Rotina
Maria Dolores
Alma querida, às vezes
choras,
Na rotina que acolhes
por dever
Pelo frio das horas
Que o relógio te aponta
No que tens a fazer.
É a profissão que te
reclama tempo,
É o lar pedindo-te
atenção,
Através de pequenos
compromissos,
E o tempo voa
Qual dádiva do Céu que
passa em vão.
Mas a rotina inclui
outros problemas:
É o carinho de alguém
que chega de improviso,
É o amigo que vem
Recordar quanto é
preciso
Trabalhar para o bem.
É o parente que chega
para confidências,
Largou-se do trabalho
por minutos,
Num estreito intervalo,
Fala das provações que
está sofrendo
E faz-se imprescindível
confortá-lo.
E o dia passa nas
tarefas
E nos encontros com que
não contavas...
O Sol se foi e eis que a
sombra se inclina
Por toda a casa e
ouço-te o lamento:
“Como é triste a
rotina!”
Entretanto, alma irmã,
ainda hoje,
Pude cumprimentar
pessoas generosas
Aturdidas por amargura
imensa...
Desejam trabalhar mas
não conseguem,
Algemadas ao peso da
doença.
Acompanhei equipes de
visita
Aos irmãos que tateiam
livros, vasos, flores,
Segregados em rude
solidão...
Anseiam abraçar amigos
que aparecem
Mas estão cegos de
visão.
Diversos companheiros
vi, de perto,
Mostrando no silêncio
Raciocínios agudos...
Pretendem dialogar,
trocando ideias,
Entretanto, estão mudos.
Abeirei-me de muitas
criaturas
Em estradas e ermos
esquecidos
Aguardando o socorro que
não vem...
Recordam com saudade os
entes que mais amam
E não surge ninguém!...
Reflete nos irmãos, em
grandes provas,
Que vivem sem a mínima
esperança,
Da esperança que adoça
os dias teus...
E, louvando a Rotina que
te Guarda,
Rende Graças a Deus!...
Do livro Dádivas de
Amor, obra mediúnica
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier.
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