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O Espiritismo responde
Ano 9 - N° 415 - 24 de Maio de 2015
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 
BLOG
ESPIRITISMO SÉCULO XXI
 

 

O leitor Arnaldo Leite dos Santos, de Lajeado (TO), em carta publicada na edição passada, encaminhou à nossa revista as seguintes questões relacionadas com a aplicação dos passes magnéticos: 

O passista em atividade pode tocar no paciente? pode cantar baixinho algum hino espírita para efeito de concentração? pode fazer prece em voz alta durante o passe? Pode gesticular? ou apenas ficar com braços estendidos parados! Precisa estar em "jejum" ou seja não ter ingerido almoço ou janta? É verdade que o café ingerido antes da aplicação do passe pode ser ruim? É de bom alvitre que o passista permaneça com os braços levantados apenas as mãos podem se movimentar? O que dizer de centros onde os passistas usam vestimentas brancas?

Antes de responder objetivamente às perguntas propostas, é bom recordar algo que nos parece fundamental com relação à imposição das mãos e o chamado passe magnético.

Lemos no texto que compõe a 11ª Sessão de Exercício Prático do Centro de Orientação e Educação Mediúnica (COEM), obra elaborada pelo Centro Espírita Luz Eterna, de Curitiba (PR), sob a supervisão do Dr. Alexandre Sech: 

“A imposição de mãos, como o fez Jesus, é o exemplo correto de transmitir o passe. Os movimentos que gradativamente foram sendo incorporados à forma de aplicação do passe criaram verdadeiro folclore quanto a esta prática espírita, desfigurando a verdadeira técnica.

“Os passistas passaram a se preocupar mais com os movimentos que deveriam realizar do que com o dirigir seus pensamentos para movimentar os fluidos." 

Referindo-se ao assunto, José Herculano Pires foi enfático: 

"O passe espírita é simplesmente a imposição das mãos, usada e ensinada por Jesus, como se vê nos Evangelhos. Origina-se das práticas de cura do Cristianismo Primitivo. Sua fonte humana e divina são as mãos de Jesus. O passe espírita não comporta as encenações e gesticulações em que hoje o envolveram alguns teóricos improvisados, geralmente ligados a antigas correntes espiritualistas de origem mágica ou feiticista. Todo o poder e toda a eficácia do passe espírita dependem do espírito e não da matéria, da assistência espiritual do médium passista e não dele mesmo. Os passes padronizados e classificados derivam de teorias e práticas mesméricas, magnéticas e hipnóticas de um passado há muito superado. Os Espíritos realmente elevados não aprovam nem ensinam essas coisas, mas apenas a prece e a imposição das mãos. Toda a beleza espiritual do passe espírita, que provém da fé racional no poder espiritual, desaparece ante as ginásticas pretensiosas e ridículas gesticulações.” (Obsessão, o passe, a doutrinação, editora Paideia, págs. 35 a 37.) 

A orientação acima, manifestada pelo Dr. Alexandre Sech e por José Herculano Pires, fundamenta-se no que Allan Kardec publicou em janeiro de 1864 na Revista Espírita (Edicel, ano de 1864, pág. 7), na qual ele transcreveu mensagem de Mesmer (Espírito), recebida na Sociedade Espírita de Paris em 18/12/1863, em que Mesmer, analisando as curas espirituais, afirma que Deus sempre recompensa a pessoa sincera que pede a ajuda espiritual, enviando-lhe o socorro para que ela possa auxiliar o enfermo. "Esse socorro que envia são os bons Espíritos que vêm penetrar o médium de seu fluido benéfico, que é transmitido ao doente", diz Mesmer, que a seguir acrescenta: "Também é por isto que o magnetismo empregado pelos médiuns curadores é tão potente e produz essas curas qualificadas de miraculosas, e que são devidas simplesmente à natureza do fluido derramado sobre o médium; ao passo que o magnetizador ordinário se esgota, por vezes em vão, a fazer passes, o médium curador infiltra um fluido regenerador pela simples imposição das mãos, graças ao concurso dos bons Espíritos".  

* 

Dito isso, eis nossa resposta às perguntas formuladas pelo leitor: 

  • O passista pode tocar no paciente? O passista pode gesticular ou apenas ficar com braços estendidos parados? É de bom alvitre que ele permaneça com os braços levantados, movimentando apenas as mãos?

O passe não comporta gesticulações nem a movimentação de braços e mãos. Basta, como vimos acima, a imposição das mãos.

No livro Conduta Espírita, cap. 28, André Luiz lembra-nos que na aplicação de passes não há necessidade da gesticulação violenta, da respiração ofegante ou do bocejo costumeiro, nem do toque direto no paciente.

Em O Livro dos Médiuns, cap. XIV, item 176, 2ª pergunta, Kardec reproduz uma informação dada por um instrutor espiritual segundo o qual a força magnética reside no homem, mas é aumentada pela ação dos Espíritos que ele chama em seu auxílio.

Esclareceu, em seguida, o instrutor espiritual: “Se magnetizas com o propósito de curar, por exemplo, e invocas um bom Espírito que se interessa por ti e pelo teu doente, ele aumenta a tua força e a tua vontade, dirige o teu fluido e lhe dá as qualidades necessárias".

Vê-se, pois, que não são as mãos do médium passista que dirigem o fluido, mas o Espírito que vem em seu socorro e o secunda na atividade do passe.

Quanto à fórmula a ser adotada pelo passista, Emmanuel escreveu: “O passe poderá obedecer à fórmula que forneça maior porcentagem de confiança, não só a quem o dá, como a quem o recebe. Devemos esclarecer, todavia, que o passe é a transmissão de uma força psíquica e espiritual, dispensando qualquer contacto físico na sua aplicação”. (O Consolador, pergunta 99.) 

  • O médium precisa estar em jejum, ou seja, não ter ingerido alimentação antes do passe? É verdade que o café ingerido antes da aplicação do passe pode ser ruim?

Antes dos trabalhos de natureza mediúnica – e a atividade do passe se enquadra nisso – é bom que a alimentação seja leve.

Sobre a natureza mediúnica da atividade, é bom lembrar o ensinamento contido no cap. XIV, item 176, 1ª pergunta, d´O Livro dos Médiuns.

André Luiz, em se referindo aos tarefeiros da atividade mediúnica, tratou do tema alimentação no cap. 2 do livro Desobsessão, no qual recomenda que a alimentação, durante as horas que precedem a tarefa, seja leve. A digestão laboriosa consome grande parcela de energia, impedindo a função mais clara e mais ampla do pensamento.

Esclarece André Luiz: “Aconselháveis os pratos ligeiros e as quantidades mínimas, crendo-nos dispensados de qualquer anotação em torno da impropriedade do álcool, acrescendo observar que os amigos ainda necessitados do uso do fumo e da carne, do café e dos temperos excitantes, estão convidados a lhes reduzirem o uso, durante o dia determinado para a reunião, quando não lhes seja possível a abstenção total, compreendendo-se que a posição ideal será sempre a do participante dos trabalhos que transpõe a porta do templo sem quaisquer problemas alusivos à digestão”.

Com efeito, na orientação colhida nas obras do COEM, a que nos referimos no preâmbulo, é dito que o passe poderá ser até maléfico se o passista estiver com o organismo intoxicado por excesso de alimentação ou vícios, como fumo, álcool e as drogas em geral. 

  • Que dizer de centros onde os passistas usam vestimentas brancas?

Trata-se de um costume sem nenhum embasamento doutrinário. O médium J. Raul Teixeira refere-se ao assunto no livro Diretrizes de Segurança.  

Afirma Raul Teixeira nessa obra: “À luz do pensamento espírita, nenhuma necessidade existe para o uso de roupas especiais, ou vestes de quaisquer naturezas, nos cometimentos mediúnicos espíritas, que possam designar símbolos ou paramentação inadequada aos eventos doutrinários. Até porque, perante a expressão de Jesus, trazendo-nos a imagem do ‘túmulo caiado por fora escondendo putrefação na intimidade’, notamos a importância de cada um alimpar-se por dentro, tecendo, com os esforços da sua transformação moral, a anelada ‘túnica nupcial’, a que Jesus se referiu na parábola do festim de bodas”. (Diretrizes de Segurança, pergunta n. 100.)

Perguntaram-lhe: As cores das roupas que os médiuns estejam usando interferem na qualidade do fenômeno mediúnico? Raul respondeu: “Em nada interferem as cores de uso externo do médium na qualidade dos fenômenos mediúnicos. Interagem, isto sim, as ‘cores’ de dentro, o caráter, o modo de ser e de viver de cada um”. (Obra citada, pergunta 101.)

No cap. 25 do livro Desobsessão, reportando-se ao vestuário usado pelos médiuns, André Luiz recomenda apenas que o médiuns utilizem o vestuário que seja mais cômodo para a tarefa, não importando, no entanto, sua cor. 

  • Pode cantar baixinho algum hino espírita para efeito de concentração? Pode fazer prece em voz alta durante o passe?

Em ambos os casos, trata-se de um condicionamento desnecessário. No passe, diz Divaldo Franco, o que vamos transmitir "é uma radiação que fomenta no paciente uma reativação dos seus fulcros energéticos para restabelecer-lhe o equilíbrio". "O passe é, antes de tudo, uma transfusão de amor."

Isso significa que o pensamento do médium passista deve estar focado nesse objetivo, e para isso o recolhimento é importante, como J. Raul Teixeira lembra na resposta que deu à pergunta 76 do livro Diretrizes de Segurança: “Nos momentos dos passes, todo o recolhimento é importante. O silêncio para a oração profunda, silêncio do aplicador e silêncio por parte de quem recebe, facilitando a penetração nas ondas de harmonia que o passe propicia”.
 


 
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