WELLINGTON BALBO
wellington_balbo@hotmail.com
Salvador, BA (Brasil)
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Esquecimento
temporário
Corria o ano de
2007, e aquela
mulher ainda
vivia no ano de
1967, época em
que o marido a
deixara para
viver com outra.
O ex-marido se
casou, teve
filhos, e ela
lamentavelmente
vivia 40 anos
atrás, pensando
no que fizera de
errado para
perder o “amor
de sua vida”.
Desde então
foram tempos de
tristeza. Não se
casou, não mais
namorou, e
sequer fez novos
amigos, tudo
porque preferia
ficar se
machucando com
um passado que
deveria ser
esquecido.
Ao tomar
conhecimento
dessa história
compreendemos as
razões do
esquecimento
temporário que
experimentamos
ao reencarnar
para as lides
terrenas, sendo
esse
esquecimento um
presente que a
Providência
Divina nos
concede. Imagine
o que ocorreria
com a mulher da
história acima
se tivesse o
conhecimento de
todo o seu
passado?
Kardec abordou
essa questão em
“O Livro dos
Espíritos”, no
Cap.
“Esquecimento
Temporário”. O
codificador
questionou aos
sábios da
espiritualidade:
P – 392 - Por
que o Espírito
encarnado perde
a lembrança de
seu passado?
R - O homem
não pode nem
deve saber tudo.
Deus em Sua
sabedoria quer
assim. Sem o véu
que lhe encobre
certas coisas, o
homem ficaria
deslumbrado,
como aquele que
passa sem
transição do
escuro para a
luz. O
esquecimento do
passado o faz
sentir-se mais
senhor de si.
Resposta
esclarecedora!
Com sangue novo,
ou melhor, novo
corpo, recomeçar
sem as sombras
do passado e as
artimanhas do
remorso, que
muitas vezes nos
fizeram cair, é
benéfico,
porquanto, entre
tantas
circunstâncias
que se
apresentam, o
esquecimento
temporário dos
fatos não tolhe
nossa
iniciativa,
principalmente
no campo do Bem
ou na
reconstrução da
própria vida. Ou
seja, estamos de
certa forma
momentaneamente
livres para
escolher novos
caminhos, sem
culpa ou olhares
de reprovação
que nos
embaraçam.
E a esses
olhares de
reprovação e
comentários
maldosos
presenciamos
sempre que
alguém procura
modificar suas
disposições
íntimas, em
exclamações do
tipo:
- Nossa, mas
ainda outro dia
deleitava-se com
o vício e agora
pensa que é
santo! Quanta
hipocrisia!
É a velha
tendência humana
de se prender ao
passado, sem se
atentar que as
pessoas podem
modificar suas
disposições.
Mas complicado
mesmo é quando a
culpa começa a
senhorear nossa
vida. Com
frequência
encontramos
criaturas com
doridas marcas
provocadas pela
culpa, e que não
conseguem tomar
iniciativas de
reconstrução
porque querem se
autopunir,
considerando que
a autopunição
quita os débitos
perante a
própria
consciência.
Nada disso! O
melhor caminho é
trabalhar e
servir para
apaziguar a
consciência em
chamas pelos
equívocos
cometidos.
Outra situação
que comprova o
benefício desse
esquecimento
temporário é o
relacionamento
dentro do lar.
Não raro
guarda-se a sete
chaves, como um
trunfo, uma
suposta ofensa
feita por um
familiar, e
espera-se apenas
o momento
oportuno para
sacar a língua e
dizer:
- Ah, mas não
me esqueço
daquele dia que
você fez isso,
aquilo e aquilo
outro...
É curioso notar
que são
situações já
ultrapassadas há
meses, quando
não, anos. Sim,
são situações
ultrapassadas,
mas não
superadas pela
velha
imaturidade
humana. Se não
conseguimos por
hora equacionar
emoções
vivenciadas
nesta
existência,
imagine o que
ocorreria se
tivéssemos
conhecimento de
fatos ocorridos
há milênios, e
que foram
motivos de
muitas lágrimas
por parte de
todos os
envolvidos. Se
isso ocorresse,
certamente nos
perderíamos
embaralhados em
um turbilhão de
emoções e
sentimentos.
Porém, Deus é a
sabedoria
suprema, conhece
nossas virtudes
e limitações, e
nos oferta o
esquecimento
temporário como
sublime
oportunidade de
recomeço para
que aprendamos a
viver a
existência atual
como a de maior
importância em
nossa jornada,
porquanto, o
passado já se
foi, o futuro
virá, e o
presente é para
ser trabalhado,
visando ao nosso
progresso como
Espíritos em
evolução.
Prender-se ao
passado doloroso
ou não, dessa ou
de outra
existência, para
quê? Para nos
aborrecermos,
desanimarmos ou
nos
envaidecermos em
demasia por essa
ou aquela
posição que
ocupamos no
mundo? O melhor
é privilegiar o
presente, pois é
ele que oferta
nossas maiores
possibilidades
de felicidade,
aqui ou acolá,
nesta e em
futura
existência.