ANSELMO FERREIRA
VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
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Telenovelas e
Espiritismo
Uma parte
considerável dos
moradores da
cidade de São
Paulo
praticamente
acorda ouvindo o
noticiário do
Jornal da Manhã
da Rádio
Jovem Pan. É
uma tradição
paulistana tomar
o café matinal
embalado pelas
notícias,
entrevistas,
análises e
opiniões dos
respeitáveis e
influentes
jornalistas e
comentaristas
que compõem a
bancada do
famoso e longevo
jornal.
Há poucos dias
atrás, o
repórter
especializado em
programação de
TV informava a
respeito da sua
conversa com um
diretor da TV
Globo. O assunto
tratado era a
decepcionante
audiência obtida
pela emissora
até aquele
momento com a
atual telenovela
das 21h, ou
seja,
Babilônia,
apesar do seu
elenco estelar.
No debate que se
seguiu com os
outros membros
do jornal ficou
evidenciado que
a referida
telenovela –
segundo as
pesquisas
qualitativas
reportam – está
apresentando uma
temática
extremamente
pesada,
destituída de
humor e muito
apelativa.
Diante da enorme
repercussão
negativa, os
executivos da
poderosa rede de
TV mostravam
enorme
preocupação
especialmente
diante dos altos
investimentos
realizados e a
gradual perda de
mercado para a
telenovela
concorrente da
TV Record que
trata, por
sinal, de tema
bíblico. Na
avaliação dos
jornalistas, as
pessoas chegam
às suas casas à
noite cansadas,
esgotadas,
estressadas e
não desejam ver
conteúdos
televisivos que
lhes façam
lembrar as suas
próprias vidas
(no geral,
ásperas e
sofridas), mas
sonhar ou pelo
menos encontrar
alguma
distração.
Com efeito, os
brasileiros têm
enfrentado
duríssimos
tempos: inflação
alta,
desemprego,
violência
desmedida,
corrupção sem
precedentes,
hipocrisia
oficial, dengue,
transporte
coletivo caótico
e por aí vai.
Não há dúvidas
de que, nessa
parte do mundo,
as provações
coletivas e a
transição
planetária
observada pelos
Espíritos vão
“de vento em
popa”. Dito de
outra maneira, a
nossa realidade
tem sido
sombria.
Portanto,
encontrar uma
distração
agradável depois
de uma jornada
de trabalho
estafante é uma
aspiração
legítima e
imprescindível
para o
enfrentamento da
luta diária. No
entanto, nem
todos possuem
recursos para
assinar um
pacote de TV a
cabo, sobrando,
então, a TV
aberta como
grande opção de
lazer na maioria
dos lares.
Aliás, é
importante
ressaltar que,
lamentavelmente,
os índices de
leitura
continuam sendo
vergonhosos,
haja vista que
70% dos
brasileiros não
leram sequer um
livro no ano
passado, segundo
pesquisa da
Fecomercio-RJ.
De modo geral, a
situação exposta
nos fez lembrar
algo pouco
explorado até
aqui como forma
de
entretenimento,
ou seja, o
conteúdo das
obras espíritas.
Em termos de
televisão,
poucas
iniciativas
foram tomadas
nessa direção,
particularmente
no chamado
horário nobre.
É inegável que a
temática
espírita é
extremamente
rica e
reveladora, e,
no conturbado
momento em que
vivemos, por que
não aprofundar
ainda mais nesse
veio tão
interessante e
esclarecedor? As
obras espíritas
abarcam pelo
menos dois
aspectos
básicos, a
saber, servem
como distração e
proporcionam
informação.
Como sabemos,
elas distraem os
leitores com a
apresentação de
situações,
enredos,
personagens e
eventos que
prendem a
atenção e,
concomitantemente,
levam ao
conhecimento, a
introspecção e a
reflexão.
