Mais um brasileiro morto
na Indonésia
No mês de abril foi
executado na Indonésia,
no dia 29, o segundo
brasileiro neste ano.
Rodrigo Gularte, de 42
anos, havia sido
condenado à morte por
tráfico de drogas, em
2005, e a pena foi
executada por pelotão de
fuzilamento, depois de
se extinguirem os
recursos jurídicos.
Quase mil brasileiros
estão presos por tráfico
de drogas em outros
países – são 962
pessoas. No Brasil, já
se sabe que o tráfico é
um dos principais
motivos para o aumento
da população carcerária
no país. De acordo com
projeções feitas pelo
Departamento
Penitenciário Nacional,
do Ministério da
Justiça, entre 2005 e
2013, triplicou o número
de pessoas presas por
tráfico de drogas,
passando de 50 mil para
150 mil. O equivalente a
três populações de nosso
município, Capivari está
encarcerado por tráfico
de drogas.
E, infelizmente, a
tendência é de
aumentarem as prisões.
Nossa cidade não foge à
regra: também há muitas
pessoas envolvidas com a
produção e venda de
drogas. No penúltimo fim
de semana de maio, foram
duas execuções ocorridas
em nossa comarca,
supostamente
relacionadas a drogas.
No ano de 2013 a cidade
de Capivari entrou na
lista da Polícia
Federal, pela prisão de
um dos maiores grupos de
manipulação de produtos
químicos e drogas do
Estado de São Paulo.
Nosso jornal Correio de
Capivari noticiou que,
no dia 30 de abril de
2013, uma equipe da PF
prendeu um dos 16
integrantes da
quadrilha, investigada
por desviar produtos
químicos usados para
“batismo” de
entorpecentes. A
operação, denominada
Opus Magna, contou com
120 policiais federais,
que cumpriram 16
mandados de prisão e
outros 23 mandados de
busca e apreensão em
cidades do Estado.
Voltemos ao caso do
brasileiro Rodrigo,
morto na Indonésia. No
início, sua mãe declarou
que: “Entre a pena de
morte e a prisão
perpétua, prefiro que
meu filho seja morto"
(entrevista à Revista
Veja, à
repórter Thaís Oyama).
Infelizmente, o almejado
foi alcançado.
O sofrimento da família
com o envolvimento de um
parente no uso de
droga ou mesmo no
tráfico é muito grande;
estudos confirmam que a
doença da drogadição
(dependência de álcool e
drogas) afeta os pais,
cônjuges, filhos e as
pessoas próximas do
dependente, o que dá
origem ao conceito de
codependência – algo que
não aparece nas
estatísticas, nem é
lembrado pela opinião
pública. Codependência é
a doença do controle,
que pode levar a
diversas doenças a ela
relacionadas, como
transtornos emocionais,
depressão, distúrbios da
pressão arterial, entre
outras. Os indivíduos
que sofrem com isso
também são numerosos
entre a população, mas
não aparecem nas
manchetes de jornais.
Não aparecem – sofrem
silenciosamente, sem
visibilidade.
Com o tempo, a mãe de
Rodrigo, dona Clarisse
Muxfeldt Gularte, tendo
também desenvolvido a
doença da codependência,
passou a sofrer também
de depressão (sem motivo
para viver). Ao ser
questionada se era uma
mulher forte, respondeu:
“Tento sempre parecer
alegre, otimista.
Mas, para mim, a vida
acabou. Não posso
mostrar isso, porque
tenho outros dois filhos
que também precisam de
mim. Mas não tenho
vontade mais nem de sair
de casa. Não quero que
sintam pena de mim.
Também não quero
constranger as pessoas”.
Arnaldo Divo Rodrigues
de Camargo é
editor da Editora EME,
com especialização em
dependência química.