RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
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Os dinossauros
conseguiram escapar
– Que pensar da
destruição que
ultrapassa os limites
das necessidades e da
segurança? Da caça, por
exemplo, quando não tem
por objetivo senão o
prazer de destruir sem
utilidade?
“Predominância da
bestialidade sobre a
natureza espiritual.
Toda destruição que
ultrapasse os limites da
necessidade é uma
violação da lei de Deus.
Os animais não destroem
senão por suas
necessidades; mas o
homem que tem o
livre-arbítrio destrói
sem necessidade. Ele
prestará contas do abuso
da liberdade que lhe foi
concedida, porque é aos
maus instintos que ele
cede.” (L.E., 735)
Os dinossauros que
desapareceram da face do
planeta devido a uma
chuva de meteoros que
tornou a atmosfera
imprópria para a vida
desses animais se
tivessem escapado, com
certeza estariam, nessa
altura dos
acontecimentos, como
raça em extinção devido
à ação predatória do
homem, o maior predador
do planeta,
principalmente se os
dinossauros
representassem alguma
fonte de lucros.
Quem se interessar pelo
assunto da ação
predatória sobre o mundo
animal leia a reportagem
da revista VEJA,
em sua edição 2407, de
sete de janeiro de 2015,
páginas 68 a 73. Nela
encontraremos diversas
informações. Uma delas
nos informa que segundo
a União Internacional
para a Conservação da
Natureza, ao menos 200
espécies são extintas
todos os anos em
consequência de ações
humanas. No momento,
20.000 estão em risco de
sumir do planeta que não
foi feito pelo homem
predador. Esse é apenas
um inquilino da Terra. E
um péssimo inquilino que
depreda a escola para
onde terá que retornar,
caso faça por merecer, e
continuar a longa
aprendizagem para a qual
foi criado um dia por
Deus. No Brasil,
continua a reportagem,
1173 espécies estão à
beira do
desaparecimento. Entre
elas, a ararinha-azul,
mico-leão-dourado e o
boto-cor-de-rosa. Esse
último caçado
impiedosamente por
homens movidos pelo
dinheiro que não poderão
levar do banco do mundo,
por maior que seja a
quantidade nele
acumulado, mas que
levarão na consciência
as razões que os moveram
nessas infelizes
“conquistas”. A matança
do boto acontece à
noite. Parece que a
noite é parceira das
ações que pesam contra a
consciência. Esses
pescadores, apesar da
proibição dessa caça,
fazem desses pobres
animais que não oferecem
nenhum risco ao ser
humano, alvo de arpões e
redes que um dia se
apresentarão à
consciência dos que
assim procedem atrás do
lucro abundante e não de
uma simples questão de
sobrevivência. Aliás, os
botos são uma atração
turística,
principalmente para
estrangeiros que vêm ao
Brasil na ilusão de
verem a natureza bela e
crua, porque intocada.
Ledo engano!
Na questão de número 734
de O Livro dos
Espíritos,
quando Kardec interroga
se o homem tem um
direito ilimitado de
destruição sobre os
animais, os Espíritos da
Codificação respondem
que esse direito é
regulado pela
necessidade de prover à
sua nutrição e à sua
segurança. O abuso –
reforçam os Espíritos –
jamais foi um direito.
No caso dos botos não
acontece nenhuma dessas
duas condições. Nem a
necessidade da nutrição
porque a carne do boto
cheia de fibras
musculares é insossa, e
nem pelo perigo que
possam representar. Eles
são impiedosa e
cruelmente caçados por
gente movida pelo
desespero do dinheiro. O
animal é tão dócil que
não esboça nenhuma
reação de defesa porque
está acostumado a uma
relação pacífica com o
ser humano. Entretanto,
essa relação do ser
humano para com eles não
procede da mesma forma.
Não é nada pacífica. São
traídos, os botos, em
sua passividade, pela
ânsia do lucro dos
homens que estão
ameaçando a espécie de
extinção. Matam-se
machos, fêmeas ou
filhotes porque são
transformados em iscas
para capturar um peixe
carniceiro, denominado
de piracatinga, vendido
em mercados colombianos
e do norte do Brasil. A
má notícia para os
peixes carniceiros é que
eles não sabem que estão
sendo alimentados com
pedaços de botos por um
carniceiro muito mais
predador do que eles
próprios, o ser humano.
Continuando com Kardec
no capítulo voltado para
a lei de destruição,
encontramos, na questão
de número 732, o
ensinamento de que a
necessidade de
destruição é
proporcional ao estado
mais ou menos material
dos mundos e que ela
cessa com um estado
físico e moral mais
depurado. Nos mundos
mais avançados que o
nosso, as condições de
existência são outras.
Se assim é, quantas
espécies mais de animais
pagarão o preço do
atraso moral do planeta
Terra?
Já na questão seguinte,
a de número 733, os
Espíritos nos descrevem
aquilo que esperamos
ardentemente venha a
acontecer o mais
precocemente possível:
“... é por isso que
vedes o horror à
destruição seguir o
desenvolvimento
intelectual e moral”.
Os dinossauros
desapareceram devido a
uma chuva de meteoros.
Se tivessem escapado e
dessem lucro de alguma
maneira, bastaria um
punhado de homens para
exterminá-los na
atualidade. Creio até
que tiveram sorte. Sorte
que os pobres botos não
estão tendo...