PAULO OLIVEIRA
psdo2010@gmail.com
Santos, SP
(Brasil)
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Comunhão com
Deus
“Eu e o Pai
somos um.”
(João, 10:30)
“Orar, a seu
turno, não
exprime somente
adorar e
aquietar-se,
mas, acima de
tudo, comungar
com o Poder
Divino, que é
crescimento
incessante para
a luz, e com o
Divino Amor, que
é serviço
infatigável no
bem.”
Muitas questões
continuam sendo
levantadas sobre
essa passagem,
registrada por
João, quando
Jesus afirma ser
um só com o Pai.
A interpretação
mais casuística
levou a
entendimentos
que afetaram, e
afetam ainda,
milhões de
pessoas que
acabam
prendendo-se ao
formalismo e à
discussão
dogmática,
deixando o
perfume que a
essência desse
ensinamento nos
apresenta.
Quando se
consulta um bom
dicionário de
língua
portuguesa,
vamos encontrar
como uma das
definições do
verbo “comungar”
a seguinte: “Ter
parte em,
afinidade,
contato,
ligação,
comunicação
com...”.
Comungar com
Deus, portanto,
é estar em
contato com Ele,
estabelecendo e
mantendo a
ligação com
Aquele que é a
“causa primária
de todas as
coisas”.
E todos nós
sabemos que o
meio de entrar
em contato com
Deus é pelo
pensamento,
conforme nos
explicam os
Espíritos que
orientaram a
codificação
kardequiana, na
questão 649 de O
Livro dos
Espíritos,
quando Allan
Kardec pergunta
sobre em que, de
fato, consiste a
adoração. E a
resposta,
simples e direta
dada pelos
Espíritos, diz:
“Na elevação do
pensamento a
Deus. Deste,
pela adoração,
aproxima o homem
sua alma”.
Sabemos,
portanto, que
quando elevamos
nosso pensamento
a Deus estamos
entrando em
contato, nos
ligando, nos
comunicando com
Aquele que criou
a tudo e a
todos.
Nós, em nossa
ingênua
presunção,
vulgarizamos o
ato da prece,
que é a forma
mais eficaz de
contatarmos a
Divina
Sabedoria,
tornando-o num
simples repetir
automático de
palavras
decoradas que é
feito para
atender a uma
obrigação
ritualística,
quando, na
verdade,
deveríamos
entender que
esse momento é
sublime, pois
estamos
conversando com
Deus.
Vulgarizamos
esse ato de
adoração quando
simplesmente
repetimos
palavras que, na
maioria das
vezes, nada
significam de
fato para aquele
que se supõe em
oração.
Muitos, ainda,
repetem as
palavras
decoradas das
orações que
encerram
sentimentos
puros e
profundos, por
assim entenderem
que pelo simples
fato de
reproduzi-las já
se está
protegido contra
os males e
dificuldades da
vida e contra as
tentações. Doce
ilusão!
A adoração,
através da prece
sincera, é um
ato agradável a
Deus, pois
representa o
desejo do filho
de aproximar-se
do Pai.
Dizem-nos os
Espíritos que “A
prece é sempre
agradável a
Deus, quando
ditada pelo
coração, pois,
para Ele, a
intenção é
tudo”. A
eficácia desse
processo de
comunicação está
muito mais no
significado, que
no ato em si.
Entendemos,
portanto, que
podemos
conversar com
Deus. Mas, o que
diremos a Ele,
quando
estivermos
orando?
Basicamente,
poderemos
agradecer.
Agradecer por
tudo que
recebemos, pelas
experiências que
estamos
vivenciando,
pela família,
pelo trabalho, e
por tantas e
tantas dádivas
que Ele nos
oferece
diariamente. A
ingratidão
representa sinal
de orgulho, pois
só não agradece
aquele que se
julga merecedor
e com direitos
naturais a tudo
o que possui,
esquecendo-se de
que nada tem de
si mesmo, além
de suas
aquisições
morais, sendo
que o restante,
a rigor, é de
posse
transitória.
Outra finalidade
da prece é a de
louvar. Louvar a
Deus, não
simplesmente de
forma
contemplativa,
mas de forma
prática através
do exercício do
bem e do serviço
ao próximo. A
posição
contemplativa e
inoperante
distancia-se da
Divina
Providência,
como a noite do
dia. O universo
é ação. Nada
está ocioso. A
prece, portanto,
em sentido de
louvor deve
também ser
ativa.
O terceiro
objetivo da
prece é o de
PEDIR. Este é
sem dúvida
aquele que a
maioria de nós
usa e abusa.
Entendemos que
este objetivo é
o único e o mais
importante,
colocando muitas
vezes, Deus e
seus
mensageiros, na
condição de
serviçais que
devem anotar
nossos pedidos e
satisfazer a
todos eles.
Chegamos ao
cúmulo de
comercializar
com o Poder
Divino,
oferecendo algo
em troca para se
conseguir
atingir o alvo
almejado.
Diante da nossa
ignorância do
que venha a ser
Deus em sua
grandiosidade,
temos a ousadia
de rebaixar o
Criador à
condição de um
ser mesquinho e
sequioso pela
posse de bens
terrenos, que,
aliás, já Lhe
pertencem, pois
foi Ele que a
tudo criou.
Visto dessa
forma, esse
comportamento
tão comum, de
“comprar” as
benesses
divinas, não nos
parece algo
insano e
completamente
sem sentido?
Jesus, nosso
modelo maior e
referência única
da Bondade e do
Amor sobre a
Terra,
exemplificou, no
“faça-se a Tua
vontade e não a
minha”, o real
sentido da
adoração.
A prece
proferida pelo
Mestre no
Getsêmani
demonstra a
forma mais
elevada de
adoração a Deus,
dizendo ao Pai
que se submetia
à Sua vontade.
Que sofreria o
que fora
necessário
sofrer, pois
sabia que as
lições de amor e
perdão de que
fora instrumento
causariam muitas
dissensões e
exigiram muita
perseverança e
espírito de
sacrifício, uma
vez que essas
modificações não
ocorreriam de
maneira
impositiva, mas
sim através da
colaboração do
próprio homem,
na construção do
amor através dos
milênios sem
conta.
Comunhão com
Deus é,
portanto, o
nosso grande
alvo que só se
alcança pela
prática de ações
alinhadas com a
vontade do Pai
Amoroso e Justo,
diante daqueles
que se nos
apresentam em
nosso caminho,
propiciando-nos
o ensejo de
avaliar o quanto
estamos de fato
rumando para o
nosso Criador,
através da
prática dos
ensinos trazidos
pelo Mestre
Jesus.