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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 415 - 24 de Maio de 2015

WAGNER IDEALI 
wagner.ideali@terra.com.br
Guarulhos, SP (Brasil)

 


Perda dos entes queridos, numa visão espírita 


Todos ficamos tristes, sofremos e mesmo muitas vezes nos revoltamos quando perdemos um ente querido. Passamos a pensar em injustiça nessa situação.

Antes, com uma visão materialista da vida, esses sentimentos de tristeza, dor e revolta tinham total razão. Com a visão religiosa clássica tradicional, poderíamos dizer que ameniza o sofrimento, mas não responde com segurança e não consola de forma real e profunda. Fica sempre um vazio que as palavras não preenchem e não confortam.

Com o advento do Espiritismo, a abertura da cortina do palco das múltiplas vidas, mostrando que hoje é o resultado do passado e o futuro é a semeadura de hoje, começa a mudar essa visão da perda. Não que o sofrimento acabe ou que a saudade estanque, mas uma esperança nasce no fundo do nosso ser, pois nada está realmente perdido.

Passamos a ver que vivemos uma fração do tempo milenar de nossas existências. Que somos seres imortais em constante mudança e evolução. Assim a morte passa a ser apenas uma passagem de diferentes planos. Saímos de um mundo tridimensional para um plano multidimensional que foge ao senso comum, necessitando uma análise e um sentimento mais profundo e criterioso para entender e viver essa nova realidade.

Todos os nossos entes queridos não se foram, mas continuam vivos, seja numa outra realidade existencial diferente dessa que vivemos, como também podemos agora mais fácil senti-los próximos a nós, pois esse sentimento não é apenas fruto da saudade, mas de uma realidade incontestável.

Essa perda sendo realmente temporária, a saudade vai continuar a apertar nosso peito e nos levar a uma emoção sempre, mas sabemos agora que essas pessoas estão próximas e continuam tendo o mesmo amor por nós.

As nossas relações interpessoais ultrapassam os valores da carne, se transportam para horizontes maiores e mais profundos. Através do entendimento da Doutrina Espírita, vamos entendendo mais e melhor todas essas relações e suas implicações. O amor ao próximo deixa de pertencer restritamente à família e a amigos e se transporta a todos os seres do planeta. A caridade deixa de ser um ato mecânico de dar valor às coisas materiais para se transformar em valores mais pessoais e de ações diretas que envolvem sentimentos e doações íntimas.

Assim podemos ver que as palavras de Jesus continuam sendo atuais, continua valendo cada palavra, cada frase proferida pelo Mestre Maior, não mais como textos religiosos, mas como procedimentos práticos de bem viver. Viver Jesus para aprender a se machucar menos, como diz meu irmão de coração, Jonas.

Joanna de Ângelis nos seus profundos estudos sobre a alma mostra claramente toda a complexidade da psique humana e como precisamos viver um dia de cada vez, amando, construindo sempre o Reino de Deus dentro de nós.

Nada ninguém está perdido, tudo tem sua hora e todos têm o seu momento. O Espiritismo mostra dentro dos seus postulados e ensinamentos que tudo está no seu devido lugar. Nós devemos então sempre procurar fazer o melhor a cada dia, pois o tempo urge, não há tempo a perder.

O amor de Deus não quer e nunca vai permitir que os sentimentos nobres se percam por uma ausência momentânea da separação temporária do corpo físico.

O retorno é inevitável, portanto, vamos viver de uma forma mais ética e cristã, pois, do outro lado, deveremos confrontar com o nosso eu mais profundo que o corpo físico não pode esconder.

Quando bater aquela saudade, vamos nos recolher e proferir uma prece para aquele ente querido, e acredite, ele receberá o seu carinho sempre e, na maioria das vezes, se for permitido pelos irmãos maiores, poderemos ter a alegria de tê-los ao nosso lado.

                                    

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita