O leitor Fernando A.
Valente, do Rio de Janeiro,
RJ, em mensagem publicada
nesta mesma edição na seção
de Cartas, escreveu-nos o
seguinte:
Reportando-me à resposta
dada à leitora Regilda
Medeiros, a respeito dos
efeitos do alcoolismo,
gostaria de saber como um
Espírito age para que alguém
seja induzido a beber e, no
caso do tratamento do
alcoolismo, que medidas os
espíritas recomendam.
A melhor descrição a
respeito da ação de um
alcoólatra desencarnado
sobre uma pessoa que também
bebe é-nos dada por André
Luiz no capítulo VI, págs.
51 a 55, do livro Sexo e
Destino, obra mediúnica
psicografada pelos médiuns
Francisco Cândido Xavier e
Waldo Vieira.
Assim relata André Luiz, em
seu livro acima citado, o
caso Cláudio Nogueira:
– Estando Cláudio sentado na
sala de seu apartamento,
aconteceu de repente o
imprevisto. Dois Espíritos
vistos à entrada do
apartamento penetraram a
sala e, agindo
sem-cerimônia, abordaram o
chefe da casa. "Beber, meu
caro, quero beber!", gritou
um deles, tateando-lhe um
dos ombros. Cláudio
mantinha-se atento à leitura
de um jornal e nada ouviu.
Contudo, se não possuía
tímpanos físicos para
registrar a petição, trazia
na cabeça a caixa acústica
da mente sintonizada com o
apelante. O Espírito
repetiu, pois, a
solicitação, algumas vezes,
na atitude do hipnotizador
que insufla o próprio
desejo, reafirmando uma
ordem. O resultado não
demorou. Viu-se o paciente
desviar-se do jornal e
deixar-se envolver pelo
desejo de beber um trago de
uísque, convicto de que
buscava a bebida
exclusivamente por si.
Abrigando a sugestão, o
pensamento de Cláudio
transmudou-se, rápido:
"Beber, beber!...", e a sede
de álcool se lhe articulou
na ideia, ganhando forma. A
mucosa pituitária se lhe
aguçou, como que mais
fortemente impregnada do
cheiro acre que vagueava no
ar. O Espírito malicioso
coçou-lhe brandamente os
gorgomilos e, ato contínuo,
indefinível secura lhe veio
à garganta. O Espírito,
sagaz, percebeu-lhe, então,
a adesão tácita e colou-se a
ele. De começo, a carícia
leve; depois da carícia, o
abraço envolvente; e depois
do abraço, a associação
recíproca. Integraram-se
ambos em exótico sucesso de
enxertia fluídica.
Produziu-se ali – refere
André Luiz – algo semelhante
ao encaixe perfeito.
Cláudio-homem absorvia o
desencarnado, à guisa de
sapato que se ajusta ao pé.
Fundiram-se os dois, como se
morassem num só corpo.
Altura idêntica. Volume
igual. Movimentos
sincrônicos. Identificação
positiva. Levantaram-se a um
tempo e giraram
integralmente incorporados
um ao outro, na área
estreita, arrebatando o
frasco de uísque.
Não se podia dizer a quem
atribuir o impulso inicial
de semelhante gesto, se a
Cláudio que admitia a
instigação, ou se ao
obsessor que a propunha. A
talagada rolou através da
garganta, que se exprimia
por dualidade singular:
ambos os dipsômanos
estalaram a língua de
prazer, em ação simultânea.
Desmanchou-se então a
parelha e Cláudio se
dispunha a sentar, quando o
outro Espírito investiu
sobre ele e protestou: "eu
também, eu também quero!",
reavivando-se no encarnado a
sugestão que esmorecia.
Absolutamente passivo diante
da sugestão, Cláudio
reconstituiu, mecanicamente,
a impressão de insaciedade.
Bastou isso e o vampiro,
sorridente, apossou-se dele,
repetindo-se o fenômeno
visto anteriormente.
André Luiz aproximou-se
então de Cláudio, para
avaliar até que ponto ele
sofria mentalmente aquele
processo de fusão. Mas ele
continuava livre, no íntimo,
e não experimentava qualquer
espécie de tortura, a fim de
render-se. Hospedava o outro
simplesmente; aceitava-lhe a
direção; entregava-se por
deliberação própria. Nenhuma
simbiose em que fosse a
vítima. A associação era
implícita, a mistura era
natural. Efetuava-se a
ocorrência na base da
percussão. Apelo e resposta.
Eram cordas afinadas no
mesmo tom.
Após novo trago, o dono da
casa estirou-se no divã e
retomou a leitura, enquanto
os Espíritos voltaram ao
corredor de acesso,
chasqueando, sarcásticos.
Concluindo, não podemos
deixar de enfatizar que o
indivíduo citado (Cláudio
Nogueira) acabara de beber,
candidamente, dois tragos de
uísque sem perceber – muito
menos imaginar – que alguém,
invisível aos seus olhos,
bebia com ele.
Quanto ao tratamento do
alcoolismo, dada a extensão
e a relevância do assunto, o
tema será examinado nesta
mesma seção em nossa próxima
edição.
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