Desfrutar de tal
possibilidade é
indispensável
para recobrarmos
as forças e
mantermos a
lucidez diante
da pletora de
dificuldades e
problemas que
envolvem as
nossas
existências
atuais. Mas elas
também informam
sobre realidades
desconhecidas ou
pouco
conjecturadas
pela maioria das
pessoas, isto é,
a vida após a
morte, o
fenômeno da
reencarnação,
das
consequências
morais das
nossas ações, da
necessidade do
bem proceder, do
controle dos
sentimentos e
dos pensamentos,
entre tantos
outros
ensinamentos.
Além disso, elas
sempre
transmitem aos
leitores - esse
é um dos seus
propósitos – uma
mensagem de
otimismo,
esperanças, fé,
bem como alertas
e recomendações
absolutamente
vitais nesse
quadro de
desequilíbrios e
desamor que ora
se observa no
planeta. Nesse
sentido, ficamos
imaginando o
impacto que as
obras do
Espírito André
Luiz
(psicografadas
pelo médium
Francisco
Cândido Xavier)
– que devassam a
vida além-túmulo
-
poderiam ter em
audiências mais
amplas.
Conjecturamos o
quão
interessante
seria assistir a
uma versão de
Nosso Lar em
formato de
telenovela com
mais tempo para
explorar outros
aspectos que o
filme não pôde.
Ou ainda quão
revelador seria
para os não
versados em
espiritualidade
poder assistir a
uma telenovela
baseada, por
exemplo, na
extraordinária
obra Mansão
Renoir,
ditada pelo
Espírito Alfredo
(psicografia de
Dolores Bacelar),
que toca em
pontos capitais
examinados pelo
Espiritismo? Não
seria também
apropriado usar
o recurso da
telenovela para
analisar e
esclarecer a
situação da
mulher no mundo
moderno e o que
a
espiritualidade
maior espera,
tal como o faz,
por exemplo, a
obra Salomé,
do Espírito
Lucius
(psicografia de
Sandra
Carneiro)?
Ah! Quão
fascinante seria
ver notáveis
obras como Há
dois mil anos
ou Paulo
e Estêvão
(ambas ditadas
pelo Espírito
Emmanuel e
também
psicografadas
por Francisco
Cândido Xavier)
serem
transpostas para
a TV? É verdade
que em outros
horários menos
nobres, as
emissoras têm
feito
esporádicas
incursões na
temática
espiritualista
e/ou espírita
por meio das
novelas como
A Viagem, Alma
Gêmea, Escrito
nas Estrelas
ou a recente
Alto Astral.
Pelo que
apuramos, elas
deixam um
considerável
índice de
recall e
curiosidade nas
pessoas.
Então, por que
não testar essa
fórmula
precisamente no
carro-chefe da
grade? Afinal,
pelo que
extraímos da
análise dos
especialistas,
conforme acima
destacado, as
pessoas estão,
aparentemente,
cansadas de
assistir a
coisas que lhes
recordem “o
mundo cão” em
que vivem.
Não seria,
portanto, agora
o momento dos
profissionais de
TV ousarem um
pouco mais
através do
provimento de
obras
novelísticas com
conteúdos mais
moralizantes,
espiritualizantes
e que tragam, ao
mesmo tempo, uma
mensagem de
esperanças,
alento, consolo
e de
transformações
positivas? Não é
de tudo isso,
enfim, que a
humanidade mais
precisa nessa
hora de
testemunhos e
sofrimentos
lancinantes?
Em resumo, as
redes de TV
brasileiras têm
uma ótima
oportunidade de
melhorar
substancialmente
as suas grades
através da
inserção mais
intensa de
telenovelas que
tenham
efetivamente
algo a dizer. O
Espiritismo,
nesse sentido,
tem muito a
oferecer. Podem
até não fazer
proselitismo da
doutrina, o que
seria
absolutamente
compreensível,
mas também podem
cumprir um papel
mais relevante
de ajudar a
humanidade nesse
momento crítico.
Ademais,
acreditamos
piamente que não
seria ruim para
os seus
resultados
comerciais.