A Educação sangra...
Não é necessária a
ginástica mental para
compreender que a
situação da educação no
país é nevrálgica. Os
últimos acontecimentos,
lamentavelmente,
levam-nos a perguntar:
"Até quando?". À guisa
de exemplificação,
citemos alguns casos.
O governo do Distrito
Federal1, por
exemplo, teve de recuar
a censura imposta aos
servidores da Educação,
depois que os docentes
da Escola de
Música de Brasília
denunciaram uma circular
de cunho claramente
intimidador, pois
proibia funcionários e
discentes de conversarem
com jornalistas sobre a
situação (já bastante
precária) das escolas.
Foi uma tentativa do
governo de não mostrar a
realidade e ludibriar a
turba com propagandas
que não refletem o
contexto de quem está no
front.
No CAIC2
Presidente Tancredo
Neves, em Valparaíso,
divisa de Goiás e o DF,
discentes quebraram os
objetos e partes
estruturais da escola,
porque a diretora era
considerada rígida
demais (como se exigir
que o aluno não use
aparelho celular em sala
de aula, chegue no
horário, use uniforme,
dentre outros
comportamentos básicos
da boa convivência
fossem procedimentos
rígidos!).
Em Curitiba3,
a tropa de choque sob a
batuta de um governante
do PSDB (para não falar
só mal do PT), em
visíveis atos de
selvageria, MASSACROU os
professores (não há
outro vocábulo para
descrever o quadro
dantesco) que
protestavam contra as
mudanças na previdência
dos servidores.
São inconcebíveis as
cenas que vimos nesta
semana em que, aliás, se
comemora o Dia do
Trabalho.
Em nenhuma outra nação
séria isso ocorreria.
O mais estarrecedor é
que algumas pessoas
achem normal; sentem
mesmo um deleite em
verem os professores
serem perseguidos por
policiais, cães, balas
de borrachas e bombas. E
o mais triste (e
paradoxal) é que o
slogan deste
país é de Pátria
Educadora.
Há um acentuado desprezo
aos professores. E isso
já se naturalizou na
sociedade,
lamentavelmente. Estruge
na cultura brasileira as
violências físicas e
simbólicas contra aquele
profissional que pode
envidar esforços para
tornar a sociedade
melhor; libertá-la da
ignorância.
Lamentavelmente, porém,
os pais não respeitam os
professores; os
discentes não respeitam
seus mestres; os
governantes oferecem
péssimas condições de
trabalho e pífios
salários4...
É difícil crer que uma
nação destinada a ser o
coração do mundo, a
pátria do evangelho
trate seus docentes com
tamanho repúdio,
desrespeito...
Conheço vários colegas
que não desejam ser
professores, apesar de
serem licenciados. E
quais os motivos? Os
acentuados problemas que
essa categoria
profissional está
sujeita a enfrentar, já
citados aqui5.
Há um completo
desencanto! Porém,
ninguém nega o valor da
educação e que um bom
professor é
imprescindível. Mas,
ainda que desejem bons
professores para seus
filhos, poucos pais
desejam que seus filhos
sejam professores. Isso
nos mostra o
reconhecimento que o
trabalho de educar é
duro, difícil e
necessário, mas que
permitimos que esses
profissionais continuem
sendo desvalorizados.
Apesar de mal
remunerados, com baixo
prestígio social e
responsabilizados pelo
fracasso da educação,
grande parte resiste e
continua apaixonada pelo
seu trabalho. A data é
um convite para que
todos, pais, alunos,
sociedade, repensemos
nossos papéis e nossas
atitudes, pois com elas
demonstramos o
compromisso com a
educação que queremos.
Aos professores, fica o
convite para que não
descuidem de sua missão
de educar, nem desanimem
diante dos desafios, nem
deixem de educar as
pessoas para serem
"águias" e não apenas
"galinhas". Pois, se a
educação sozinha não
transforma a sociedade,
sem ela, tampouco, a
sociedade muda. (Paulo
Freire)
Destarte, envidemos
esforços para valorizar
os professores; termos
honra dos nossos
mestres, porque sem eles
não estaríamos nos
empregos que usufruímos
hoje. Ademais, sejamos
amigos da escola, no
sentido de oferecermos
os melhores meios de
trabalho para que os
docentes e discentes
possam, em conjunto,
construir uma sociedade
melhor.
Esta é uma tarefa que
compete a cada um de
nós, porque os
governantes não têm
interesse em esclarecer
as massas, porque, desta
maneira, teriam seus
interesses contrariados.
Para eles o
obscurantismo fomenta
sua estadia no poder...
E isso não podemos mais
permitir. Sobretudo,
depois do massacre em
Curitiba.
Referências:
(1) http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/04/membros-da-escola-de-musica-de-brasilia-protestam-em-frente-ao-buriti.html
(2) http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2015/04/alunos-promovem-quebra-quebra-em-escola-por-causa-de-diretora-rigida.html
(3) http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2015-04-29/confronto-entre-professores-e-policiais-no-parana-deixa-mais-de-100-feridos.html
(4) http://educacao.uol.com.br/noticias/bbc/2015/04/30/professores-no-brasil-estao-entre-mais-mal-pagos-em-ranking-internacional.htm
(5) Os casos de
desrespeito são tão
gritantes que um aluno
teve a audácia de
impetrar uma ação contra
um professor por ter
tido seu celular
“confiscado” em sala de
aula. Felizmente, o juiz
foi favorável ao docente
e os seus argumentos
exarados na decisão são
brilhantes. Vale a pena
conferir no seguinte
endereço:
http://goo.gl/bT2p7P