Fatos da
infância
Pai, o elefante
era pequeno.
Então, ele
cresceu e saiu
voaaando.
Mas filha, como
elefante voa?
Ele não tem
asas! – indaga a
lógica paterna.
Ah, pai, é só
uma estória.
(Ana, cinco
anos)
A infância surge
como um período
de preparação
para o modo
adulto de
conhecer e
pensar, segundo
um ideário que
aspira à
autonomia com
significação –
uma resposta
natural ao apelo
humano para
evoluir.
Embora sejam
fatos cada vez
mais cotidianos,
sobretudo no
Ocidente, as
agendas cheias
de compromissos
da criança das
classes média e
alta, a
precocidade dos
comportamentos
sexuais, os atos
de violência
praticados por
crianças,
levando à
abreviação (ou
mesmo fim) da
infância, é
possível,
felizmente,
identificar a
criança, o seu
devir, nos dias
atuais: ela se
mantém viva nas
meninazinhas que
brincam nos
balanços dos
parques urbanos;
está atuante sob
a irritação dos
bebês
superprotegidos
pela
parafernália
eletrônica;
resiste alegre
no usufruto de
um barco
construído com
caixa de papelão
por dois meninos
em uma casa de
uma cidade
qualquer; na
invencionice
de uma
estorinha
contada por uma
menina de
tranças à
professora,
ambas sentadas
em um vasto
gramado de um
jardim de
infância.
Mais do que
nunca,
especialmente no
primeiro setênio,
a criança
precisa ter
liberdade de
movimento, de
brincadeiras
livres,
desfrutar dia a
dia de um
ambiente amplo e
lúdico, cujas
ferramentas
pedagógicas
estimulam a
(sua)
criatividade. E
tudo isso como
um saudável
início de um
processo que
desempenhará um
papel
determinante
mais à frente na
prontidão para
escrever e ter
uma linguagem de
gestos e da
escrita bem
fortalecida,
além de um
pensar vivo...
Como o início da
vida humana é
marcado por
impulso e
reflexo que se
movimentam sem
coordenação, é
vital oferecer
nos primeiros
anos um caminho
pedagógico
movido por um
intuito de
alimentar o
físico, o
emocional, o
intelectual e o
social da
criança,
respeitando os
ritmos de seu
desenvolvimento.
Todavia, para a
saúde futura do
indivíduo, o
processo
educacional não
deve antecipar
desafios
cognitivos
desnecessários
ou propor uma
aprendizagem
estimulada por
condutas
antissociais,
ciente o
educador (e os
responsáveis
pela criança) de
que a própria
Natureza age
para que
possamos
aprender e,
desse modo, é
seguro observar
a natureza de
cada criança
para errar menos
no (seu)
processo de
educar.
As crianças são
nosso futuro.
Mas o que
estamos a
oferecer às
crianças?
Nesta época de
vazio e
desespero, de
escassa coragem,
é preciso
assegurar à
infância uma
vivência ativa
das percepções,
elemento
importante para
as futuras
escolhas e
decisões e, por
isso, dentro de
casa e na
escola, os dois
universos de
referência nos
primeiros anos
de vida, pais e
professores,
precisam
perceber que a
competitividade,
o sucesso e a
fama não servem
como
referenciais
educativos para
o prelúdio da
existência.