável que nos permite participar, em nosso plano, da obra da Criação.

É evidente que a necessidade de destruição se modifica com a evolução dos mundos e das pessoas que neles vivem. É o que a doutrina espírita nos ensina nas questões adiante reproduzidas: 

618. São as mesmas, para todos os mundos, as leis divinas?

“A razão está a dizer que devem ser apropriadas à natureza de cada mundo e adequadas ao grau de progresso dos seres que os habitam.” 

732. Será idêntica, em todos os mundos, a necessidade de destruição?

“Guarda proporções com o estado mais ou menos material dos mundos. Cessa, quando o físico e o moral se acham mais depurados. Muito diversas são as condições de existência nos mundos mais adiantados do que o vosso.” 

Não existe, pois, motivo para entender que a lei de destruição não seja aplicável – dentro de certos limites - ao plano espiritual, onde as cidades, as casas, os objetos e o próprio corpo espiritual são formados igualmente de matéria, conquanto diversa daquilo que entendemos por matéria no plano em que vivemos.

A título de exemplo, lembramos aqui a experiência relatada por André Luiz no capítulo 10 de seu livro Obreiros da Vida Eterna, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1946 pela editora da Federação Espírita Brasileira. Nele, o autor descreve a utilização de uma série de providências – o chamado fogo renovador – ocorridas na área que era então atendida pela Casa Transitória de Fabiano.

Eis um breve relato do que foi narrado por André Luiz: 

Todos os servos do bem em trânsito na Casa Transitória foram chamados a cooperar na vigilância. O instituto socorrista deveria partir dentro de quatro horas e nesse tempo seria grande o número de infortunados que buscariam abrigo. Em seguida, novo trovão ribombou nas alturas. O fogo riscou em diversas direções, muito longe ainda, mas André teve a nítida impressão de que a descarga elétrica não se detivera na superfície. "Penetrara a substância sob nossos pés, porque espantoso rumor se fez sentir nas profundezas", observou André Luiz, que parecia intranquilo diante daquele fenômeno. Jerônimo procurou tranquilizá-lo explicando que o trabalho dos desintegradores etéricos, invisíveis aos seus olhos, tal a densidade ambiente, evitava o aparecimento das tempestades magnéticas "que surgem, sempre, quando os resíduos inferiores de matéria mental se amontoam excessivamente no plano". Enquanto isso, aparelhos de comunicação funcionavam em ritmo acelerado, anunciando o fato, em direções várias, avisando peregrinos da espiritualidade superior, a fim de não se aproximarem da zona sob regime de limpeza. Sucederam-se outros ribombos ameaçadores, despejando fogo na superfície e energias revolventes no interior do solo. Ondas maciças de sofredores aterrados começaram, então, a alcançar as defesas. Era dolorosa a contemplação da turba amedrontada que clamava por socorro. O quadro exterior tornava-se ainda mais dramático, porque fogueiras enormes dilatavam-se em direções diversas e raios fulgurantes eram metodicamente despejados do céu, exigindo vasta dose de paciência de  todos para conter a multidão furiosa. (Obreiros da Vida Eterna, cap. 10.)
 


 


 
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