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Crônicas e Artigos

Ano 9 - N° 423 - 19 de Julho de 2015

JANE MARTINS VILELA
jane.m.v.imortal@gmail.com
Cambé, PR (Brasil)

 

 

Encontro programado


Vemos no capítulo XIV, Honrai a Vosso Pai e Vossa Mãe, d’ “O Evangelho segundo o Espiritismo”, no último parágrafo do item 9, de Santo Agostinho, que a semelhança de gostos, a identidade de progresso moral e a afeição levam os Espíritos a se reunirem, formando famílias. Esses mesmos Espíritos, em suas migrações terrestres, se procuram para se agruparem, como o fazem no espaço, daí nascendo as famílias unidas e homogêneas; e, se em suas peregrinações estão momentaneamente separados, reencontram-se mais tarde, felizes com os novos progressos.

Na questão 890 de “O Livro dos Espíritos”, os Espíritos dizem, e, de fato, todos os que amam os filhos, principalmente as mães, o sabem: o amor materno persiste por toda a vida e comporta um devotamento e uma abnegação que constituem virtudes, sobrevivendo mesmo à própria morte, e acompanhando o filho além da tumba.

Recordamos uma história que nos foi contada, há poucos dias, por uma jovem senhora de 32 anos, que estava indo de viagem para a Bahia. Essa história é digna de roteiro de filme, difícil de acreditar que ainda aconteça na atualidade, mas aconteceu, o que denota as dificuldades morais ainda vividas no planeta. Ela nos disse que estava indo para conhecer a mãe biológica que morava lá. Fora criada aqui no Paraná por seu pai, que a trouxe aos quatro anos de idade, juntamente com o irmão mais velho, com seis anos nessa época. Seu pai, que vivera com sua mãe alguns anos, sem um casamento oficial, casou-se aqui. A madrasta, sua grande e querida amiga, a criou desde então e a seu irmão. Cresceram ouvindo do pai que sua mãe os abandonara, não os quisera e, por isso, ele deixou a Bahia e veio para o Paraná. Há poucos dias, no entanto, a madrasta lhe passou o telefone da mãe, que ela descobrira. A jovem ligou para a Bahia e pediu para chamarem aquela que seria sua mãe biológica. Suas pernas foram “amolecendo”, enquanto esperava. Ao ouvir a voz do outro lado: “Quem fala?”, teve forças de reagir e perguntou por sua vez: – “A senhora sabe quem está falando aqui?”. Ouviu: – “Sei. É minha filha. Esperei esse telefonema a vida toda”. Ela perguntou à mãe por que os abandonara, não os quisera... A mãe lhe disse que sempre os amara de todo o coração. Nunca os abandonara. O pai e ela se desentenderam certo dia e ele ameaçou-a dizendo que nunca mais iria ver as crianças. Ela não acreditou, pensou que era uma ameaça de um momento de raiva e que aquilo passaria. Mas ele sumiu com os filhos. Ela foi à polícia, procurou por eles em todas as cidades em volta e não os encontrou. Desde então orava e aguardava, pedindo a Deus que os reunisse de novo. E Deus atendeu suas preces. Ali estava ela, ao telefone.

Esta jovem senhora perguntou ao pai sobre a verdade, agora que ela sabia de tudo. Ele confirmou a versão da mãe biológica. O bom de tudo é que a jovem senhora e o irmão, sabendo disso, não guardaram mágoa do pai, continuaram a amá-lo e, pela madrasta, a grande amiga, tinham profunda gratidão. A emoção deve estar sendo grande, pois agora ela está lá. Sua avó materna guardara as fotografias dela e do irmão, daquela época seus dois primeiros netos. Ela levou consigo a filhinha de 2 meses e o marido para conhecerem a família de lá. O irmão irá depois.

Os Espíritos que se amam se buscam, se procuram e, a despeito dos erros humanos, o grande amor de Deus une sempre. A espiritualidade superior deve ter trabalhado muito, influenciando a madrasta a esclarecer a história, que ela conhecia há anos, mas temia contar a verdade com medo de perder os filhos que criara com tanto amor. O amor, no entanto, vence sempre, e seus filhos do coração a compreenderam e amam. A mãe biológica orou por toda a vida, numa provação difícil, separada dos filhos que amava. Agora a provação terminou. Tudo dá certo sob a proteção de Deus. O amparo divino é permanente, e o pai poderá quitar seu débito enquanto ainda encarnado, pois a mãe biológica é um Espírito que já o perdoou. Como ele confessou seu erro, isso denota um arrependimento, que abrirá caminho para a sua redenção. Terá que trabalhar por isso, como Espírito, com a chance ainda aqui, antes de desencarnar. Deus é Pai de infinito amor e o amor vence uma multidão de pecados, como dizia o apóstolo Pedro.


 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita